A crescente “cristianização” de Aécio Neves já salta aos olhos na leitura dos jornais.
(Como eu estou velho, convém explicar que “cristianização” é um termo nascido nas eleições de 1950, quando o PSD abandonou seu candidato oficial, Cristiano Machado)
Serra voltou a movimentar-se com desenvoltura, reativou seus espaços cativos na mídia e deu um leve ânimo aos “comentaristas” políticos – ávidos por alguém que encarne, com o mesmo ódio vigoroso que têm, a oposição ao governo.
E, nisso, reconheçamos: Serra é um mastim, enquanto a Aécio, por mais que se esforce, com uma gritaria contínua, não consegue se livrar de um certo ar de um tão estridente quanto inofensivo poodle.
Parece claro ao “comando marrom” – royalties para Leonel Brizola, que criou essa brincadeira com o “comando vermelho” para a mídia – que Aécio não tem futuro eleitoral, senão o de deixar com que Marina acabe tomando o lugar de candidata da oposição.
E a mídia, responsável pela projeção da figura de Marina, sabe bem o tamanho que ela tem.
Por isso, Serra pôde sair da tumba política, que é, afinal, o lugar onde se retempera e se sente confortável.
Aliás, sai com indisfarçado prazer na execução da primeira parte de sua ressurreição ao mundo político: destruir as veleidades eleitorais dos seus teoricamente “companheiros de viagem” e constrange-los a apoiarem as suas.
O que Serra coloca é claro: se querem um candidato para o enfrentamento, alguém que possa ser capaz de ser um “não” incondicional a “Era Lula” , este sou eu, ninguém mais.
O seu diagnóstico, ontem, sobre as eleições de 2014 é, como raramente acontece, sincero:
– Você pode ter três hipóteses, a grosso modo: manter esse quadro, a meu ver, de incerteza. Pode ter um quadro que apareça basicamente da rejeição política, uma outra tendência. E pode ter uma linha de que precisamos ter gente que saiba fazer acontecer.
O primeiro quadro é a inércia, com uma vitória de Dilma pela indefinição de alternativas viáveis.
O segundo, é o crescimento de Marina Silva ou uma improvável recuperação da imagem moralista de Joaquim Barbosa, atingido em cheio por um canhonaço offshore disparado pela Folha…
E, é obvio, o “precisamos ter gente que saiba fazer acontecer” é ele próprio, Serra.
Ele não pode se dizer favorito, nem ostenta hoje melhores chances que os demais.
Mas é, certamente, a figura capaz de manter alinhados o capital, os políticos, os candidatos e evitar uma debandada pragmática pró-Dilma, porque Marina não tem como acolher, por falta de um “colchão” partidário próprio, a escumalha que vai às eleições apenas para perpetuar posições e interesses pessoais.
Serra é um estigma e sabe disso. Pode até trazer rejeição, mas não é uma marca da qual alguém se livre facilmente, por conveniência política.
Não pode oferecer o triunfo e o botim do Estado, com o que tem hoje. Mas pode dizer que é a única alternativa sólida de que uma aposta no caos econômico, que mude o quadro atual, não venha a trazer situações “inseguras” para a direita.
Serra não é um tolo, um filhinho de papai vaidoso, para quem tudo veio de mão-beijada.
Pode ser um monstro, um megalômano, um tirano à procura de um trono.
Mas o conservadorismo brasileiro não é muito diferente disso e, assim, ele pode apresentar-se como que dizendo :
– Tomem, sou eu o que lhes resta para sobreviver, mesmo que apodrecendo a cada dia.
Ninguém pense que 2010 foi o enterro desta última quimera do neoliberalismo.
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Nesses tempos bicudos, e põe bico nisso, não é demais lembrar: a melhor derrota é a que ocorre com dignidade. Tomara que seja assim.
Nesses tempos bicudos, e põe bico nisso, não é demais lembrar: a melhor derrota é a que ocorre com dignidade. Tomara que seja assim.
Nesses tempos bicudos, e põe bico nisso, não é demais lembrar: a melhor derrota é a que ocorre com dignidade. Tomara que seja assim.
O Povo não trocará o certo pelo duvidoso.
Çerra candidato? Então já podemos discutir 2018?
Ok, para quem joga RPG, alguém precisa encontrar o filactério desse sujeito.