O jornalista Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, com a autoridade de quem, como profissional de imprensa, trabalhou conheceu por dentro o império, descreve, como é que as Organizações Globo controlam a vida brasileira.
O “quarto poder”, se sempre alinhou, mundo afora, políticos e governantes, legislativos e executivos.
Mas o Judiciário, em geral, sempre manteve ao menos a liturgia do agastamento destes conglomerados.
As formas que a Globo usou para assumir controles sobre a Justiça são a forma que a Globo usa para tudo: poder e dinheiro.
E poder e dinheiro forma um processo que se retroalimenta.
E que ajuda Paulo Nogueira a mostrar como, com uma audiênca em queda, o impe´rio Global controla uma fatia muito superior das verbas publicitárias que mereceria – para usar a expressão de Helena Chagas – por uma “mídia técnica”.
O controle-remoto pelo qual a Globo comanda o Brasil
Paulo Nogueira
Roberto Marinho foi um gênio, há que reconhecer.
Mas um gênio do mal.
Sua maior obra foi montar um esquema inviolável de manipulação dos poderes no Brasil.
As emissoras afiliadas, entregues a políticos amigos, como Sarney e ACM, garantiram que no Congresso a Globo jamais seria questionada seriamente.
Já sem ele, a obra de controle foi estendida à Justiça pelo Instituto Innovare, do qual falei aqui outro dia.
Na fachada, o Innovare premia anualmente práticas inovadoras no judiciário em cerimônias às quais comparecem os juízes mais poderosos do país, notadamente os do Supremo.
A aproximação, neste processo, dos Marinhos com os juízes é uma aberração do ponto de vista ético e uma agressão ao interesse público, dados os interesses econômicos da Globo.
Contar com juízes amigos é bom para a Globo e ruim para a sociedade.
Um dia Gilmar Mendes, por exemplo, terá que explicar por que concedeu habeas corpus a uma funcionária da Receita flagrada tentando fazer desaparecer os documentos da célebre sonegação – trapaça é a melhor palavra – da Globo na Copa de 2002.
Uma passagem anedótica do Innovare junta Roberto Irineu Marinho, presidente da Globo, e o juiz Cesar Asfor Rocha. Uma foto registra um abraço cordial entre ambos numa premiação. Rocha presidia o STJ e era cotado para uma vaga no STF, na gestão Lula. Acontece que chegou a Lula uma história segundo a qual Rocha pegara uma propina para favorecer uma empresa num julgamento.
O mais curioso é que Rocha acabou votando contra quem lhe deu “uma mala de dinheiro”, segundo gente próxima de Lula. Investigado ele não foi — nem pela Globo, nem pela Polícia Federal, nem por ninguém. Mas, se manteve a alegada bolsa, perdeu a indicação. Rocha, sem problema nenhum com a Justiça depois da denúncia, acabaria decidindo voltar depois para a advocacia.
A melhor prática para a Justiça é absoluta distância da plutocracia para que possa decidir causas com isenção e honestidade. (Investigar juízes acusados de pegar uma mala de dinheiro também vai bem.)
O Innovare é a negação disso.
Que políticos frequentem barões da mídia é lamentável, mas comum mesmo em democracias avançadas como a Inglaterra.
Nos últimos 30 anos, na Inglaterra, Rupert Murdoch – o Roberto Marinho da mídia britânica — foi procurado e bajulado por líderes conservadores e trabalhistas, indistintamente. (Um deles, Tony Blair, acabou estendendo a proximidade para a jovem mulher chinesa de Murdoch, com a qual teve um caso que levaria ao divórcio de Murdoch.)
Mas se juízes frequentassem Murdoch uma fronteira seria transposta. Jamais aconteceu. O juiz Brian Leveson não poderia conduzir as discussões sobre novas regras para a mídia inglesa se privasse com Murdoch.
Isto é óbvio, mas o poder prolongado da Globo a deixou de guarda baixa quando se trata de preservar a própria reputação.
O Innovare é um escândalo em si. E uma inutilidade monumental em seu propósito de fachada: melhorar a Justiça brasileira.
São dez anos de atividade. Quem poderá dizer que a justiça brasileira melhorou alguma coisa com o Innovare?
A Globo tem nas mãos como que um controle remoto com o qual comanda as coisas que lhe são essenciais no Brasil.
No futebol, um negócio de alguns bilhões por ano, a Globo teleguiou durante décadas os homens fortes da CBF, Havelange primeiro e depois Ricardo Teixeira.
