O Congresso do Centrão: “Mateus, primeiro os meus”

O auxílio emergencial ficou da semana para esta por conta da prisão do valentão Daniel Silveira.

E desta para a próxima, porque o Câmara dos Deputados parou tudo para votar – sem passar por comissões ou por qualquer debate razoável, uma emenda constitucional para liberar os deputados de extrema-direita de qualquer punição pregarem abertamente o fechamento do Supremo e até, como fez Silveira, “dar uma surra de gato morto” em integrantes de outro poder.

Sim, os modos dos nossos parlamentares mudaram muito desde os tempos em que se dizia haver ali o “clube amável do Congresso”, onde os “Sua Excelência” trocados amenizavam as discussões sobre os ferozes problemas. Mas nunca tivemos problemas deste tipo, até porque tumultuadores como o bombadão tínhamos poucos e se anomalias aconteciam eram pelo contrário, a leniência com o principal deles, o próprio Jair Bolsonaro.

Pois jamais contra ele se tomou qualquer medida, apesar dos “você merecia ser estuprada”, ou pelo “fuzilar uns 30 mil” ou ainda o “quem gosta de osso é cachorro”, dito quando se encontraram ossadas de desaparecidos da ditadura.

A imunidade parlamentar é política, não cível ou criminar. Ameaçar fechar tribunais ou surrar pessoas, mesmo que dito de forma a que pareça “ficção” – “eu tive um sonho onde eu estava torturando você, lentamente, cortando um por um seus dedos, e era aplaudido a cada um que era arrancado, mas isso é só um sonho, não dá processo”- não tem cobertura da imunidade.

Os deputados argumentam que isso pode e deve ser coibido pela Comissão de Ética da Câmara. Hein? Alguém acha que Silveira ia parar na Comissão se não tivesse havido a prisão pelo STF. Se tem dúvidas, recorde da Deputada Flordelis, que exerce o mandato normalmente, sem nenhuma restrição ou peso senão o da tornozeleira que carrega na canela.

A possível votação, a toque de caixa, da “Emenda Brucutu” na Câmara é só mais um passo na degradação do Legislativo e uma confirmação da constatação de Ulysses Guimarães que que, se a gente acha ruim o nível do Congresso deve esperar para ver que, na legislatura seguinte, será ainda pior.

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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