Que os Estados Unidos tentam interferir em nossos processos eleitorais e têm um gostinho especial por golpes de Estado na América Latina, todo mundo sabe.
O que a gente não sabia é que o Estadão, num gesto daqueles de pretensão que lhe são peculiares, queira insuflar uma contestação ao resultado das eleições nos Estado Unidos…
Aliás, o establishment está tão horrorizado com Donald Trump que, aqui nos trópicos, a gente começa a desconfiar que o “redneck” cor de abóbora possa não ser assim tão ruim.
Tirem de Trump os seus aspectos trogloditas, as suas ideias estapafúrdias e seu autoritarismo verbal e o que sobra?
Um presidente que vai “fechar” em parte a economia norte-americana e aplicar duros golpes no processo de globalização.
Aliás, já começou a fazer isso, dando fim à chamada Parceria Transpacífico, que era tão cara aos neoliberais quanto nefasta à America Latina.
A quem tiver dúvidas sugiro que ouça as declarações de Marco Aurélio Garcia que, junto com Celso Amorim, foi um dos orientadores da política externa do Governo Lula, dadas a Fernando Morais, no Nocaute:
“(…)nos Estados Unidos elegeu-se um protecionista, um nacionalista, um homem que compreendeu que a globalização estava criando problemas para os americanos, e que, portanto, não vai querer fazer essa negociação. Vai cortar. Já disse que vai ser decisão do seu primeiro dia de governo. Retirar os Estados Unidos da parceria do Pacífico.
O impacto que isso tem não chega a ser muito grande do ponto de vista efetivo, porque o Brasil não participava. Os neoliberais aqui aspiravam participar desse clube, mas não vão entrar no clube porque entre outras coisas, o clube ao que tudo indica será fechado.”
As restrições aos fluxos comerciais internacionais é sempre má para o Brasil?
A história mostra o contrário e um dos melhores momentos para o desenvolvimento do país foi quando a II Guerra – e logo depois, suas consequências – estrangulou as correntes de comércio mundial.
Natural, porque as trocas internacionais são, ao longo de décadas, um dos drenos de riqueza do nosso país.
Depois, com o Governo Dutra, abriu-se tudo, nos anos que seriam a era dos importados – de carros a ioiôs, aquele inocente brinquedinho do passado – , para o duplo efeito e segurar a inflação e torrar as divisas que acumulamos durante o conflito mundial.
Liberdade absoluta quer dizer que somos livres para exportar produtos primários, de baixo valor agregado e eles são livres para nos exportarem produtos industriais, com grandes quantidades de trabalho e conhecimento a eles agregados, numa “parceria” onde seria obsceno dizer quem entra com o quê.
O combate a Trump é político, ideológico, civilizatório.
Achar que se poderia fazer um embrião de impeachment a ele, além de pretensioso, é revelador do quanto isso abalou os planos de escancarar ainda mais o nosso país.
Pretensioso porque, francamente, é cômico achar que Hillary Clinton vai virar o Aécio do EUA.
O que eles lamentam, no fundo, é que a raposa tenha ido cuidar – claro que com suas unhas e dentes – de sua toca e isso possa ser um alívio temporário aos habitantes do galinheiro.
Afinal, é de entregar as galinhas que eles vivem.
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A comissão de Direitos humano da ONU dia 28.10.16 ultimo expulsou de seu quadro de membros a Russia.
Advinhe o nome disso e nos quem foi. ( a eleiçao Usa foi em 8.11)
A Arabia saudita, o Usa, Israel, e Singapura (cujo presidente está la, o mesmo cara ha 40 anos) foram mantidos.
Quando o obama foi eleito comentei num blog progressista que o "neguinho de alma branca" era a versão piorada do criminoso de guerra bill clinton e que só aconteceu porque o lobby sionista eu seus capachos na mídia, bancos e indústria bélica assim o permitiram. Por enquanto continuo com a mesma opinião sobre o trump. Vou aguardar a nomeação dos seus subalternos em todos os escalões e aí, veremos realmente a quê ele veio.
Pra política externa, o Trump parece bem menos imperialista que o establishment exige. Resta-nos torcer que ele tire um pouco os tentáculos americanos das decisões de sabe-se lá quantos países.
Enfim, uma matéria sensata (por parte de um site de esquerda) sobre a derrota da Killary!
O Estadão só esta fazendo o echo de parte da "mídia liberal" americana. Nada de novo.
Nos últimos dias após receberam os dados finais da eleição levantaram a hipótese de fraude nas eleições americanas por parte da mídia liberal que apoiou incondicionalmente a campanha da candidata e acabaram perdendo as eleições. Os dados mostram que trump recebeu em alguns lugares mais votos - 7%- nas
urnas eletrônicas do que recebeu em voto em papel.
Certamente Hillary não é Aecio, mas o modo de operação da mídia de lá e da daqui em favorecer candidatos neoliberais é o mesmo.
Por outro lado, vale lembrar, que o processo da primárias dos democratas na escolha da candidata estava totalmente viciado.
O processo eleitoral americano é um desastre, um horror. Feito para privilegiar a burguesia.
O colégio eleitoral foi criado para beneficiar os donos de escravos;
Se pensarmos bem, os melhores anos de crescimento do Brasil sob a governança do PT, foi justamente durante o governo republicano.
Quando o Obama começou a por cada vez mais as asinhas de fora, a situaçao pra ca coincidentemente piorava