O espírito natalino de um juiz: incluam-se os jovens com deficiência, desde que paguem

O juiz federal Alcides Vetorazzi  da 2a. Vara Federal de Florianópolis é um bom exemplo da casta de meritocratas que, aprovado num concurso público – parabéns, doutor! – e recebendo um polpudo salário, complementado com inúmeros penduricalhos, acha que o mundo pertence aos que, como ele,vivem na fartura.

No dia 11 deste mês, certamente já sob a influência do espírito de Natal e da confraternização humana, decidiu, por liminar, anular a lei federal de inclusão e facultar ao Sindicato das Escolas de Santa Catarina cobrar mensalidades “diferenciadas” para as pessoas portadoras de deficiências que estejam cursando o ensino superior, mas num decisão que abre a porteira para que o mesmo seja feito nos demais ciclos educacionais.

Eles devem pagar o que as escolas arbitrarem como custos “extras” pelo atendimento de suas necessidades.

Pagar mais pela superação que os levou até ali, cujo prêmio é o castigo financeiro, seu e de seus pais.

O Doutor Vetorazzi é “bonzinho”.

Não quer que os alunos “não deficientes” paguem pelos infortunados.

Ele não quer o “socialismo” nas mensalidades.

Imagina uma escola com 500 alunos, “450 não deficientes e 50 deficientes”, onde o “sadio” custa R$ 1 mil mensais e o “doente” custa R$ 3 mil (de onde o senhor tirou esta conta, Doutor?). Um pelo outro, a mensalidade seria de R$ 1,2 mil e não é justo que os “anormais” tenham um “desconto” de R$ 1.800 à custa dos “normais”. Contraditoriamente, quer que isso seja arcado apenas pelo Estado, o que, afinal, significa apenas ratear pelos miseráveis o “subsídio” que ficava ali mais justamente distribuído.

Eu também não acho justo, Doutor, ter de pagar imposto para sustentar o farto salário privilegiado de um juiz assim impiedoso como o senhor, mas entendo que é vasta a fauna humana também no Judiciário.

Mas o seu raciocínio é pior do que esse.

Porque não lhe interessa, Dr. Vetorazzi, se os que o senhor considera “anormais” e “caros” poderão estar ali, estudando, sem isso.

Ah, não, por favor, não se debulhe em lágrimas pelas dificuldades em que vivem os donos das faculdades particulares, não doutor? Quase às migalhas, farroupilhos, quem sabe até recebendo um bolsa-família para dar de comer aos filhos…

Aliás, com muita propriedade – ou seriam muitas propriedades? – trata o senhor de alunos como “consumidores” em sua sentença…

Não lhe dou o nome que o senhor mereceria, Doutor, porque isso talvez me custasse não poder pagar as mensalidades escolares de um belo, esperto e desenvolvido guri que está tinindo de bacana, ainda que até escolas ditas “inclusivas” o tenham rejeitado, anos atrás.

Sabe, ele talvez tenha sido “recusado” ali porque ia custar o mesmo “preço” que os “normais”, por algo que não tem preço: o desenvolvimento de um ser humano.

Porque o que faz um ser humano, doutor, não é nem o canudo de doutor e nem a toga, é o sentimento de humanidade.

Quem sabe o senhor não aproveita o desconto dado aos portadores de deficiência de sentimentos humanos? Ah, que pena, não é cadeira do Direito torto que o senhor aprecia, não é?

Fernando Brito:

View Comments (38)

  • É essa casta que domina o judiciário?
    É essa casta que desfila com camisas da CBF em Copacabana, mandando a PM agredir jovens pardos e negros?
    É essa casta que xinga e agride políticos petistas em São Paulo?
    É essa casta emplumada que quer o poder a todo custo?

    Os insuportáveis cunhas, aécios, serras e gilmares.

