O AgoraSP, do grupo Folha, produziu um ótimo guia para que se entenda que um dos maiores golpes da reforma previdenciária, caso aprovada como está, se dá em algo que tem chamado pouca atenção das pessoas. Até porque é algo, por enquanto, imaterial e cujo cálculo nos escapa, por não termos na cabeça os valores de contribuição de 30 anos atrás.
Mas que pode ser aferido, como fez o jornal, a partir dos dados do INSS.
É o confisco de parte dos proventos a que teria direito um trabalhador do setor privado, com o tempo de contribuição exigido hoje ou que irá completar o tempo após a edição de novas regras.
É um corte que vai de 20 a 40% em rendas que, em hipótese alguma, superam os cinco salários de referência do regime do INSS. Na prática, um confisco – ponhamos a média em 30% – no sustento de pessoas que estão longe de serem os “privilegiados” que o senhor Paulo Guedes invoca a todo momento como muleta para suas manipulações.
Mas, até neste guia, as palavras enganam: é melhor dizer que o que se tem hoje é “vantajoso” do que chamar o que vem por aí de “perda”.
Aposentadoria tem cálculo
vantajoso antes da reforma
Clayton Castelani, no Agora SP
O fim da regra 86/96 traz o principal impacto negativo no cálculo após a reforma.
A reportagem simulou exemplos de aposentadorias que poderiam ser concedidas a trabalhadores com idade e tempo de contribuição suficientes para se aposentar antes ou após a reforma.
Isso restringiu os exemplos a cidadãos a partir de 56 anos, no caso de mulheres, e 61, no dos homens.
Essas são as idades mínimas iniciais do período de transição até a implantação das idades definitivas de 62 e 65 anos, para mulheres e homens, respectivamente.
Na regra atual, esses segurados teriam o benefício integral pela regra 86/96, pois alcançam os pontos necessários se forem somadas suas idades aos tempos mínimos de contribuição válidos hoje: 30 anos, para as mulheres, e 35 anos, para os homens.
O cálculo da renda na reforma garante 60% da média salarial para quem cumpre uma carência de 20 anos de contribuição, mais 2% a cada ano a mais de pagamento.
Uma mulher com 30 anos de contribuição, portanto, teria 80% da sua média salarial. Um homem com 35 anos de recolhimentos receberia 90%. Os valores são inferiores aos 100% garantidos pela regra 86/96.
A contagem para se chegar ao benefício também é desvantajosa na nova regra quando ela é comparada à da atual aposentadoria por idade, pela qual o governo paga 70% da média salarial para quem completa 15 anos de contribuição e acrescenta 1% para cada ano a mais de recolhimentos ao INSS. No mínimo, os segurados somam 85%.
Com 20 anos de contribuição, o beneficiário teria hoje 90% da média salarial, contra os 60% após a reforma da Previdência.
PS. O gráfico acima não considera a redução da média de cálculo para a fixação de proventos, que cai 20% com a utilização de todo o período contributivo e não a regra atual, que despreza os 20% de menores contribuições, em geral no início do período laboral.
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leio muito por aí a alegação dos tais cortes de privilégios, os idiotas acham que essa deforma atinge judiciário, politicos e altos funcionários públicos - é o que dá de ouvir e deduzir sem verificar - essa gente apoia o carrasco que está com a corda na mão pra fazer o enforcamento
O preconceito emburrece.
É uma espécie da lavagem cerebral, que faz com que as pessoas, inconscientemente, se recusem a ouvir os argumentos das pessoas contra as quais alimentam preconceitos, acreditem instantaneamente em tudo que dizem contra elas e bloqueiem completamente seu senso de crítico, para não perceberem os absurdos nos quais acreditam.
O ódio que a grande mídia alimentou contra o PT e a esquerda criou tamanho preconceito na cabeça de boa parte das pessoas, ricas e pobres, que eles se tornaram, literalmente, idiotas no que diz respeito à política.
Por isso vemos tantas pessoas, inteligentes em outros assuntos, acreditando que coisas como a reforma trabalhista, a reforma da previdência, o congelamento de gastos em educação, saúde e segurança, o combate da violência com mais violência, o armamento da população, o desinvestimento em educação, a governança tendo como base crenças judaico-cristãs-ocidentais e outros absurdos vão fazer o Brasil melhorar.
verdade
acabei de ler um comentário que o governo tá certo de cortar verbas das Universidades, disse a pessoa que é o ensino básico que tem que ter atenção e onde o traste vai colocar $$$ - é burrice que fala né?
Cortou 2 bilhões e meio do ensino básico
Quem esclarece isso muito bem é o Eduardo Moreira. Só ver os vídeos dele. Também a Maria Lúci, o Prof Eduardo Fagnani, a Prof Denise Gentil, o economista Paulo Kliass
É um embuste brutal imposto aos trabalhadores brasileiros pelos que insistem em raspar um tacho que não traz mais qualquer esperança de ficar cheio novamente. Toda aparência de prosperidade que ainda exista é apenas gordura acumulada durante os governos petistas, que está sendo queimada velozmente em todos os cantos e em todas as atividades do país. Isso se reflete em uma urgência que se sobrepõe a tudo o mais: O Brasil está derretendo, estamos à beira do colapso econômico generalizado, onde nem sequer discussões sobre aposentadoria terão mais qualquer cabimento.
verdade
Concordo!
Brito, tem mais uma sacanagem nisso. Na regra atual, o benefício é calculado considerando as 80% maiores contribuições atualizadas, contadas desde julho de 1994. Na regra da reforma, vão ser consideradas TODAS as contribuições, durante TODA a vida laboral do trabalhador.
