O factóide Musk

No momento em que os preços dos alimentos anda pela estratosfera, surge a iniciativa de Jair Bolsonaro em chamar o megaempresário e celebridade Elon Musk para um encontro aqui, supostamente para discutir um ultraextramega investimento na Amazônia.

Nada se sabe sobre o que seria: uma base de foguetes, um rede de telecomunicações, uma fábrica de carros elétricos da Tesla. Não faz a menor diferença, porque, seja o que for que se fale, nada acontecerá tão cedo, se acontecer algo além de marketing.

É para enganar bobos e render propaganda para ambos, a única coisa que, de fato, será produzida.

Nenhum empreendimento de grande porte – ainda mais com as dificuldades logísticas da Amazônia e certamente com benefícios fiscais (no mínimo) e prováveis aportes governamentais – se decide a seis meses do fim de um governo e apenas 130 dias antes de uma eleição com sérios “riscos” de uma mudança total da administração do país.

Aliás, a Starlink, empresa de dados via satélite de Musk já levou a licença para operar no Brasil, num processo atropelado e cheio de intervenções do governo sobre o órgão regulador, a Anatel.

Musk, porém, é um fabricante de factoides e sabe que isso ajuda a reverter o foco da mídia, todo voltado para a possível “melação” da compra do Twitter – contem pra outro que ele não sabia da quantidade de robôs na rede de microblogs. E que Bolsonaro está com tanta dificuldades que aceita propostas de ser corretor de terrenos na Lua.

Não tem preço, para ele, a foto com a celebridade de cabelos arrepiados, mas ganha uma viagem espacial grátis quem achar que o empresário vai fazer a selfie grátis.

Se Musk pode querer investir em alguma coisa no Brasil? Até pode, mas não é para agora e não sem que o país lhe dê isenções, poder sem regulação e crédito a perder de vista.

Ah, sim, e talvez levando “grátis” as informações geológicas que satélites de órbita baixa, como os 2 mil que possui (e mais 12 mil autorizados pela Nasa, num total de 30 mil solicitados). podem capturar.

Sugere-se ao nosso Exército, que gosta tanto de gritar Selva! que adapte o bordão e passe a bradar Musk!

Fernando Brito:
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