  • Brito, cansei…
    Confio na decisão do STF…
    Vou mudar de assunto:
    a santificação de Madre Teresa de Cálcuta.
    (Desculpe-me, vai parecer um comentário
    sem sentido, mas… vamos lá).
    *
    *
    A recente santificação da freira me trouxe a lembrar de Janer Cristaldo (talvez você o conheça, Brito) – um jornalista polêmico, agressivo, um contumaz inimigo da esquerda e, consequentemente, um crítico feroz do PT. Por ironia, após uma luta dramática contra cinco cânceres, veio a falecer justamente no domingo da vitória inequívoca de Dilma, em outubro de 2014.
    *
    Janer era um excepcional cronista. Tal fato me fez seu leitor. Mais do que isso, trocamos correspondências, algumas vezes. E, inacreditavelmente, tínhamos um respeito mútuo, mesmo a saber que éramos adversários políticos. Certa feita escreveu-me uma verdadeira declaração de afeto: “Ramiro, os meus melhores amigos sempre foram de esquerda”. Em outra, já em estágio terminal, me disse algo, mais ou menos assim: “Ramiro, não posso mais beber … Redescobri o prazer indescritível dum copo d’água… Se você passar por São Paulo, me visite… Vamos tomar um copo…”.
    *
    Bem, agora, deixo aqui a língua ferina de Janer sobre Madre Teresa…:
    *
    “… João Paulo II empenhou-se, em seu pontificado, na aceleração do processo de canonização da albanesa Agnes Gonxha Bojaxhiu, mais conhecida como Madre Teresa de Calcutá, morta em 97. Se uma canonização exige décadas e mesmo séculos de debate, o papa polonês pretendeu dispensar, neste caso, até mesmo os cinco anos regulamentares para início do processo. Sua Santidade, com uma pressa de jornalista, está conduzindo a nau da Igreja por águas turvas.”
    *
    “Pois Agnes Bojaxhiu, prêmio Nobel da Paz de 1979, como boa albanesa não se furtou a depositar flores na tumba de seu conterrâneo, Enver Hoxha, um dos mais sanguinários ditadores comunistas deste século. No Haiti, durante a tirania de Jean-Claude Duvalier, mais conhecido como Baby Doc, recebeu de suas mãos uma comenda pouco recomendável para quem morreu em odor de santidade, a “Légion d’honneur” haitiana. Não bastassem estas homenagens que conspurcam qualquer auréola, Madre Teresa intercedeu junto à Suprema Corte dos Estados Unidos, pedindo clemência para Charles Keating, vigarista condenado a dez anos de prisão por lesar os contribuintes americanos em 252 milhões de dólares. Deste senhor, Madre Teresa recebeu a simpática quantia de 1,25 milhão de dólares e a oferta de um jato privado para suas viagens. Em agradecimento, a religiosa presenteou Keating com um crucifixo personalizado. /1/”
    *
    P.S.:
    /1/ http://cristaldo.blogspot.com.br/2013/03/com-autoridade-moralde-um-nobel-da-paz.html

    Desse comentário sem sentido, Brito, aproveitar-me-ei da proximidade das festividades natalinas e daquelas primeiras de janeiro, para deixar aqui uma OBRA-PRIMA ao amor (que poderia ser a Deus, que poderia ser ao conhecimento, que poderia ser um agradecimento de um ateu por estar aqui nesse tão minúsculo, mas tão maiúsculo, Planeta, que dá sentido ao não sentido, mas que efetivamente nos gerou – para além do sofrimento!).
    *
    CANÁRIO
    by Janer Cristaldo
    *
    Não me esperaste, Canário! E como eu tinha causos pra te contar depois desta última campereada. Andei por plagas onde a geada era grossa de mais de palmo e o pasto cresce só de teimoso. Montei nuns matungo de duas corcova, de trote mais feio que potro redomão. Dancei com uma indiada de semblante maleva, cara embuçada, que reboleava os mosquete por cima da cabeça e terminava cada marca com um tiroteio. Ouvi uns gringo falando uma língua que não era língua, mais parecia doença da garganta. Vi uns maula tomando café com sal e comendo peixe podre, mais sastifeito que guri roendo rapadura. Tirei até uns retrato desses causo mais difícil de dar crédito. No meu peito sentia uma vontade de sentar contigo no oitão da Casa e ir proseando entre um mate e outro. Não me esperaste.
    *
    Levei muito tombo nestes rodeios da vida, só depois fui te entender. Um dia abandonei teu rancho, fui pro povoado, me tornei letrado e não te entendia. Acordavas antes dos galos e ias buscar as vacas naquelas manhãs brancas de geada. As vacas já na mangueira, me acordavas para o mate no galpão. Enquanto eu chorava com a fumaça da madeira verde, me contavas as peleias de Martín Fierro, histórias de contrabando, brigas de baile, intrigas de chinas. Eu só ouvia, era guri sem mundo. E agora que eu tinha uns causos pra te contar, não me esperaste.
    *
    Não te entendia. Eu, o letrado, o doutor, não entendia tuas lidas. Inverno e verão levantando cedo, apojando as vacas, tomando mate, rasgando a terra com o arado, largando a semente e cortando a aveia, colhendo o milho e fazendo a parva. Rasgaste tuas mãos alambrando, derrubaste cercas do Uruguai e Brasil fugindo de peleias que não eram tuas. Me ensinavas a encilhar um cavalo, clavar na volta-e-meia, manguear perdiz pro mundéu, tirar lonca e trançar laço. E tudo isto me parecia inútil. Eu não entendia teu lugar no universo. Um dia te entendi. Não me esperaste.
    *
    Te lembro já de noitinha, descendo o Cerro da Tala, voltando de um trago no bolicho do Jacinto. A cachorrada te saudava, eu corria até a sanga e voltava na garupa. (Onde andarão meus cachorros?). Voz já meio enrolada, um hálito de cachaça, apeavas contando as novas lá das Três Vendas. Eu desencilhava teu baio e voltava ligeirito para me acocorar na roda de chimarrão e ouvir as histórias que tu tinhas ouvido. A lua ia nascendo lá no Uruguai, do outro lado da Linha, e quem vai a bolicho não volta sem uma botellita debaixo do braço. E me falavas de causos de assombração que me gelavam o espinhaço e perturbavam meu sono. E agora eu
    tinha causos pra te contar. Não me esperaste.
    *
    A última vez que fui te ver… Sentias que era a última vez, eu não sentia. Vou pras Oropas e depois volto, pensei, pra mais um chimarrão. Tu sabias que aquele mate era o último. E quando juntei meus trapos pra voltar a Porto Alegre, choraste. Como não entrava em minha cabeça dura ver aquele gaúcho chorando, virei as costas e me vim. Ah, Canário! Nesta vida nada é mais sem volta que a morte. Mas esta lição sempre vem tarde.
    *
    Hoje te entendo em teu mundo, cumpriste teu ciclo no tempo e no espaço que te foi dado. E a dor que tua memória me traz, é dor que me revigora. Me dá até vontade de crer noutra vida depois desta, pra tomar mais uns mates e te contar aqueles causos
    que queria te contar.
    *
    Hasta luego, Canário! /2/
    *
    *
    P.S:
    /2/ http://cristaldo.blogspot.com.br/2011/08/canario-nao-me-esperaste-canario-e-como.html

