O norueguês vem dar conselhos para o nosso petróleo: “não façam o que fazemos!”

A Folha publica uma entrevista com  o presidente da  petroleira norueguesa Statoil, Eldar Saetre,  que passou a semana no Brasil para engrossar o coro das multinacionais do setor por mudanças nas regras para exploração de petróleo no país.

Diz o senhor Saetre, muito zeloso dos interesses da estatal da Noruega, como já deixa claro o nome da empresa, que  “para atrair empresas estrangeiras como a Statoil, é muito importante ser mais flexível com relação ao papel da Petrobras. Porque também gostamos de operar [a exploração dos campos], de ter a oportunidade de usar nossa tecnologia e nossas competências para criar valor para o país”.

Os noruegueses, claro, estão defendendo seus interesses – e já abocanharam um dos mais promissores campos do pré-sal, o de Carcará, na Bacia de Santos. Mas você quer saber como eles fazem lá com o petróleo deles, nas águas do Mar do Norte.

Exatamente como faz – ao menos até agora – a nossa Lei de Partilha. Aliás, é mais dura: ao menos 50% de participação estatal, obrigatória. A gestão das reservas é controlada pela estatal Petoro – equivalente à nossa Pré-Sal Petróleo – e grande parte é operada pela Statoil. Os recursos vão, lá como no modelo brasileiro (moldado à semelhança do norueguês), para um fundo.

Aliás, a economia norueguesa é fortemente estatizada: pertencem ao governo 37% de todas as ações de empresas do país negociadas em bolsa, como registra o ótimo correspondente do Estadão, Jamil Chade.

Independente apenas desde 1905, a Noruega rejeitou em duas votações nos últimos 40 anos a ideia de fazer parte da União Europeia.
Mas o modelo norueguês também tem outro componente: a forte presença do Estado em praticamente todos os campos da economia. Segundo especialistas, essa tendência começou depois da 2.ª Guerra Mundial, quando o governo nacionalizou empresas ligadas à Alemanha. Assim, o Estado ficou com 44% das ações da Norsk Hydro, tem participação de 37% na Bolsa de Valores de Oslo e em dezenas de empresas.
O capitalismo de Estado fez com que economistas ironizassem a situação chinesa. Uma piada contada entre analistas aponta que, no fundo, o modelo desenvolvido pelo Partido Comunista Chinês nos últimos dez anos não passa de uma cópia do modelo norueguês existente há meio século

Imaginem se aqui o governo controlasse quase 40% das empresas, o que diriam? Bem, no mínimo que viveríamos num comunismo opressivo.

Foi esse modelo que tirou a Noruega da condição de um dos países mais pobres da Europa e elevou-a à condição de maior Produto Interno Bruto per capita do mundo: acima de US$ 100 mil, o dobro do dos EUA.

Óbvio que, como se trata de uma nação de pequeníssima população – tem seis milhões de habitantes, o mesmo que a cidade do Rio de Janeiro – os efeitos são mais rápidos e a gestão da economia mais simples. E, sobretudo, tem uma escala de mercado interno muito pequena, que torna dispensável – enquanto para nós é vital – a industrialização pesada e a produção interna de bens.

Mesmo assim, no início da exploração de petróleo estabeleceram políticas ultraprotecionistas de conteúdo local. Depois, com um parque de fornecedores estabelecido e tecnologicamente capaz, abrandaram-nas.

Volto ao petróleo: o senhor  Eldar Saetre não é cínico ao ponto de dizer que dividir a operação da extração de óleo aqui seriam bom se isso não fosse feito lá.

É, mas vejam como: é o Estado norueguês, através da Petoro,  quem define quanto será extraído por poço, para evitar a predação das reservas (nos períodos de baixo preço, uma multi poderia tirar mais das reservas mais taxadas proporcionalmente e preservar outras, suas próprias ou de baixa taxação) e a Statoil tem o direito de fiscalizar todas as plataformas, definir normas operacionais e acompanhar o ritmo de extração.

Só tem um probleminha: o petróleo do Mar do Norte está acabando. Hoje, é apenas um terço do que era no auge, no ano 2000. E o que restou está em poços de menor produção e, portanto, custo mais alto.

