Nossa perplexidade diante da tomada fascista do Brasil, depois de anos de um governo progressista – com todos os defeitos que lhe são inerentes, e no mundo, a partir do avanço da extrema-direita e, também, com as demonstrações de ódio e xenofobia em vários países, nos impede de reagir.
Essa paralisia, típica de choques (golpes), terá sua duração enquanto não entendermos o processo que está engolindo o que até então chamávamos de democracia, termo esse cooptado pelas novas práticas fascistas.
Em meio a essa (nossa) visão embaçada, um elemento, que sempre esteve presente e que fomos incapazes de neutralizar, sequer tocá-lo, se destaca: o capital global.
A figura eleita como forma de ‘tomada de consciência do povo brasileiro”, o gigante que despertara, não é a personificação de um povo que resolveu tomar as rédeas de seu próprio destino vestindo verde e amarelo.
Esse gigante, um monstro enorme com milhões de cabeças, era movido, na verdade, pelo que faz mover o mundo: um deus.
O deus dinheiro que vem nos engolir por dívidas, culpas e por mau comportamento. Subjaz aí, a ideia de que os devedores são culpados por seus pecados de insucesso capital.
Se quer o peixe (nada mais bíblico) aprenda a pescar, mesmo que ninguém lhe queira ensinar. E, por favor, não fale em fome numa hora dessas.
A lógica dos golpes de estado, dos estados de exceção e do autoritarismo que se impõe é pregada, ironicamente, através da palavra LIBERDADE como uma espécie de “operador cristão” da nova governamentalidade neoliberal.
(Curioso observar que o interino Temer usou a palavra ‘confiança’ ao usurpar o governo de Dilma Rousseff)
Assim, possivelmente, possamos entender o porquê da insistente disputa do uso do termo impeachment e sua aura de ‘democracia’.
Os golpes contra governos progressistas, que insistem com o ‘famigerado’ estado do bem estar social, são essencialmente golpes econômicos, mas que se apropriam da fôrma ‘democracia’ para, através da mídia (e sua liberdade de expressão) e da justiça (e sua igualdade para todos) definirem as disputas do campo político sob o disfarce – fascista – da democracia.
São, na verdade, partidos políticos reacionários empenhados e absolutamente comprometidos com as formas “religiosas” do capitalismo.
Por esta razão, já não é mais preciso tanques para impor um golpe de Estado.
Nesses períodos de recrudescimento das liberdades coletivas e individuais é sempre recomendável lembrar Brecht: “A cadela do fascismo está sempre no cio.” E acrescentaria: sempre, mas sob novo disfarce.
E o que houve, então, com esse fascismo que julgávamos extinto desde a 2a. Guerra? Ele se transformou?
Em entrevista ao Instituto Humanitas da Unisinos (Universidade do Vale do Rio do Sinos) o filósofo Rodrigo Karmy Bolton, doutor em Filosofia pela Universidade do Chile, define o fascismo como um humanismo:
O fascismo, diríamos, é um humanismo. Para o fascismo, trata-se de salvar a ‘raça’ que será a última propriamente ‘humana’ que sobreviveu à invasão parasitária dos ‘outros’ (muçulmanos, judeus, índios, negros etc.).
Um regime que não reconhece a lei, porém sua exceção permanente, não conhece a técnica, senão como imperialismo; não sabe do outro mais do que como inimigo; não conhece o exército, senão como aparato policial; converte o silêncio em seu aliado mais forte, combinado com uma estetização completa da vida social; reduz a noção de progresso à extensão de suas rodovias e vislumbra o passado apenas como um mito que, tendo sido esquecido por muito tempo, é reeditado em e como presente.
Leia a entrevista completa de Karmy no site do IHU, que afirma que “o fascismo vive em nossos corpos” e o neoliberalismo, que funciona como um dispositivo, é uma “doutrina aristocrática, pois privilegia os melhores. Um aristocratismo econômico, e não político…”
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"Guerra é paz. Ignorância é força. Liberdade é escravidão." Tá tudo lá, no 1984. A repressão só era usada pelo regime quando necessário calar alguém e usa-lo como exemplo (aliás, os "terroristas" de araque foram presos pra servirem de exemplo, certo?). O governo mantinha a população sob controle usando a mídia.
EM QUALQUER EDITORIAL DA MIDIA BRASILEIRA ENCONTRAREMOS OS MESMOS PEDIDOS DOS CARTAZES. LEMBRANDO QUE O BRASIL FOI O ÚLTIMO PAÍS DO MUNDO A DAR LIBERDADE AOS ESCRAVOS, MAS ATÉ HOJE ESTÃO RESSENTIDOS COM TAL MEDIDA. E COM O GOLPE ATUAL FICARAM MAIS RISONHOS E A VONTADE.
Este senhor com nome russo e os outros que postam, a meu ver, tantas bobagens neste site, mostram muito mais do que incivilidade e violência. Mostram o que odeiam; portanto, o que temem. E já que estamos, FORA temer.
