Jair Bolsonaro está no corner, encostado nas cordas e, pela primeira vez desde que tomou posse, tendo de aguentar apanhar sem devolver com mais forças os golpes.
A questão é que quem o encurrala não é a oposição de esquerda, mas a direita não-bolsonarista e o grupo do Centrão do qual o próprio Bolsonaro achou que se adonara ao patrocinar a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
O primeiro quer tomar as rédeas da orientação político-econômica do governo. O segundo, quer devorar a própria máquina do governo.
Bolsonaro, ao menos temporariamente, perdeu seu pé de apoio nos militares (o grupo palaciano de generais enfraqueceu-se) e na maioria conservadora do Congresso, que não está disposta a acompanha-lo no desastre do (não)debate à pandemia.
Mas nenhum dos dois, ao menos até agora, tem alternativa a Bolsonaro no processo eleitoral.
Sua opção mais viável, Sergio Moro, já vinha avariada há tempos e, com a declaração de suspeição, parece ter sido torpedeada abaixo da linha d’água. João Dória, mesmo com a bela atuação que teve no caso da vacina chinesa (que responde por 85% da pouca vacinação que temos) carrega a maldição do “Bolsodória” e não se viabilizou nacionalmente e nem mesmo no PSDB. Mandetta sequer regionalmente se destaca. Huck é a mais velha novidade da política e está na pista há quatro anos sem decolar. E Ciro…bem, Ciro está se “marinando” e virando apenas uma alternativa de solução partidária que Carlos Lupi, hábil como ele só na sobrevivência política, conduz com inteligência.
E como não têm um nome alternativo, também são prisioneiros do impasse tal como Bolsonaro. Podem acerta-lo apenas com “jabs”, miná-lo, enfraquecê-lo, mas não derrubá-lo.
Ernesto Araújo, o pazuélico chanceler é o alvo da vez. Bolsoná-lo evita entregá-lo, para sustentar suas falanges, mas pode vir a fazê-lo se isso não representar dobrar o joelho. Por isso, já se especula a indicação do Almirante Flávio Rocha para o posto de chanceler. O Centrão derruba, mas a ala militar leva.
Ainda é cedo para dizer se, apesar de seu núcleo importante de apoio nas falanges idiotizadas, Jair Bolsonaro aguentará a sessão de pancadas. Diria que sim, com os elementos que se tem agora, mas governo, quando entre em colapso, vira caixa de surpresas.
E tomara que a genial charge do admirado Aroeira, cheia de significado, não se torne realidade, nem para Putsch da Cervejaria na Baviera ou, mais improvável, para a instituição do Reich.
Ali, também, a direita não tinha alternativa.