O modelo de inclusão no consumo está esgotado?

Toda hora você vê um economista um político da direita – ou na “nova política”, que anda de mãos dadas com ela – dizendo que o modelo de economia apoiado num forte consumo interno, pela inclusão crescente dos pobres em ascensão econômica está virtualmente “esgotado”.

Aliás, no mundo em crise, chega a ser estranho que nossa imprensa viva chorando ao dizer que o crescimento do comércio foi “só” de 4,3% e outras coisas assemelhadas.

Ontem, o Serasa Experian (não consta que seja uma empresa destinada a promover o populismo comunista) e o Datapopular divulgaram e evolução do que, com muito boa vontade, é chamado de classe média no Brasil, num critério que, vá lá, define quem apenas saiu da pobreza.

os resultados, que você vê no gráfico abaixo, não admitem discussão: em 2003, no início do Governo Lula, os pobres eram 49% da população. No ano passado, caíram para menos da metade: 24% do total. E, em 10 anos, a percentagem estará reduzida para apenas 9%.

Esse mar de gente consome produtos, serviços e bens imateriais – arte, cultura, informação – aos bilhões e bilhões de reais.

Você vê no gráfico lá de cima o que esta gente irá demandar em matéria de consumo.

E não está na conta o que será comprado pelos grupos de maior renda, que também estão crescendo, o pouquinho que os mais pobres conseguem consumir e as exportações que um produção nesta escala permite ser competitiva.

Quem é que pode dizer que um mercado assim está esgotado?

Fernando Brito:

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  • mais um excelente artigo do tijolaço, lúcido e embasado em dados.
    tijolaço - para nossa felicidade - caminha para ser o melhor blog político do brasil (se já não é). fernado britto, depois que conheci seu blog, a aproximadamente um ano, desmascarar coxinhas ficou mais fácil que chutar cachorro morto. parabéns é pouco para sua dedicação e trabalho. continue assim!

      • Idem, Idem, Idem... minha leitura permanente durante o dia... passo por aqui várias vezes, sempre que tenho uma folhinha!
        Ainda vou contribuir para o blog, viu Fernando!

  • Fernando, parabéns pelo excelente trabalho jornalístico, ajudando a desmistificar a campanha de baixo estima, operada diariamente pela velha mídia. Sugiro apenas corrigir um pequeno engano do texto:

    Onde se lê: "No ano passado, caíram para menos da metade: 34% do total."

    Corrigir para: "No ano passado, caíram para menos da metade: 24% do total."

  • Olá, Fernando. Hoje vc se superou. Fato que está ocorrendo quase diuturnamente. Parabéns.

  • A unica coisa que não se esgota é a cantilena do desastre. Apesar de não ter a menor credibilidade essas Mãe Dina do presente continuam a insistir, como no caso do apagao que a cada ano insiste em não acontecer.

    Fernando, sugiro apenas que revise o texto "34% do total" para 24%. Confesso que fiquei um tempo tentando entender o texto com base nos números.

    Forte abraço

  • Esse tipo de argumentação não possui qualquer sustentação para a realidade brasileira. É como dizer que o modelo de exploração de combustiveis fósseis é ultrapassado, que a modernidade é a energia eólica e solar e que deveríamos abandonar, de imediato, a exploração da camada pré-sal, porque esse modelo já deu o que tinha de dar.

  • Fernando, a classe baixa caiu em 2013 para 24% e não para 35% conforme está no texto.

    Abraço;

  • A política do PSDB é a política da raposa: "Se não pode pegar deve estar podre então."

  • Quem está começando a olhar mais para o mercado interno, quem, quem? A China, então, estamos no caminho certo, deixem os golpistas espernear. Com mais 4 anos do PT no governo, o país terá consolidado as linhas mestres dos projetos de crescimento com inclusão social, aí, meu amigo TCHAU gentalha.

  • E se o "fim da pobreza for somente o começo", o brasil tera outro perfil, outra força de influencia em termos de atuaçao internacional dentro de alguns poucos anos.
    E sendo hoje o polo de atraçao que ja é, podemos imaginar o que pode vir a ser.
    Tenho para mim que, nesse momento futuro, até mesmo os sujeitos da viralatice de hoje, tenderão a mudar por si mesmos nossa autoavaliaçao futura. E se a grande crise/porrada no centro do capitalismo se materializar nesse interim... entao termos faca de dois gumes. Sendo bem possivel que quem se corte nele, NAO sejamos nós.

  • O que está 100% esgotado é a credibilidade desses mercadores da mala suerte ...

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