O fantasma de Teori volta a assombrar a Lava Jato

Promete ter um efeito devastador dentro do Supremo Tribunal Federal a revelação de que, via Ministério Público, Sérgio Moro tivesse influência sobre o Movimento Brasil Livre, cujo braço político no Rio Grande do Sul havia organizado um ataque à casa do ministro Teori Zavascki, por este ter decidido, em função da divulgação ilegal do “grampo” dos diálogos entre o ex-presidente Lula e a então presidenta Dilma Roussef, que os procedimentos judiciais deveria subir ao Supremo Tribunal Federal.

Na ocasião, o grupo de manifestantes, além de ofensas a Zavascki (“pelego do PT”) carregava faixas de apoio a Sérgio Moro (deixa o Moro trabalhar”).

Antes de comentar, aos fatos em ordem cronológica:

4 de março de 2016 – Por ordem de Moro, Lula é levado em “condução coercitiva” para depor no Aeroporto de Congonhas;

13 de março de 2016 – Moro divulga nota de agradecimento aos participantes de uma manifestação antigoverno, organizada pelo MBL, na qual afirma ser importante que “as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção”;

16 de março de 2016 – Moro manda divulgar os diálogos entre Lula e Dilma;

22 de março de 2016 – Teori Zavascki reage ao ato de Moro e manda que sejam remetidos ao STF os processos relativos a Lula. Á noite, sua casa em Porto Alegre é atacada por manifestantes de um grupo ligado ao MBL;

23 de março de 2016 – depois de intensa troca de mensagens, durante todo o dia, Moro pede a Dallagnol que ative contatos com “alguns tontos daquele movimento brasil livre foram fazer protesto na frente do condominio do ministro”. “Isso não ajuda”, disse.

A estratégia de pressão sobre o Supremo, no qual Teori era dos que não concedia plenos poderes a Moro, surge com total nitidez.

Vai pesar dentro do tribunal, especialmente, sobre os ministros Celso de Mello, Rosa Weber e Alexandre de Moraes, que recebeu a vaga na corte pela morte súbita de Zavascki.

E causar enormes constrangimentos a Luiz Edson Fachin, que herdou o posto de “ministro da Lava Jato” do colega morto.

Você vai ver, a partir de hoje e de amanhã, as manifestações de outros ministros revelando irritação com a atitude de Moro. Lembrem-se que, antes de tudo, o Supremo move-se como corporação, na qual o pavão Luiz Roberto Barroso é visto com muitas reservas e o pássaro de outra plumagem, Luiz Fux, é desconsiderado pelo exercício das conveniências que geraram a frase de Sérgio Moro: In Fux we trust.

A revelação de hoje talvez seja o maior golpe recebido por Moro e pela Força tarefa no ringue onde tudo se definirá: o plenário do STF.

 

Fernando Brito:

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  • ."..... Fachim herdou o cargo de Teori .... " . Não foi bem assim , somente alguém da turma de Teori poderia herdar a relatoria . Foi feita uma manobra onde , a turma de Fachim era outra . Foi feito um arranjo Fachim foi para turma aonde estava Teori . ( Parecida com um feito no TRF4 . ) .

  • Lento, bem lento serão cozidos esses ratos.
    E os empresários bancaram isso tudo... Não nos esqueçamos!

  • Já não tenho certeza se esse escândalo vai surtir algum efeito prático, com tudo que já foi divulgado Lula já deveria ter sido solto, Moro demitido e lava jato no mínimo suspensa. O que vejo é uma imensa capacidade de articulação das forças da direita de padronizar um discurso e mudar o sentido das coisas, tornando criminosos em vítimas e jornalistas em vilões... Vamos aguardar a divulgação dos outros arquivos torcendo para que o The intercept tenha acertado na estratégia.

  • Parece que não se faz mais homens, no sentido seres humanos, como já se fez.
    Os que morreram na II Grande Guerra Mundial lutando contra o nazismo, os que aqui morreram por serem contra a imoralidade e ilegalidade, tantos "acidentes" não bem explicados, por que não bem investigados, mortes em hospitais onde não se entende com puderam ocorrer, todos se revoltam nas tumbas contra a atualidade amoral, com jornalistas que apoiam os coveiros de suas profissões e da Nação, militares que entregam a Pátria, Juízes que entortam a Lei e a Constituição, tudo dá mesmo vergonha como já disse Ruy Barbosa aos moços...

  • Moro disse que "a montanha pariu um rato". Duas observações:
    1 - As aberrações praticadas pela quadrilha de Curitiba, são consideradas sem importância por ele. Isto já mostra quem é o Rato na história.
    2 - Não há dúvida de que essa procrastinação em revelar logo um áudio pela Vaza Jato é, no mínimo, muito estranha.

    • Tem que deixar os "procuradores bandidos e o vagabundo-mor" sangrar em praça pública. Só depois publicar áudios.

      • Verdade......Tem que ser devagar e sempre.....tal e qual tortura chinesa. Uma coisa é vc passar por um stress 1 dia, outra totalmente diferente é dias e dias de estresse. Isso mina as defesas de qualquer um.....

    • Qual a necessidade de pressa? Palmas para a Intercept que está cozinhando os bandidos de toga rm fogo beeeeem leeeeento. Nada é novo. Quem quis acreditar na ditadura de curitiba acreditou porque quis.

    • Mais uma casca de banana para Moro pisar...... e já pisou, diretamente dos US- NSA afirmando que a montanha pariu um rato.....

    • A ansiedade é sua. Glenn não publicar nada antes de periciado.

  • Russo e bobinho se transformaram em saco de pancada em academia de karatê e vão ser espancados até se romper e espalhar todo o conteúdo do seu interior.

  • Dentro do quadro atual a sangria do capitão me interessa tanto quanto a liberdade do Lula. Quanto mais tempo Moro permanecer no governo melhor. Pelo jeito toda a semana vai ter uma bomba. Somando-se as bombas que o próprio capitão arma o resultado é uma catástrofe.

    • Concordo. Acho melhor que el seja desidratado diuturna e diariamente, por longos e longos meses.

  • Nos diálogos, vê-se que Dallagnol, procurador, atuou como defensor público de Moro.

    Direto do MP para a defensoria, em segundos do Telegram.

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