O conservadorismo medieval de nosso Judiciário

Os jornais noticiam hoje a prisão de Roberto Jefferson quase com candura. Afinal, é seu heroi. O seu depoimento é praticamente a prova única para a condenação de vários réus.

Barbosa esticou a sua prisão até o limite tolerável, mais de 3 meses, causando um constrangimento generalizado, porque seria o enésimo sinal de que perseguia os petistas, cuja prisão fez questão de ser um espetáculo nacional, num feriado de 15 de novembro, com presença de todas as emissoras de TV.

Entretanto, a não concessão de prisão domiciliar para Jefferson, que se recupera de um gravíssimo câncer no pâncreas, revela o caráter sempre cruel da Justiça brasileira.

A troco de quê não conceder prisão domiciliar para Jefferson, se é sabido que ele precisa de alimentação especial? Para encher mais ainda as prisões?

O Judiciário brasileiro parece que deu um cavalo de pau na direção da Idade Média. Em todo mundo civilizado, tem havido uma enorme expansão das penas alternativas, das prisões domiciliares, para esvaziar as cadeias, que deveriam abrigar somente criminosos que representem perigo à sociedade, como assassinos, sequestradores e estupradores.

Aliás, é justamente isso o que acontece. O mesmo Judiciário que faz questão de manter homens doentes como Jefferson e Genoíno dentro de uma prisão, mesmo que num regime semi-aberto, solta assassinos perigosos, como o sujeito abaixo. Por falta de vagas.

A imprensa, que deveria denunciar essas arbitrariedades, continua tão embriagada com o sentimento de vingança experimentado pela prisão dos réus petistas, que não disse nada, não fez um protesto, diante da descoberta de que o Judiciário negou prisão domiciliar a um tetraplégico, preso na Papuda!

Não disse nada porque, em seu delírio persecutório, achou que, se denunciasse o Judiciário, estaria beneficiando Genoíno? E para isso prefere rifar o mais básico humanismo, pilar de toda democracia e, teoricamente, de toda imprensa livre?