O General Pazuello virou ajudante de ordens

Assim como Jair Bolsonaro o foi, também Eduardo Pazuello é um mau militar, que não conhece os deveres básicos que um general deve ter.

Um deles é manter sua unidade “em condições de”, expressão militar que significa estar preparado, em todos os sentidos, para agir, com estratégia, meios e pessoal, para cumprir uma missão.

Nenhuma missão, neste momento é fazer cessarem as mortes aos milhares pelo novo coronavírus e Pazuello não está em condições de fazê-lo, por desídia, cegueira e descumprimento dos seus deveres.

Até agora, para isso, o comando possível era apenas o de proteger, recuando quando necessário, para reduzir danos, por não haver a arma com potência para para destruir o vírus.

Mas Pazuello, seguindo as ordens tresloucadas de seu comandante, que dizia ser atitude de “maricas” entrincheirar-se no isolamento social para salvar vidas, descurou do seu dever de preservar o povo de seu país, deixando – quando não estimulando – que ele saísse de trás dos sacos de areia e se expusesse a morrer como moscas.

Agora, temos – ou estamos na iminência de ter – a vacina, arma eficaz para derrotar o vírus, desde que na quantidade e no tempo necessários – um dos dois, sozinho, não basta – e qualquer oficial de major para cima sabe que, mesmo com armas potentes, ataques devem ser preparados, com forças concentradas, suprimentos e munição mais que suficientes para a ofensiva. “Concentração do poder de combate” é um dos fundamentos do ataque em qualquer manual militar.

Como oficial de logística, foi outro fiasco. Quando, em junho-julho, firmou o acordo com a vacina da Astrazêneca, esta era, de fato, a iniciativa mais promissora entre as vacinas.

Esta vacina, porém, teve enormes e inexplicáveis problemas em sua fase de testes e é muito difícil que seja logo homologada pelos órgãos reguladores e o que deixa a Anvisa na canhestra posição de homologar o que Estados Unidos e Europa veem com reservas. Criou-se agora uma resolução permitindo a autorização de uso emergencial e temporária de uma vacina experimental (…) restrita a um público alvo e pré-definido, [que] não substitui o registro sanitário no Brasil. Como se demonstrou antes, será um escândalo que se autorize justo a Astrazêneca-Oxford para uma vacinação é justamente para um púbico alvo idoso, que ficou para lá de subrepresentado em seus estudos clínicos.

Ao contrário do que ocorreu com outros países – especialmente os de maior população – o Brasil fechou o seu leque de fornecimento e não abriu negociação com os vários outros potenciais fabricantes da vacina.

Não era impossível ampliar o número de acordos, como o demonstrou dois Estados (SP e Paraná) terem feito isso com chineses e russos e outras duas grandes farmacêuticas (Pfeizer e Janssen, que é a Johnson&Johnson ) terem se interessado em fazer os seus ensaios de fase 3 no Brasil, pelas suas dimensões populacionais e pelo fato de que os índices de contaminação aqui serem altos, o que permite mais rapidez e precisão na verificação da eficácia do imunizante.

Mas Pazuello não o fez, porque ficou preso às ordens de Bolsonaro que não quis e não quer a vacinação e só a fará sob um quadro de imensa pressão.

Isso, porém, não o exime de responsabilidade. Mesmo que se queira esquecer que ser Ministro da Saúde é uma função civil, até o Código Penal Militar, em seu artigo 38, preceitua que “se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o [oficial] inferior.” Faz tempo que o conceito das “baionetas cegas” deu lugar ao das “baionetas inteligentes’.

Ao praticar uma obediência bovina e irresponsável a alguém que, um dia, responderá (ainda que seja perante a História) como um genocida, Pazuello foi um mau general. Aliás, não um general, mas um ajudante de ordens, e de ordens estúpidas.

Fernando Brito:
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