Brigas entre torcidas no futebol são deploráveis e precisam ser não apenas evitadas, mas punidas.
Mas nunca devem servir para demagogia nem preconceito, como fez hoje o Financial Times, logo cedo, ao se aproveitar dos incidentes do jogo entre Atlético Paranaense e Vasco para dizer que os “hooligans” brasileiros mostravam “a cara feia” de um problema sério do nosso país.
Ora, “hooligan” é coisa vinda da mesma Inglaterra do Financial Times e se tornou uma palavra mundialmente conhecida nosesportes depois que torcedores ingleses provocaram uma briga na Copa dos Campeões europeia, num jogo realizado na Bélgica, entre o Liverpool e os torcedores do Juventus, italianos.
Mas, como dizia minha avó, o castigo vem a cavalo.
No mesmo dia de hoje, italianos e holandeses se enfrentaram antes do jogo entre Milan e Ajax, em Milão. Seis holandeses ficaram feridos, três deles a facadas e um em estado grave. Houve outros feridos sem gravidade.
A brutalidade entre as torcidas de futebol é universal, embora isso não a faça menos detestável.
Fazer demagogia com isso e, sobretudo, pretender apresentar o Brasil como um país de selvagens é uma estupidez.
Ontem, a Folha fez isso dando um tom sensacionalista a uma preocupação correta – mas mal expressa – de uma socióloga que reclamou do mesmo que se reclamou aqui: a ausência da força pública dentro de estádios “privatizados”.
Os europeus, não têm mais capacidade, civilidade ou eficiência que os brasileiros para organizar eventos.
O que eles têm é mais dinheiro.
Isso faz diferença, é claro.
Mas não os faz melhores.
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Essa violência nos estádios é apenas reflexo da violência que impera no mundo. Pessoas tensas e desesperadas com a espoliação que o capital lhes impõem (embora nem todas estejam conscientes disso), o que é uma violência brutal contra suas vidas, acabam reagindo dessa maneira. Claro que é preciso encontrar soluções no aqui-agora, mas sem perder de vista a real causa das reações violentas: a violência que somos obrigados a engolir dia após dia dos representantes do capital, da chefia imediata aos bancos que tudo controlam.
Um ser humano que agride outro, por causa de um jogo de futebol, tem que ser alguém muito sem perspectiva na vida. Entendo alegria e tristeza, porque ganhou ou porque perdeu, mas daí bater em alguém? O que o resultado de um jogo muda na vida do cidadão? Pode mudar a vida de um jogador, mas de um cidadão, não muda nada.
Pois é, então é melhor bater no peito e falar que somos tão bárbaros quanto a Europa? A irracionalidade, e estupidez dos torcedores é igual em todo lugar e deveria ser combatida sem dúvida.
mas alguém toma uma facada, e ninguém se preocupa ou dá a mínima a este fato, e pior, ainda faz troça disto. É mais importante dizer que a mídia europeia está em contradição, ou que um castigo divino os abateu...
"O castigo"! Este jornalista acredita em Karma? que raios é isto!?
O castigo não às pessoas, é obvio, mas à arrogância.
eu li vários sites internacionais criticando o Brasil numa mistura de preconceito e inveja para com o nosso país. E agora em uma única semana vemos torcedores se esfaqueando na Itália (selvagens?) e uma grua caindo sob um supermercado na Alemanha (incompetentes?). Enfim, esse é o mundo hipócrita em que vivemos. PS.: Bom foi ouvir hoje do simpático presidente francês um parabéns antecipado ao Brasil pela excelente copa do mundo de 2014... Um mundo com mais Hollandes e Dilmas e menos urubus e faceburros seria muito melhor...
O Financial Times nem mais sabe o que acontece na Europa. Só tem olhos para o Brasil. E o exemplo que pegam, do "imagine na Copa", foi uma bandeira que nem existe mais. Estão atrasados com os chavões da direita. Agora, é "Matem e esfolem".
A Person, que detém boa parte das ações do F.T. acaba de investir R$1,7 BILHÕES no Brasil. Eles adquiriram o grupo Multi, que inclui vários cursos de línguas (Wizard, entre outros), com um total de 800 mil alunos. A Person avalia o potencial brasileiro em 20 milhões de alunos. Demonstra confiança nas oportunidades geradas pela Copa e pelas Olimpíadas. E, de quebra, afirmou que o ambiente de negócios está "fraco" nos EUA e U.E..
Então, ficamos assim: enquanto oFT recomenda aos investidores internacionais que "fujam" do Brasil, o seu grupo demonstra confiança no país. A imprensa só falou disso nas seções de economia, é óbvio...
Os inglese como sempre,se acham os mais "civilizados" do planeta terra.O que fizeram com um trabalhador brasileiro que por lá foi fazer um serviço que talvez eles não fazem.Jean Charles foi EXECUTADO de modo cruel e selvagem pele polícia inglesa.