Começa hoje – e certamente não termina hoje – o julgamento do Brucutu bolsonarista Daniel Silveira.
Nem mesmo deveria acontecer no Supremo Tribunal Federal, pois o ex-cabo da PM – “famoso” por quebrar placas com o nome de Marielle Franco e por aterrorizar alunos do Colégio D. Pedro II -deveria, a esta altura, já ter tido seu mandato cassado porque é evidente que a inviolabilidade do mandato parlamentar não dá cobertura a fazer ameaças como a de “dar uma surra de gato morto” em ninguém, menos ainda em um ministro do STF.
Isto não é “liberdade de opinião”.
Na Câmara de Arthur Lira e do bolsonarismo, porém, ninguém perderá mandato por isso.
Portanto, conta ele com o foro privilegiado no tribunal que queria invadir.
E pior, no Supremo Tribunal Federal, ao menos dois ministros “terrivelmente submissos” a Jair Bolsonaro, já se tem como certo, farão o possível e o impossível para salvaguardar do Brucutu.
A tal ponto que, noticia-se, os demais ministros, frente a um provável pedido de vistas a ser feito por André Mendonça – Kássio Nunes Marques, como revisor, não poderia fazê-lo – pretenderiam antecipar seus votos e, assim, isolar politicamente a dupla bolsonarista.
Temos, assim a harmonia da vergonha entre os três poderes: O Legislativo, convertido em valhacouto de um valentão metido a espancador; o Executivo, que o patrocina, e o Judiciário que se submete ao vexame de, entre seus próprios ministros, quem esteja disposto a acobertar uma surra, como ontem um ministro do Superior Tribunal Militar fez, ao dizer que as torturas da ditadura sequer eram capazes de estragar sua Páscoa.
A famosa frase de que bastariam um cabo e um soldado para fechar o STF se vê convertida em que para humilhar a Suprema Corte basta o cabo Silveira e os dois soldados togados do bolsonarismo.