Vocês já repararam que a oposição, no Brasil, nunca diz que “é contra?”
Na campanha de 2010, recordem-se, Serra apelou para “O Brasil pode mais”.
Dizia que poderia fazer mais e melhor.
Quando a memória dos brasileiros lembrava que haviam feito menos, e muito pior.
Agora, a conversa é de que “o modelo está esgotado” e que é preciso partir daqui para um novo, porque este está nos afundando.
O Brasil real, entretanto, vai atravessando- com dificuldades e escoriações, é verdade – o campo minado de uma crise que destroçou a economia mundial, criou centenas de milhões de desempregados e arruinaram as potências mundiais.
S este modelo está esgotado, qual é o que se abre para o país?
Cessar os gastos públicos com programas de transferência de renda?
Revogar a política de investimentos pesados em infra-estrutura, para a qual nunca há dinheiro privado?
Abrir mais ao capital internacional a exploração de riqueza do petróleo, renunciando a fazê-lo, essencialmente, sob o comando da Petrobras?
Retornar a uma diplomacia de submissão, regressando a um alinhamento automático com os EUA.
Acabar com as garantias de aumento real do salário mínimo?
Cortar os subsídios para a habitação popular do “Minha Casa, Minha Vida”?
Todo o discurso fica na “capacidade gerencial”, como se isso aqui fosse apenas um botequim que precisasse de um dono mais organizado.
Este é um país e um país precisa, mais do que de qualquer coisa, de um horizonte, um destino, um sentimento coletivo que o anime e faça caminhar para a frente.
E isso só existe quando este desejo é coletivo e quando se firma uma convicção de que, de fato, podemos e seremos mais.
E este sentimento, de verdade, só surge quando se dá valor e sentido de exemplo e conquista ao que pudemos e somos agora.
Ai, caro leitor e estimada leitora, como seriam as coisas se dissessem que tudo o que vocês conseguiram juntos, está esgotado e mofado, se surgissem algumas dificuldades?
Bem, se fossem os meninos, na sua inexperiência e volúpia, seria o caso de compreensão e diálogo, entendimento.
Mas não são.
Sabem que, abandonando este caminho, todas as portas nos levam ao passado.
Querem que o povo brasileiro dê a mão e siga quem se nutriu e engordou politicamente em uma causa e que, sob a capa do “purismo” renega seus companheiros e vai dar à mão aos piores personagens de nossa história recente, ao que venderam o nosso país, entregaram nossa riqueza e se opuseram e sabotaram todo o tempo o modelo que, agora, dizem que está esgotado?
Ainda não faz tanto tempo que se tenha esquecido o que o Brasil foi e olhos lúcidos para ver o que é hoje.
Temos erros, muitos, muitos mesmo.
O pior deles, pelo qual pagamos caro, hoje, foi o de termos falado pouco ao povo brasileiro e acreditar que a crise do velho modelo era tão grande e evidente que não devíamos apontá-la.
A liberdade e a democracia, que não resolvem tudo sozinhas, têm, entretanto, algo maravilhoso.
É que o povo pode ver, ler e ouvir, quando chega a hora, tudo o que lhe escondem todo o tempo.
Mas se não tivermos a coragem de mostrar, as tintas reluzentes com que pintam o alçapão do passado podem nos atrair à escuridão.
Passou o tempo em que poderíamos nutrir a ilusão de agradar a todos.
Não é procurar os confrontos que podemos evitar: é não fugir daqueles que devemos enfrentar.
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Bom dia,
prefiro por fogo no meu título de eleitor que votar em cheira pó. Acabou com MG e quer acabar com o Brasil, mas nunca mesmo.
Fernando, mais uma vez, parabéns. Esse lúcido e oportuno artigo deveria ser distribuído e publicado por todos os blogs "sujos". Como fazer com que isso se torne realidade?
Aécio sempre tem razão, ele sempre Pó po po pode mais................
Sabe quando um sujeito caga nas calcas, e disfarca dizendo que tem um cheiro horrivel, nao sabe de onde! Vai se limpar oposicao! Cruzes!
Boa Maurício e digo mais ele só não fez a "obra" nas calças, como também comeu-a com "farinha" branca !!
È só observamos o crescimento da dívida pública mineira de 2003 a 2013 e os incentivos fiscais dados aos empresários (bilhões e bilhões) e veremos a irresponsabilidade fiscal do PSDB. Tudo não passa de falácia. O PSDB quebrou MG.
Excelente artigo, Fernando. Vou bater na mesma tecla: Este governo, desde Lula - sofre do que chamo de Complexo de Vassalagem. Pior que o de vira-latas, a vassalagem nos faz não apenas não acreditar em nós mesmos, mas acha natural que apanhemos e soframos todo o tipo de tortura simplesmente porque nos achamos merecedores por termos ousado sair da "senzala" para construírmos nosso "quilombo".
Este governo apanha diuturnamente dos golpistas, mesquinhos, podres e asqueirosos... e ainda os financia!! São ou não vassalos?
Excelente texto! Obrigado.
É interessante que eles sempre usam o mesmo discurso, de que o modelo esta esgotado e ao mesmo dizem que somos a continuação do fhc.
PS: Não existe um modelo economico perfeito, todos eles terão lado bom e ruim. E desses modelos, nós devemos escolher o melhor dos mundos, se for possível uma mistura entre eles para ser adotado para o País. E acredito que o Lula e a Dilma fizeram exatamente isso.
O mesmo não posso dizer da nossa oposição, que só pensa em neoliberalismo puro, como se fosse a solução de todos os problemas.
A questão é a leitura correta das propostas da oposição.
Quando falam
- Vamos dobrar o emprego!
Leia-se:
- Vamos cortar pela metade os salários.
É só comparar os indicadores sociais e econômicos para saber quem fez mais e quem pode fazer mais. Da turma dos vendilhões, esperamos, a cada dia, pipocar seus projetos podres - mensalão do PSDB, operação Banestado, Castelo de Areia e Monte Carlos, Operação Sartiagaha, etc. Aecinho nunca tem nada contra póóóóóde tudo!
Obama disse na primeira campanha "Yes, we can". Pouca coisa ou quase nada mudou nos EUA. O Serra veio na mesma esteira "O Brasil pode mais" e o Eduardo está com uma frase parecida. Mas falta um complemento que a oposição encobre: O Brasil pode mais se nossos parceiros e aliados também quiserem (aliados e financiadores externos, Bancos, grandes corporações e que tais). Os mesmos que impedem o governo Dilma de avançar mais. E poderia ser outro governo qualquer, a questão é "Se nos der o que queremos, daremos um pouquinho, um tiquinho só do que conseguirmos para alegrar o zé povinho".O velho prêmio de consolação. Cidadania zero.