Prezada presidenta Dilma, caros governadores, estimados prefeitos, descobri a solução para a crônica falta de recursos para melhorar os serviços públicos no Brasil.
Distribuir o livro da Claudia Wallin, “Um país sem excelências e mordomias“, para todos os brasileiros.
Distribuir nas escolas e nas universidades.
Distribuir nas repartições públicas, especialmente naquelas do Judiciário.
Distribuir para cada um dos parlamentares.
É preciso, além disso, que a TV Brasil faça uma série de documentos com base nas informações do livro de Claudia Wallin.
Publicado, há apenas alguns meses, pela Geração Editorial, o livro é um murro na cara de uma sociedade cujos servidores públicos tornaram-se viciados em luxos e privilégios.
Nem é o caso de lembrar que a Suécia é pequena e o Brasil, grande. Isso vale para sermos um pouco mais compreensivos em relação à precariedade dos serviços públicos aqui, ok. É mais difícil dar médico para 200 milhões de habitantes do que para 9 milhões.
No entanto, sendo o Brasil infinitamente mais pobre que a Suécia, em termos de renda per capita e arrecadação per capita, as lições suecas de economia valem perfeitamente para nós.
Na Suécia, nenhum servidor público tem carro com motorista, secretária particular, exército de assessores, auxílio paletó, etc.
Todos pagam suas refeições com seus salários, que são modestos.
Os auxílios para moradia são modestos, e a pessoa morar com o conjuge, este paga metade.
Não há jatinhos para ninguém.
Se o servidor pegar um táxi ao invés de tomar o metrô ou ônibus, e pagar com dinheiro público, é recriminado pela mídia e pelas autoridades.
Não existe isso de deputados e juízes aumentarem seus próprios salários. Há comissões independentes para cuidar desse tipo de coisa.
Se quisermos um país melhor, teremos que discutir uma redução drástica dos luxos e privilégios de setores do Estado que parecem ver a si mesmos como uma casta à parte, superior à sociedade.
Na Suécia, ninguém é melhor que ninguém. O primeiro ministro vai para a fila de ônibus, lava e passa suas roupas e prepara a comida para seus filhos.
Não existe empregada doméstica na Suécia. Muito menos paga com dinheiro público. O Estado paga a faxina de um apartamento funcional de parlamentar apenas uma vez ao ano. O resto do tempo ele mesmo tem de limpar a sua casa.
Nas cidades, vereadores não recebem salários, apenas ajuda de custo, e continuam trabalhando em seus antigos empregos. Não tem assessores nem gabinetes: trabalham em casa.
Até alguns anos, os parlamentares da Suécia dormiam em sofás camas em seus próprios gabinetes.
Quanto poderíamos economizar, de fato, se fizéssemos uma revolução nos gastos com servidores?
Centenas de bilhões de reais por ano?
Isso não implicaria em redução da qualidade dos serviços. Ao contrário, ao invés de pagar almoço grátis para servidores, modernizaríamos o atendimento ao cliente.
Ao cabo, a qualidade de vida iria melhorar para todo mundo, até mesmo para o servidor público, que teria menos luxo, mas viveria num país muito melhor.
Temos que nos livrar, de uma vez por todas, da pecha de país onde governantes empregam parentes, tem vida luxuosa, e constroem aeroportos, com dinheiro público, apenas para uso pessoal.
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Como é o nome do Livro.
Toda a esquerda deve ler.
Toda a mídia deve difundir.
Caro Fernando,
Se é pra fazer a crítica, que concordo inteiramente, é necessário apontar os setores do serviço público onde esses privilégios ocorrem, porque eu, como professor universitário do sistema federal, não tenho nenhum desses privilégios, não os quero, batalho para melhorar o sistema, mas me me vejo atingido pelo rótulo "servidor público". Se os professores do ensino básico souberem que são servidores públicos então... Sei que falou em setores...
Então, vamos nomear os setores? Pois a desigualdade entre os setores é abismal e, regionalmente, é uma via láctea.
Isso está implícito, Fernando. Os maiores luxos estão na cúpula do setor público, sobretudo no Judiciário e no Legislativo.
Acho que esse seria um projeto que, de forma única, uniria esquerda e direita. E acho que teria o apoio até mesmo dos funcionários públicos, já que, além de uns poucos privilegiados, os demais precisam se virar apenas com seus salários, sem auxílio isso, auxílio aquilo.
Isto reforça a necessidade de uma constituinte exclusiva.
Onde que os parlamentares criariam uma comissão externa para controle do próprio salário, só num país desenvolvido, com uma mídia minimamente comprometida com a sociedade e não somente com o capital.