‘Teleguiar” significou dar propinas, ou eufemisticamente, “comissões”. O Estadão mergulhou num caso que está na justiça suíça, relativo à Fifa. E escreveu numa reportagem: “Havelange recebeu propinas de uma empresa para garantir o contrato de transmissão do Mundial de 2002 para o mercado brasileiro.”
Quem transmitiu? E que jornal ou revista investigou o caso? A Veja não se gabava tanto de seu poder investigativo? Ou só vale para seus inimigos?
A mesma lógica de ocupação manipuladora a Globo promoveu em sua fonte de receita – a publicidade.
Nos últimos dez anos, a Globo perdeu um terço da audiência, em parte pela ruindade de sua programação, em parte pelo avanço da internet.
Mesmo assim, sua receita publicitária não parou de subir. Há uma aberração no Brasil: com 20% do bolo de audiência, medido pelo Ibope, a Globo tem 60% do dinheiro arrecadado com publicidade.
Ganhar mais publicidade com menos público é façanha para poucos.
O milagre, ou truque, se chama Bônus Por Volume, o infame BV. Basicamente, quanto mais uma agência veícula na Globo, mais recebe.
Meu amigo Jairo Leal, antigo presidente da Abril, me disse que muitas agências simplesmente quebrariam se não fosse o dinheiro do BV.
É claro que uma hora o anunciante vai se incomodar com o dinheiro excessivo posto numa emissora que perde, perde e ainda perde espectadores.
Mas até lá você – em boa parte graças ao BV – vai ver os Marinhos no topo dos bilionários do Brasil.
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Olha só gente, a estratégia já é manjada. Os norte-americanos financiam golpes pelo mundo contra governos de países contrários aos seus interesses. Usam a impressora de dólares para comprar a mídia local e incitar revoltas e instabilidade através de jornais, TV e internet. O controle da mídia local é muito mais eficiente, barato e rápido do que o uso de armas, soldados e tanques. O comunismo, o terrorismo ou armas de destruição em massa, são apenas desculpas para expandir o imperialismo através de mercados de consumidores escravos, transformando o país vítima do golpe em uma neo-colônia. Já fizeram em vários países, inclusive no Brasil em 1964 com a ajuda da Rede Globo.
Gafe do Itaú
http://www.infomoney.com.br/blogs/blog-da-redacao/post/3225892/itau-comete-gafe-responder-internauta-que-cogitava-suborno-carnaval
E o prêmio Innovare deste ano vai para: Joaquim Barbosa, por suas várias inovações no julgamento da AP 470.
Seria trágico se na fosse cômico, quem disse que o judiciário precisa de Inovação? O Judiciário precisa ser o guardião da constituição, dos direitos individuais e coletivos, antes de mais nada ainda precisa ser o guardião da ética.
Quem quiser inovar que vá virar carnavalesco na Mangueira....
Pelo que esse mesmo diz, para trabalhar na globo é preciso antes passar por processo de imbecilizante e não sabemos o que desfaz isso, pois se soubéssemos os nossos índices educacionais seriam os melhores do mundo.
Faço um pedido para que as reivindicações de Requião sejam efetuadas
pelos responsáveis.
Não é possivel que a Transparência não chegue a um Senador da Republica e do Paraná.
Acho bom o Governo fazer sua parte quanto a transparência.
Ele tem tres pedidos, e nenhum ainda foi feito.
--Darf da Globo
--Dinheiro Estrangeiro no BB
--Dinheiro de emprestimo a Globo.
CUMPRA_SE.
Presidenta, ajuda ai por favor!!!!
A globo não é um quarto poder. A globo é o quarto do poder (e também a privada) .
A verdade é dura, a rede globosta apoiou a ditadura e a tortura. Some do meu país, imundicie!
" ERA UMA VEZ, NUMA TERRA NÃO MUITO DISTANTE, UMA REDE DE TELEVISÃO QUE RESOLVEU BOTAR TODO O JUDICIÁRIO NO BOLSO DO INNOVARE, DANDO-LHES MIMOS E AGRADOS, E TODO O JUDICIÁRIO AJOELHOU-SE AOS SEUS PÉS. "
EM TEMPO: QUASE TODO O JUDICIÁRIO, O BARROSO, ASSIM COMO O LEWANDOWSKI NÃO SÃO CHEGADOS AOS MIMOS E AGRADOS DE CORRUPTOS.