Na hora de fazer a mira, a visão tem de ser clara e límpida.
Não importa a Lula o que lhe fez Ciro Gomes, de quem os minguados 3% somariam o suficiente para vencer no primeiro turno.
Nem a omissão do que até mesmo a metade dos 4,2% de votos de Simonte Tebet que levariam a um desfecho diferente desta eleição já no dia de hoje.
O velho Lula sabe que é o que é preciso fazer.
Conversar, aproximar, superar.
Talvez com Ciro, pessoalmente, isso seja impossível, porque a sua reação ao seu “desmilinguir” a um quarto das votações que tinha e à sua fragorosa derrota no Ceará, uma escolha pessoal incompreensível, tornem-no “inconversável”, se a sua reação for como frequentemente é sem a humildade que convém a qualquer homem público. Mas não é com o PDT, enfraquecido pelo delírio cirista.
Certamente é possível com Simone, se ela não desistir do que já anunciou sobre não apoiar Bolsonaro. Resta saber se o MDB quer fazer a transição para a oposição a à extrema-direita.
Há também a surpresa de São Paulo, na qual é preciso ir busca as ruínas do tucanato, tarefa única de Geraldo Alckmin agora.
O mais importante, porém, é o eleitor. Os cerca de 9 milhões que não votaram nem em Lula, nem em Bolsonaro.
Este foi o grande encobrimento das pesquisas: havia eleitores que preferiram usar os outros candidatos como capuz de seu antipetismo ou antilulismo e que, na urna, tiraram a máscara, inflando os percentuais do atual presidente.
Supõe-se, portanto, que os demais tenham dado um voto sincero contra o continuísmo.
Com uma vantagem de quase seis milhçoers de votos de Lula, a vitória depende de conquistar apenas um quarto dos eleitores que entraram no delírio da “Terceira Via”, que afinal mostrou-se, em boa parte, um bolsonarismo enrustido, que saiu do armário no primeiro turno.
A vontade pode ser de vomitar ao ver nosso país atirado nesta mixórdia.
Mas a razão precisa ser forte para nos fazer de tudo para tirá-lo dela.