    Feliz Natal a todos
    (também aos trolls).

    FELIZ ANO NOVO!

  • Desde do caça-petralha juiz Sergio Moro que o blogueiro chapa ultra-branca tenta difamar a categoria, até tomar uma fuça como o cheiroso&limpinho.
    Decisão judicial se discute nos autos e nas instâncias superiores.
    Formular perniciosos e leigos juízos a título de atingir a crediblidade da magistratura por causa de operações como a Lava-jato é de um baixeza sem fim.... joga para a platéia de desvairados.

    • Cloves,
      só para manter a sua linha contraditória, você vai defender um "juiz lobista"?

      Ah, esqueci você é um dos "SOMOS TODOS CUNHA".

      • Não dá para generalizar a magistratura por atitude de um ou outro juiz.
        Se dói bancar do bolso mordomias dessa classe imagine a dor de bancar mensalões e petrolões, bancar os rombos dados pela Ti PEDALEIRA. Governo é tão de merda que não para moralizar a magistratura tem moral.
        Mas Há juízes e juízes.
        Deficientes tem que ser bancados pela Assistência Social, é o que está na CF-88. Burguesia com o suro dos outros é fácil, caridade dom o chápeu alheio mais fácil ainda.
        A conduta do juiz Moro é irretocável.
        Tanto que suas decisões são referendadas pelos tribunais superiores.
        E não caça somente petralhas não. Nas suas celas tem de tudo, de todos partidos, de todos segmentos, bandidos de várias grei.
        Cunha foi eleito junto com Dilma e PT, tem mais ligações para com eles do que comigo.
        Agora o que vejo tristemente é que vocês auto-iludidos progressistas vesgtem a camisa:
        -SOMOS TODOS RENAN!!!

        • Clovis, não faz parte da casta! Mas é imbecil a ponto de defendê-los. nem ele acredita no que posta. Pois nem o mais cretino direitista leva os textos a sério.

          • Não perca seu tempo com um idiota que afirma que "A conduta do juiz Moro é irretocável", pois ele deve achar que "A Veja é uma revista irretocável", "A Globo é uma emissora irretocável" e que "A ditadura militar foi uma democracia irretocável". Ou seja, o tal Cloves, the clown é um idiota irretocável.

    • Você deveria aprender a interpretar um texto antes de escever comentários. Retirado do texto:
      "Eu também não acho justo, Doutor, ter de pagar imposto para sustentar o farto salário privilegiado de um juiz assim impiedoso como o senhor, mas entendo que é vasta a fauna humana também no Judiciário."

    • Na boa Sr. Fernando do Brito, porque não bloqueia esse funcionário do PSDB do Blog? Até quando a nossa esquerda vai tentar ser democrática com esses direitistas?