Acrescentando, aqui na Austrália os parlamentares usam carro próprio e não tem motoristas e mais, o salário médio no serviço público é 30% menor que o salário médio na iniciativa privada, para cargos semelhantes). Nao ha secretarias a nao ser para os Presidentes das empresas. Em muitas delas nem os diretores tem direito a secretarias. Carro e motoristas, nem pensar.
Ora senhor Miguel do Rosario, nem a classe média, mesmo a mais remediada, vive sem empregada doméstica semiescrava. Nosso padrão de comportamento é patriciado romano. Não chega nem a burguesia urbana. Voce imagina uma dona de casa, classe media remediada se deixando fotografar para qualquer coisa segurando um aspirador de pó?
Por outro lado, "Menas" Batista com essas conversas de suécia. São 200 familias que mandam lá, tem livros sobre o assumpto sugiro pesquisar. Garanto que nenhum membro de uma dessas duzentas pega na enxada, mon fils! A turma aqui está certa, ou todos se locupletam ou restabeleça - se a moralidade . Passou há pouco na tv a cabo uma série histórica chamada Roma. Lá pode- se ver à exatidão a origem do comportamento do nosso patriciado. Não chegamos nem ao estágio da burguesia urbana. Continuamos no estágio de apropriação dos bens públicos por nossas famiglias patricias. A diferença entre cá e lá é que, lá, os políticos romanos consideravam sua obrigação manter o povo feliz ( senão qual a razão para ter governo?). Aqui nosso patriciado adotou o padrão do déspota oriental contemporaneo dos romanos para quem a idéia de manter o povo feliz era tão estranha quanto comer cachorro quente (no caso deles o cachorro é literal) afinal quem deve manter os governantes felizes é o povo. Por isso podemos grilar terras públicas à vontade, construir aeroportos no quintal de casa com dinheiro publico, fraudar licitações de trens e deixar o povo sem agua. Aleluia!
A isso se chama patrimonialismo.
Para quem quiser se aprofundar no assunto recomendo o Faoro, Os donos do Poder, e, também, um ensaio do Paul Veyne no 1º volume da coleção A História da Vida Privada.
É a nossa praga!
Que glória, xoque de jestão nas páginas do tijolaço. Pena que não fez as contas: as mordomias do "cafezinho" se cortadas todas, incluindo a demissão de todos os funcionários da adm direta federal, não chegaria a 5% da arrecadação federal. Isso não significa que as mordomias da presidenta, dos ministros e outros acólitos não devam ser cortados. Só que acreditar e veicular que esses cortes abririam grandes somas de recursos para outros gastos é de um desconhecimento digno da mídia tupiniquim que tanto se critica aqui.
Seu pensamento deveria se expandir, todas as esferas, união, estado e município, legislativo, judiciário e executivo. Cargos de confiança. E não é só a parte financeira, é o exemplo a ser dado aos demais que operam no funcionalismo público. Viagens de deputados pagas, trabalho de políticos de terça a quinta. É muita grana....
Se não me engano, cada Excelentíssimo Senador da República tem direito a 40 ...isto mesmo quarenta acessores...com altos salários, custeados pelo povo. Não importa a SIGLA...se PT, PMDB, PCdo B, PSOL, PP, e por ai vai, todos sem exceção usufruem destes mimos. Sem contar que o dia que nossa Democracia evoluir não teremos mais esta casa -Senado- para fazer o que a Câmara já faz...enrola...Se formos para o Judiciário e o MF, aí é pra chorar né...Minha Casa MInha Toga...banheiro pra ministro do STF caga, com custo de reforma de míseros R$ 60.000,00 e vaso ao simplório custo de R$ 7.000,00...perguntem ao Capitão do Mato o JB...isto é que se chama ter cú de ouro...é mole???
Não adianta colocar a charete na frente do boi. Primeiro o Brasil tem que acabar com a miséria e o analfabetismo. Só depois que podemos discutir Liberalismo.
Há uma realidade gritante entre servidores publicos e ao que se propaga na mídia .... brasil carece de uma grande mudança de comportamento .... acredite .... o problema não está nos servidores publicos.... sim nos donos dos poderes ... inclusive os publicos.... as mordomias se concentram aí e nos antigos servidores publicos que entraram sem concurso mas usufruem de altos salários originados dos direitos adquiridos e incorporados depois da constituicao de 88.
lindo tudo isso. Acho que um partido pode começar a praticar essas coisas. Não há nenhuma lei que o impeça. sugiro ao PT ou ao PSOL, tao bem intencionado, que comece amanhã a fazer isso. Não creio que exista alguma lei impedindo os ditos-cujos de dispensarem as mordomias, ou mesmo manterem um auto-controle rígido sobre cada uso que fizerem. tenho certeza que geraria muito voto e com a internet é possível publicar os resultados próprios. Esperamos que alguém se habilite ...