Isso significa que gente que, como eu, começou a trabalhar ganhando pouco mais de dois salários-mínimo (na época em que o mínimo valia uns 80 dólares), mas melhorou e duas décadas depois (mas antes de 1994) já contribuía sobre o teto, vai ter um rebaixamento imenso no benefício. Hoje minha aposentadoria seria pelo teto, depois da reforma, nem metade.
E eu, como fico nessa história.
Caro Deputado
Segue abaixo um resumo da minha vida pregressa como trabalhador.
Nasci na zona rural, desde cedo comecei a trabalhar na lida diária comum na vida de um trabalhador rural.
Dos 5 aos 14 anos, diariamente levantava entre 4:30 e 5:00 horas da manhã. Tomava um café adoçado com rapadura com um pedaço de broa de fubá e ia para os afazeres diários: tirar leite, tratar dos animais, (vaca, galinha, porcos,...), ir para a escola a pé e descalço – distante a 6 km. De volta das aulas, almoçava e ia em busca de alimentos para os animais no dia seguinte, descascar e debulhar milho na mão, levar ao moinho d’água recolher o fubá, cortar inhame e cozinhar para os porcos, separar os bezerros das vacas,...
Dependendo da época do ano as atividades se dividiam entre conciliar o diário com plantações de milho, arroz, feijão, cana, café, hortaliças e cuidados para o desenvolvimento das plantações, tais como carpina, estercos. Por fim a colheita dessas culturas e a produção de rapadura e melado. Tudo isso só com tração animal. Normalmente dormíamos por volta de 19:30 mas, no período da colheita de feijão o trabalho se estendia até às 22:00 envolvidos na catação de feijão para ser embarcado para o Rio de Janeiro – RJ.
Aos 11 anos, na tentativa de fazer a 5ª Série no período noturno em um colégio particular, (o Colégio Estadual, melhor da região, “tinha seleção” e só entrava filho de doutor), depois da aula que terminava às 22:30 ia fazer faxina nas salas de aula como pagamento por estar lá estudando como “bolsita”. Foi frustrante acabei reprovado e descartado.
Dos 15 aos 19 anos frequentei um colégio interno estudava, cuidava da limpeza do prédio, cozinha, campo de futebol, horta, pomar, granja, reformas e outros diversas atividades junto com os outros internos. Foi muito bom.
Meu primeiro registro em carteira de trabalho foi em 22/12/1975. Já se foram 43 anos. Trabalhei na iniciativa privada 19 anos e seis meses, como servidor público 5 anos. O resto dos anos trabalhei sem registro em diversas atividades, só que o que eu ganhava não me permitia pagar INSS. Tinha que optar entre minha sobrevivência e a sobrevivência de meus familiares. Durante a vida de trabalhador, tirando as letras K, Y e W exerci atividades de A a Z. de agricultor a zelador. Hoje sou doméstico, cuido de limpar casa lavar louças, ir ao mercado, à farmácia, padaria,... para ter onde comer, morar e ganhar R$200,00 por mês para comprar remédios, ganho ainda roupas calçados e se precisar alguma complementação financeira para cobrir minhas despesas. Tá bom demais pois já tenho 62 anos, 70% de perda auditiva, tomo remédio controlado para dormir.
Por fim caro deputado, meu sonho de me aposentar em 2022 está comprometido com as decisões que esta casa legislativa, provavelmente com o seu voto ou sua incapacidade de mobilizar as massas para impedir essa crueldade. Por 40 milhões de reais muitos de vocês vão votar a favor da reforma da previdência. A metade desse valor é suficiente para lhe render mais de 200 mil reais por mês. Não precisam nem se preocupar em reeleição. Mas meu caro deputado por que não muda de atitude e represente de fato o povo não o mercado? Antes de pensar numa reforma da previdência têm-se que fazer uma CPI da dívida interna, cobrar dívidas ativas, acabar com subsídios, uma reforma fiscal e bancária ampla e anular a reforma trabalhista que deixou muita gente desempregada, ao contrário do que prometiam além de retirar receita da previdência. Caro deputado o que faz a economia girar é o dinheiro do pobre, aposentado, do trabalhador, comércio, pequenas e médias empresas,... é um dinheiro que vai para o consumo, volta para a produção e cria emprego que é de fato o que vai aumentar a receita em geral e principalmente a receita da previdência e assim sucessivamente, como uma bola de neve, a economia continuará crescendo, crescendo sem causar nenhum sobressalto pois a bola será estabilizada com uma boa distribuição de renda, políticas sociais, escolas de qualidade, universidade para todos. E como a falta de receita precisa ser revertido imediatamente, a saída seria uma CPMF para cobrir o rombo da previdência. Façam os cálculos, 3% de CPMF? São covardes ou tem medo do mercado por que é a eles que servem? O povo que se lasque?
Atenciosamente, Sr. José.
Rio de Janeiro, 09 de maio de 2019.
O argumento de Paulo merdes e bolsolixo é a seguinte: "aceitem nossas convicções que mesmo assim arruinaremos com as poucas garantias e direitos que ainda lhes restam, povo brasileiro, como vocês são alienados e conformistas, vamos fazer de tudo pra acabar com vocês. Somos da escola lixo de Chicago ultra direita liberal, pautada na destruição das famílias, no preconceito, na opressão, no ódio e na mentira. Somos assim e vocês vão engolir".