Em operações de resgate aéreo, balançar as asas do avião é sinalizar que uma mensagem foi recebida e entendida pelo piloto da aeronave.
Parece ser isso o que faz hoje, na Folha, o Tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior ao responder sem rodeios à pergunta do jornal sobre se os comandantes militares “vão prestar continência se Lula ou qualquer outro for presidente“.
— Lógico. Nós somos poder do Estado brasileiro. A continência é um símbolo. Quando a gente entra nas Forças Armadas, a gente aprende que ela visa a autoridade. Nós prestaremos continência a qualquer comandante supremo das Forças Armadas, sempre.
É, ainda que óbvia, uma resposta direta o suficiente para mostrar que as Forças Armadas não não estão dispostas a embarcar em aventuras capitolísticas diante da provável derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, como há havia destacado o mesmo jornal, ao dizer, duas semanas atrás que o afastamento de militares de Bolsonaro é sinalização a Lula.
Batista Junior poderia ter dado voltas, falado que as “Forças Armadas tem seu papel definido na Constituição”, patati e patatá. Nos mesmos códigos de sinalização aeronáutica, dar voltas de 360° significa que a mensagem não foi entendida.
Há, nitidamente, a impressão, tomara que verdadeira, de que a cúpula dos oficiais da ativa querem sair de mansinho do desvio institucional em que os militares que viram em Bolsonaro o caminho para o mando sobre o país.
A menos que se queira uma guerra de destruição, onde riscos e perdas importem menos que a preservação de forças, a retirada, ocorre quando “numa batalha perdida as forças de um exército ficam alquebradas, as morais em maior grau que as físicas” – dizia Von Clausewitz em seu clássico Da Guerra, “continua até ao ponto em que é restaurado o equilíbrio de forças”.
Se os comandantes militares compreenderem que o desequilíbrio a que Bolsonaro levou as Forças Armadas é uma derrota, não uma vitória, o equilíbrio virá.