Quando esses bobocas trolls vociferam contra o PT, contra Lula, contra as políticas sociais levadas a cabo nos últimos anos -podem não saber-, mas falam do seu maior medo: os pobres, o povo, que eles desejam que permaneça na sua eterna humilhação. Não se trata, de jeito nenhum, de que indignação contra a corrupção; trata-se de não suportar que os pobres tenham Direitos. Conheço bem esses infelizes, pois tenho vários deles na família.
Fora Lulia!
Texto primoroso.
Vale lembrar também a dialética do conhecimento : Adorno. Trata-se de dominação .
Sr.Jari. Sem pretender GRANDES FILOSOFISMOS,me atrevo a ter opinião,ao respeito da peste maior que acomete a sociedade de classes.E a DOENÇA pequena burguesia.São invariavelmente simpáticos,com novas ideias,e algumas teses aparentemente PROGRESSISTAS,do ponto de vista das GRANDES MASSAS DO POVO.Contudo,logo que percebem o sucesso de qualquer coisa que alavanque tais teses,voltam ao que sempre foram,grupo social que nutre pelos outros,meramente ciúme e ressentimento pelo progresso alheio,e voltam incontinente,ao antigo talento,que consiste sempre,em SERVIDÃO À BURGUESIA.Essa classe,donde se originam grande parte dos AGENTES PÚBLICOS, sempre que pensam em qualquer coisa,redundam sempre,na SERVIDÃO.O MP,o JUDICIÁRIO, as POLÍCIAS,e outros,sempre se colocam,no frigir dos ovos,contra o POVO.Se olharmos para as imagens das manifestações anti governo ocorridas no passado recente,e que alguns tipificaram como COXINHAS,lá estão retratadas unicamente,A PEQUENA BURGUESIA.O JORNALISMO,essa profissão cuja maioria é MERCENÁRIA,são os promotores maiores dessa gente.Seus publicitários e propagandistas mais audazes.Então,a PEQUENA BURGUESIA,se assemelha a uma PESTE,que abate particularmente,as aspirações populares.
O que está acontecendo no país não é nenhuma novidade, é o que sempre aconteceu desde os tempos em que o Brasil era uma colônia de Portugal. Uniram-se todos os corruptos e entreguistas para servir, de bandeja, as riquezas do país aos interesses estrangeiros. Isso é histórico no Brasil, o país que até bem pouco tempo (pouco mais de um século) ainda tinha escravidão legalizada. O que o autor chama de facismo não é diferente do que o que sempre ocorreu em 500 anos de Brasil: opressão e exploração. Nos últimos anos o Brasil vinha melhorando economica e socialmente, mas o governo do PT (e partidos coligados) não conseguiu, nem tentou (e provavelmente não teria força suficiente para fazê-lo) democratizar e deselitizar os demais poderes e a mídia, que acabaram unindo-se para dar o golpe. Cabe agora à todos os que querem o bem do país se unirem e compreenderem que somente com união, comunicação e conscientização do povo é que se poderá derrotar os entreguistas.
Concordo, sinto que estamos muito chocados também porque sabemos que Lula e Dilma tinham governado sabendo o tempo todo o quanto nossa cultura é violenta, arbitraria, autoritaria e muito reacionaria. Conseguiram mexer um pouco na estrutura da sociedade; e somente isso foi o suficiente para serem identificados como perigosos. Mas, golpistas, NAO PASSARAO !!! Estamos alertas e lutaremos.
Fernando, a maioria dos blogs está trocando o plugin do Facebook pelo DISQUS, porque este oferece a grande vantagem de evitar trolls e spam por diversos meios.
O Brasil 247 melhorou bastante após trocar o plugin. Agora, eu mesmo posso bloquear os trolls e já consigo ler os comentários, o que antes era impossível.
Fica a sugestão.
Você não sabe o que é Fascismo meu amigo, para sair por ai dizendo tal irresponsabilidade. Não existem organizações paramilitares rondando as grandes cidades, realizando justiçamentos políticos, religiosos e raciais. Não tem nenhuma tropa de camisas negras para se denunciar. Tem algumas pessoas que GOSTARIAM que fosse assim, mas são uma minoria raivosa da turma do imbecil do Olavo de Carvalho. Nem o Bolsonaro representa um discurso fascista. Alias, na américa latina, o fascismo está presente é na Venezuela....
Jari, você é otimo ! Texto lucido, elegante e profundo. Obrigado !
Você conseguiu dizer o que eu estava esta manhã matutando. Estamos todos muito chocados de ver um "estado de guerra" pulverizando nossas vidas de maneira muito assustadora. E estamos muito chocados tb de ver que os ideais democraticos (que nunca foram absolutos) sendo deturpados e agredidos; nossa reação é mesmo de choque, as pessoas discutem mas não conseguem acompanhar tanta informação difusa e confusa. Tenho tentado procurar entender tudo isso de maneira pragmatica para não gritar e chorar de desespero. Bom dia pra você ! :-)