    • Eles ganham muito, para não se corromper - Não é esta a maxima...
      Pois bem, a sociedade então paga por uma "deficiencia de nscença do homem"
      Aí pode, o dinheiro e oo poder o tornam imune ao alcançe das garras da maldade.
      Mas, isto não é uma DEFICIÊNCIA já tratada nas escolas com EDUCAÇÃO..e nem
      por isto é mais caro, ou dá resultados....
      Juiz fraco...no PILAR DA DEMOCRACIA...
      Vamos comparar seus beneficios e salarios, e poder, com os países avançados..

    • A "magistratura" (aspas e minúsculas propositais) é o mais novo instrumento da direita para continuar sub julgando a população pobre ou quem dela se posicionar a favor.
      O bajulador Moro não passa de um reles militante do PSDB com poderes de punir os integrantes do PT, não mais que isso.
      Esta "magistratura" está infestada de militantes da extrema direita.
      Este juiz aí, por exemplo, seria aplaudido por Hitler ao conceder essa liminar, ferrando mais ainda com os deficientes, aliás, ele e VOCÊ, certamente são favoráveis à eugenia e a eliminação dos deficientes.
      CANALHAS de marca maior que não tem um pingo sequer de humanidade em seus ossos.

  • Repugnante.

    Não tem nome para o que essa criatura proferiu.

    E o pior é que infelizmente no judiciário,há mais monstros podres como esse elemento escroto.

  • O judiciário brasileiro,salvo poucas e honrosas exceções, é corrupto,podre,vil e completamente carcomido pelo ódio de classe.

    O judiciário brasileiro tem lado e esse lado é o dos ricaços e poderosos que pouco se lixam pras necessidade e angustias dos mais carentes e necessitados.

    A estes,não haverão juiz algum que intervenha em seu favor,que intervenham pra por fim na suas dores e angustias.

    Com um judiciário destes,o Brasil está muito lascado.

  • E ainda temos que aguentar sem poder fazer quase nada, um Judiciário que é o mais caro do planeta, um dos (se não, o) mais Injusto. E ainda temos suportar o Clovis. É de mais!

    • Esse cloves é um troll que aparece nos Blogs Progressistas usando vários nomes, tipo: alisson, bronco capiau, ernesto, klaus, nathas e por aí vai. É só ignorar esse merda e vagabundo que está sendo pago para importunar os verdadeiros leitores que se posicionam contra os donos desse dele, os golpistas demo/tucanos.

      • Quanta civilidade. Quanta ternura. Quanta democracia. Esquerdistas não servem nem pra bucha de canhão. Por isso não tem um esquerdista que seja dono de alguma coisa, que tenha gerado algum capital. A maioria vive pendura no capital dos outros, tipo empregado público, geralmente CC e FG, professores, MST, ONGs, e pqp. Tudo inútil!

    • Judiciário caro?
      O MORO herói da direita ganha o dobro do teto salarial do judiciário. É legal, mas imoral.
      A palavra "teto" deve ter outro significado quando usada em causa própria.

  • Vai ver que esta besta se formou em uma faculdade pública e obteve o diploma bancado por toda a sociedade. Quanto ao imbecil que acha certa a atitude do juiz, vai procurar rola junto com aquele pastor, como mandou o Boechat.

  • Pessoal, é só mais um juiz imbecil. No Brasil existem vários. No Rio, uma mulher chamou um juiz de Deus e ele ficou puto da vida e mandou prendê-la. Os juízes brasileiros estão acima de Deus.

  • Nós temos muitos juízes que mal sabem o conceito de justiça. Eles conhecem bem os cursinhos preparatórios para concursos jurídicos e as suas apostilas específicas com testes propostos. Falta sociologia, filosofia, história, falta aulas de humanidades. No meu entender esses concursos para juízes deveriam mudar. O editais deveriam exigir que o candidato possuísse como requisito minímo para ingresso à magistratura o título de doutor, e que tivesse em sua carga horária aulas de humanidades e, depois, para progredir na carreira deveria ter outros títulos acadêmicos sobre direito. O que eu vejo são jovens mimados sem experiência alguma decorando apostilas e que após passarem no concurso público transformam-se em "deuses" do direito e da justiça, como se dissesse: eu tudo posso e quem manda sou eu. Um caso de "eu tudo posso e quem manda sou eu" foi de uma juíza que mandou bloquear o Whatsapp, prejudicando milhares de usuários, mas a empresa não estava nem aí, não responde a justiça brasileira, pois não tem sede no Brasil. A questão estaria mais relacionada a esfera executiva, não de justiça, para acordos internacionais de colaboração. Acho que não temos exemplos de decisões tão esdrúxulas tomadas por juízes em países desenvolvidos como as que são tomadas no Brasil.

  • Lamentavel decisao. Sera revertida. Ainda ha juizes maiusculos nesse pais.

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