O Globo invoca a alma aflita de Barbosa e esquece o fantasma de Gilmar Mendes.

O Globo, hoje, publica um editorial onde – invocando o último destempero de Joaquim Barbosa – quer decretar um estranho “impedimento” para a presidente Dilma Rousseff.

Diz que, se ela quiser nomear o ministro que ocupará a vaga deixada pelo renunciante – e mal-educado ao ponto de levantar-se e ir embora, sem esperar o pronunciamento dos demais membros – terá de fazê-lo com alguém “adequado”, sob pena de agravar as “distorções” apontadas por Barbosa em sua ressentida entrevista.

Para o jornal, “será muito ruim para as instituições se Dilma, permeável a pressões de alas petistas radicais em função do quadro eleitoral, fizer uma indicação inadequada ao Supremo, a última linha de defesa do estado democrático de direito”.

Procurei, inutilmente, algum questionamento do jornal quanto ao fato de Fernando Henrique Cardoso ter nomeado seu ministro-chefe da Advocacia Geral da União, Gilmar Mendes – portanto, o advogado do próprio Governo – para uma cadeira no Supremo nos últimos meses de sua gestão.

Mas o jornal se sente no direito de ficar “preocupado” com uma indicação que não foi feita, de alguém que nem ser sabe quem será – ou se será.

Os pesos e medidas de O Globo os de sempre, claro.

Nenhum governo, como o de Lula e Dilma nomeou tantos ministros do Supremo que, nas votações, foram adversários das forças políticas governistas.

Pode-se até discutir a “adequação” destas indicações em muitos casos onde – independente de julgamentos pessoais e criminais, como o do chamado mensalão – deveriam interpretar a lei  em harmonia com as  ideias democraticamente majoritárias que os conduziram ao Tribunal, porque isso é o legítimo, como é legítimo que na Suprema Corte americana os ministros de origem em governos do Partido Democrata levem a Corte numa direção mais liberal e os indicados nos governos do Partido Republicano tendam ao conservadorismo.

O perfil da Suprema Corte, aliás, é traçado assim no infográfico publicado, anos atrás, pelo próprio jornal, sem que houvesse qualquer menção a ameaças às  instituições daquele país.

Ainda assim, o jornal “se esquece” de que os ministros de quem diz terem sido vítimas de “manobras” para influenciar no julgamento da Ação Penal 470 – Cesar Peluso e Ayres Brito – foram, ambos, indicados no governo petista de Lula.

Ficamos, portanto, curiosos quanto ao que O Globo considera uma “indicação adequada” para o Supremo Tribunal Federal.

Merval Pereira, talvez?

Afinal, ele treinou muito como jurisconsulto durante o mensalão…

 

Fernando Brito:

View Comments (30)

  • BOM DIA,

    COMO TUDO NESSE BRASIL GUARANI TEM QUE VIVER A SOBRA DE ALGUÉM, NÃO SERIA DIFERENTE DA DE "JB", E JOGAR AO ESQUECIMENTO O TIMONEIRO, ASSIM PODENDO EFETUAR AS MAIS DIVERSAS MALDADES CONTRA O POVO E CONTRA OS MAIS HUMILDES. MAS OS MESMOS ESQUECEM QUE ELES SERÃO COBRADOS NO FUTURO, POIS DÍVIDA É PAGA DE UM JEITO OU DE OUTRO, MESMO QUE BUSQUE A MANIPULAÇÃO DAS ELEIÇÕES E ISSO SERIA ÓTIMO, POIS EMBARCARÍAMOS NUM CONFLITO ARMADO E ASSIM PODERIA EXTIRPA OS LIXOS DA SOCIEDADE.

    • Helbert, caixa alta significa gritar, sabia? Mais educação, por favor!

  • Pronto! O cara mal sai e já fica dando pitaco! E o PiG reverberando.
    Mais um comentarista do PiG!

  • Vamos fazer uma campanha para a indicação do Juiz Fausto Martin de Sanctis para o lugar de JB.

    • Ele tem um histórico de decisões judiciais que comprova uma alta dose de sensibilidade social em sua personalidade? Ou seria apenas um caçador de marajás de ocasião?

  • Merval é muito destemperado... muito bilioso... A globo" vai fazer campanha para o zé cardoso! Taí um golpista tucano filiado ao PT.

    A globo quer é ele! Ninguém melhor! E quando ele titubear, joaquim "casagrande" barbosa o critica. É sopa no mel!

  • Como este humilde leitor de blogs "sujos" não tem a capacidade e a audiência do Wanderley Guilherme dos Santos então reproduz o seu texto mais abaixo.

    Desde o tempo do Lula venho batendo na tecla de que os incomPTentes dormiam de touca em relação à comunicação com os brasileiros. Que só davam pão e circo, apesar do povo ter direito a informação correta. Que não leram Gramsci. Que tinham medo da Globo. Que abriam as pernas para a Veja. Etc, etc.

    No final do seu governo o Lula parece que acordou e encheu a bola do Franklin Martins. Mas aí veio a Dilma e colocou as antas Bernardo e Helena Chagas, além de puxar o saco daquela louca que põe tomate no pescoço.

    A presidanta veio tomando porrada até há pouco tempo e parecia que tinha acordado prá vida também. Mas ao fazer o seu discurso de candidata se roeu de medo e nem tocou no assunto de Lei das Mídias.

    O Wanderley expressa exatamente o que eu penso (extensivo ao Lula, que não é perfeito), com mais classe e elegância. Ainda tenho um pouquinho de esperança de que os incomPTentes tomem uma atitude. Vejamos . . .

