Uma reportagem de O Globo mostra hoje o “milagre” do grande número de inscrições para ocupar as vagas dos cubanos no “Mais Médicos”. Pois elas, em boa parte, estão sendo ocupadas por médicos que já atuavam no mesmo segmento de Saúde da Família, o que significa que apenas se muda de lugar a carência de profissionais de saúde.
Na Bahia, 53% dos cerca de 750 médicos selecionados com nomes divulgados entre os gestores trabalhavam na rede de saúde de outros municípios. No Rio Grande do Norte, essa taxa atingiu 70,5% entre os 139 profissionais alocados no estado. A Paraíba detectou que 60% de 128 médicos que se apresentaram para ocupar vagas deixadas por cubanos estão saindo de seus postos nas equipes de Saúde da Família.
Ponha aí as desistências – que anda, segundo o portal Terra, na faixa de 20% – e a tendência ao regresso do segundo problema apontados pelos especialistas como embaraço ao sucesso dos programas de Saúde da Família, que é a rotatividade dos médicos dedicados à atenção primária e teremos a substituição de seis por bem menos de meia-dúzia.
Os secretários apontam a migração dos médicos, que pode explicar em parte o suposto sucesso da seleção alardeado pelo governo, que anunciou preenchimento de 97,2% das vagas em apenas seis dias, apenas como uma transferência do problema. Ao mesmo tempo em que preenche os postos do Mais Médicos, o movimento dos profissionais abre novas frentes de desassistência na rede regular de saúde.
Infelizmente, demagogia não é remédio para a Saúde. Existe um problema real de incapacidade de formarmos aqui médicos motivados a trabalhar em áreas pobres e/ou remotas em número suficiente. A importação de médicos sempre foi um necessário paliativo, mas o problema só se resolverá com modificações no ensino e na prática médica que estimulem a alocação de médicos onde eles não existiam.
Mas como “a nossa hemácia jamais será vermelha“, estamos caminhando para longe disso, cada vez mais.
Afinal, depois que o nosso futuro ministro da Educação sugere que não se busque a universidade se puder ganhar muito dinheiro como ‘youtuber”, esperar o quê?
View Comments (14)
Aqui,como acolá,em vários lugares,O CURSO DE MEDICINA,para os que entram,tem, em quase totalidade,a intenção de FICAREM RICOS.O resto,são mentiras dos MÉDICOS e dos PUXA SACOS DE MÉDICOS.São meramente,MECÂNICOS DO CORPO.
Tenho um amigo que costuma dizer que a maioria dos médicos se não ficam ricos em 3 anos se consideram mal sucedidos na profissão.
E olha o tipo de médicos que se forma no Brasil. https://twitter.com/i/status/1066443843845771264
Duvido também que esses médicos deslocados, permaneçam em municípios afastados por muito tempo. Só um grande estímulo econômico faria com que houvesse interesse em aceitar esses postos de trabalho. Estímulos que são dados a outros profissionais de outras áreas.
A hemácia jamais será vermelha porque tem um monte de proletário de classe média alta que se acha sangue azul.
Tempos difíceis estes viu, tá feia a coisa no Brasil do golpe e da fraude nas eleições.
O edital era pra proibir essa migração. Mas parece que deixaram a janela de novembro!?!?!? Se eu acreditasse no MPF, diria que os responsáveis pelo edital deveriam ser procurados para dar satisfação...
E quem disse que a direita/liberal está aí com as pessoas, principalmente as mais pobres ? O negócio dessa corja, é GRANA!!! Tuudoo poorr dinheirooo !!!!!
Como dizia o personagem do Chico City : " Eu quero que o povo se exxxplodaaa!!!
A direita nunca gostou de trabalhar, e odeia o trabalhador .
ouvi dizer que pastores estão se deslocando pra lugares mais distantes pra promover sessões de cura. Resolvida a questão.
Há um outro problema, pelo menos onde moro. Os brasileiros que ingressaram no programa eram sempre recém formados, com pouca ou nenhuma experiência. Como se não bastasse, mulheres tem certo constrangimento caso necessitem se desnudarem, mesmo que parcialmente, diante de verdadeiros garotos que, via de regra, permanecem muito pouco tempo em seus postos. Um deles, por exemplo, disse-me, há dois anos, que só estava ali para ganhar um pouco de experiência e "fazer curriculum"
Veja bem, Brito, não é questão de formação, mas de demanda econômica, Lei da Oferta e da Procura. É extremamente difícil conseguir a abertura de novos cursos de medicina, justamente porque os conselhos de medicina não permitem. Afinal, qual outra formação universitária dá praticamente garantia de riqueza a seus egressos? Em qual outra carreira você vê concursos que pagam R$ 12 mil que não têm inscritos?
O Messias quer diminuir o número de ministérios mas ele deveria criar o que será, talvez, o mais atuante: é o MVDM: Ministério do "Vai dar Merda".