O IBGE divulgou agora cedo sua expectativa de safra para este ano.
A produção agrícola crescerá ainda em ritmo chinês – o dos velhos tempos – com um aumento de 8,6% sobre o ano passado, com 210 milhões de toneladas de grãos.
Além do empenho e da capacidade do produtor agrícola este é o resultado, também, da existência de linhas de crédito cada vez maiores para a agricultura brasileira.
Os maiores índices de crescimento vieram das regiões mais carentes do Brasil: incremento de 20,4% na região Norte e de 10,2% na região Nordeste.
E o que tem de errado, então?
Ocorre que o preço das commodities agrícolas no mercado mundial, medido pelo S&P Dow Jones GSCI Agriculture Index, caiu 14, 66% em um ano e acentuou as perdas que o deixam, hoje, com o valor mais baixo em mais de dez anos, como se vê no gráfico do post.
Lógico que uma parte desta perda será revertida pela desvalorização do câmbio, mas ela deixa claro que o Brasil – como outros países que alimentam o mundo – é vítima de uma perda imensa nos preços relativos de seus produtos de exportação.
Que, por conta da obsessão cambial que historicamente toma conta de nossos mercados e governos, não pode, ao longo dos últimos anos, ser mitigada por um avanço – muito ao contrário – do peso dos manufaturados e semimanufaturados em nossa pauta de exportações.
Assim como seria suicídio, no curto prazo, pretender inverter o modelo agrário-exportador da nossa economia é, também, suicídio a longo prazo (e nem tão longo) deixar de ter no Brasil uma política de inserção do país em outros segmentos do conjunto de trocas internacionais.
O “pé do câmbio” – um dos mais festejados do tal “tripé macroeconômico” – se segurou, em boa parte, pela perda do “pé do superavit”.
Longe de ser considerada um desastre, a desvalorização cambial é um alento para este quadro, no curto prazo.
E passou do ponto, como passaram do ponto as ditas “expectativas inflacionárias” do mercado.
Como também, passaram dos ponto os ganhos de quem, sem produzir coisa alguma, ganhou rios de dinheiro com especulação com títulos – cambiais, inclusive – com isto.
Ao contrário do que ocorre com o petróleo, porém, no preço das commodities agrícolas não há condições de que se defenda, na política, os ossos preços de exportação. O mundo tem a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, mas não tem a Organização dos Países Exportadores de Comida.
Quem sabe porque se considera mais importante mover motores do que alimentar pessoas.
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Se um dos pilares é o crédito rural, taxar as LCA´s com IR é um tiro no pé.
Brito, se a comida, que move os homens, perdeu valor(14,66%), o petroleo, que move os motores, também perdeu valor! Quanto?
Outros itens também perderam valores!
Cabe uma análise também!
por favor assinem essa peticäo: é importante - https://secure.avaaz.org/po/petition/Partido_dos_Trabalhadores_Em_resposta_a_peticao_que_foi_aberta_pelo_Impeachment_da_Presidente_Dilma/?cevaGgb
Edir,
A ação é válida, mas o massacre da midia, mais os problemas da economia, mais a afirmativa que nossas urnas não dão espaço para auditoria, tem atrapalhado e muito.
Vi a pouco que de 100.00 faltam 17000 para completar e ainda estar rolando a petição.Assinem por favor
Artigo fino esse. Muito bom.
Preciso que uma pequena revisão:
....no preço das commodities agrícolas não há condições de que se defenda, na política, os nossos preços de exportação.....
.....Como também, passaram do ponto os ganhos de quem, sem produzir coisa alguma,....
O dinheiro previsto no orçamento para a agricultara familiar encolheu significativamente. Já o agronegócio, esse vê uma linha de crédito farta!