    Mas vamos ao texto:

    Dilma Rousseff colheu o que não semeou

    A presidenta colheu precisamente os resultados do que não semeou: não promoveu a emergência de um sistema democrático de informação.

    Wanderley Guilherme dos Santos

    Aproveitando a vaia pornofônica que singularizou a participação dos reacionários e distraídos na abertura da Copa das Copas, a oposição saiu-se com o comentário de que a presidenta Dilma Roussef colheu o que semeou. Pensou que estava abafando. Não estava. Para além da falta de compostura e civilidade, a oposição errava outra vez no diagnóstico. A presidenta colheu precisamente os resultados do que não semeou: não promoveu a emergência de um sistema de informação democratizado.

    A falta de pluralismo nos meios de comunicação não é ambição de esquerdas partidárias. Trata-se da prestação de um serviço privado, pago por consumidores, atualmente fraudados em suas aspirações de consumo. Ler um jornal, uma revista ou assistir ao noticiário da televisão faz parte da pauta de itens que a vida moderna põe, ou devia por, à disposição de quem os deseje usufruir. E os consumidores têm o direito de protestar. Assim como os passageiros urbanos reclamam da qualidade dos serviços pelos quais pagam, os leitores e espectadores insatisfeitos se julgam ludibriados pelos fornecedores da mercadoria que compram.

    Os jornais, revistas e emissoras de televisão registraram com olhos complacentes os quebra-quebras aleatórios propulsionados pela carestia e falta de qualidade dos transportes em circulação. Não seria bom para a democracia, tal como não o eram os destemperos de violência, que os desgostosos com o pífio padrão do jornalismo, minorias como as de junho do ano passado ou maiorias como a queda de audiência e circulação atestam, empastelassem jornais ou ocupassem estações de televisão, exigindo participação e honestidade de gestão.

    Durante o período que antecedeu a Copa das Copas e não somente em relação a ela, os meios de informação sonegaram centenas, milhares de notícias altamente relevantes para a vida dos leitores e espectadores. Mais do que isso, disseminaram incansavelmente uma visão de mundo incompatível com a realidade dos fatos. Era falso que os aeroportos, estádios, avenidas e metrôs não iriam ficar prontos. Era falso que os gramados não drenariam as chuvas, as comunicações não funcionariam, os holofotes não acenderiam. Era falso que os turistas seriam assaltados, que não haveria segurança, que conflitos gigantescos ofuscariam os jogos nos campos de futebol pela pancadaria generalizada nas arenas do lado de fora. Tudo falso. Moeda falsa. Produto estragado vendido a preço de luxo.

    As trombetas da derrocada econômica, da inflação sem controle, do afinal bem vindo desemprego, são igualmente serviço fraudulento. Os leitores estão sendo diariamente lesados em sua boa fé, duplamente: não são informados do que ocorre efetivamente na sua cidade, no seu estado e no país, e são levados a acreditar que há um pesadelo à espreita assim que puserem os pés fora de casa. Quando não o vêem não é porque não exista, mas porque ainda não chegou a alguns lares: inflação, desemprego, falta de saúde e de educação; pior, falta de perspectiva.

    A lição é terrível. Dela sabiam os tiranos da antiguidade, os tiranos da contemporaneidade os imitaram: um sistema articulado de falsidades pode produzir os delírios fantasistas ou as angústias aterradoras de uma droga, se absorvido por tempo suficiente. Uma imprensa oligopolizada é nada menos do que uma droga. Eficientíssima, capaz de produzir o pessimismo sem fundamento das análises econômicas, tanto quanto o desvario irracional das vaias pornofônicas. Ao se manter indiferente à péssima qualidade do serviço pago, inclusive com as bondades das concessões e outras benfeitorias, a presidenta Dilma Roussef colheu o que não semeou.

  • JB poderia se tornar mais um colOnista do Globo ao lado do Merval. Com certeza seria uma aquisição para o jornal e uma premiação por serviços prestados.

  • Apoio o nome do Desembargador Fausto De Sanctis.Heleno Fragoso também é um bom nome. Dilma só não cometer a loucura de indicar José Eduardo Cardozo ou o Adams(não me lembro o prenome) da AGU.

    • O criminalista Heleno Cláudio Fragoso seria um excelente nome, pena que faleceu há mais de 10 anos. Quando ao desembargador federal Fausto De Santis, concordo plenamente, é um magistrado perfeito para contrabalancear a nefasta influência de Gilmar Mendes.

  • IMPEDIMENTO POR SUSPEIÇÃO
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/33297-enteada-de-ministro-do-stf-e-assessora-de-senador-do-dem.shtml
    o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) emprega em seu gabinete uma enteada de Gilmar Mendes (“desde 2011”)
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/33297-enteada-de-ministro-do-stf-e-assessora-de-senador-do-dem.shtml
    Ketlin Feitosa Ramos, que é tratada na família como filha do ministro, ocupa desde setembro o cargo de assessora parlamentar de Demóstenes, posto de confiança e livre nomeação.
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/35914-enteada-de-ministro-do-stf-deixa-gabinete-de-senador.shtml
    O ato de exoneração -publicado no dia 2 de abril no "Diário Oficial da União"- tem data de 30 de março.
    Suspeição do Juiz - Código de Processo Civil
    “Art. 135 - Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
    I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
    II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
    ...........................................
    IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
    PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DOS ATOS PÚBLICOS
    a) Legalidade;
    b) Impessoalidade; e
    c) Moralidade;

    “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

    MINISTÉRIO PÚBLICO – CONSTITUIÇÃO FEDERAL
    “Art. 127 - O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.”
    Vide Lei complementar nº 73, de 20.05.1993 (organiza o Ministério Público).
    .

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