O contrário do nosso pré-sal, que está apenas começando. Em oito anos, com  menos de 2% dos poços existentes no Mar do Norte, já retiramos de lá praticamente a quantidade de óleo que hoje extraem.

É por isso que os noruegueses estão mandando executivos para onde haja petróleo em quantidade. Mandaram um para cá, atrás de Temer e outro para o México.

Estão topando tudo para não secarem junto com seu petróleo. Inclusive, e principalmente, compra megajazidas, com custo de exploração 70% menores do que têm por lá, a preço de banana.

Estão defendendo o país com quem se identificam, a Noruega.

E sempre hão de encontrar dirigentes que desprezam seus países e entreguem suas riquezas por trocados.

Fernando Brito:

View Comments (18)

  • O Norueguês da statoil quer para o Brasil o que os noruegueses não querem para a Noruega.
    malandro.

    • ele vem aqui vender o peixe dele...e os antinacionais brasileiros vender a NAÇÃO. O problema não é ele, nacionalista norueguês. São os que aqui se vendem por dinheiro, traindo a pátria.

  • Voltamos rapidamente aos anos 90, agora qualquer estrangeiro manda aqui, não é só palpite ou dica, É ORDEM. Viva o DESGOVERNO INTESTINO DA EXCLUSÃO SOCIAL e MORAL.

    • Um desgoverno GOLPISTA, com auxílio do Judiciário, do MPFSDB e da PFSDB!

  • Brito, você está certo os momentos do petróleo na Noruega (Mar do Norte) e nosso pré-sal são diferentes lá após significativa produção passa por declínio abrupto, aqui em crescimento cada vez mais intenso. Importante é considerar que o Brasil tem mais que a Petrobras envolvido na produção de petróleo, ainda que muito longe de outros dos outros participantes tanto na abrangência da produção de petróleo e derivados, naaquisição de bens e produtos nacionais, na pesquisa e desenvolvimento científico onde se destaca como precursor das águas ultraprofundas. Temos a ANP responsável pelas licitações e fiscalização da atividades de produção e todo arcabouço jurídico institucional envolvido: na preservação de meio ambiente, no Ministério de Minas e Energia quanto a fomento de energias renováveis, no Ministério da Defesa quanto ao valor estratégico, no Ministério da Fazenda envolvido em políticas monetárias afetadas pelos recursos gerados pelo petróleo. Isto é grande demais para não ser percebido todo interesse nacional na gestão do petróleo. Sim, ter este atual time nos governando com golpistas, oportunistas, entreguistas e alguns de seus elementos suspeitos das maiores falcatruas nos assusta muito. Salve Jorge

  • Da Série 'Agora escuta mais esta'!
    As organizações criminosas Globo assumem "numa boa" que é golpista e cerceadora da liberdade de expressão!
    Lei de Segurança Nacional e cassação da concessão ainda seria pouco!
    Entenda mais esta patifaria!

    $$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$

    “Fora Temer” na Fátima gera alerta para todos os programas ao vivo da Globo

    Mauricio Stycer 10/09/2016 17:29

    Os cuidados com os figurinos e objetos usados em cena por convidados em programas ao vivo da Globo aumentaram depois de um incidente ocorrido na última quinta-feira (08), no “Encontro com Fátima Bernardes”.
    No programa, um músico que acompanhava o cantor Johnny Hoocker foi filmado com uma camiseta que exibia a frase ''Fora Temer''. Ele apareceu no canto direito, no alto da imagem, apenas uma vez e depois não foi mais focalizado.
    A ordem da direção é reforçar, nos bastidores, o controle sobre o que vestem e carregam os convidados de atrações ao vivo. No caso do tecladista de Hoocker, a culpa foi creditada à figurinista do programa de Fátima, que não checou a camiseta que ele vestia por baixo da camisa.
    O controle já foi notado já no dia seguinte no próprio “Encontro” e neste sábado nos bastidores do “É de Casa”.

    FONTE: http://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/2016/09/10/fora-temer-na-fatima-gera-alerta-para-todos-os-programas-ao-vivo-da-globo

Related Post