É triste e patética a entrevista do General Eduardo Villas Boas hoje, a O Globo.
Muito embora seu sofrimento físico desperte a natural simpatia de todas as pessoas de bons sentimentos, uma vez que ele decidiu não se retirar e manter-se em cargos e no debate político não pode, por aquela razão, estar imune a críticas e ao julgamento público, como qualquer integrante deste governo estaria.
A conversa já começa por uma situação que só o desejo de sugerir o uso do Exército pelo governo petista faz com que seja narrada: uma suposta “sondagem” sobre a decretação de um “estado de defesa” durante o impeachment, para suspender o direito de reunião e de manifestação.
Villas Boas nega que tenha sido sondado por Dilma ou por ministros de seu Governo.
Diz, entretanto, que “a sondagem existiu”, por parte de dois deputados “da esquerda” à assessoria parlamentar do Exército.
General, francamente, ninguém mais que o senhor deveria entender de patentes para saber que isso tem tanta importância quanto uma conversa de tenentes, na melhor das hipóteses. Nem um lado nem outro têm estatura para este tipo de sondagem e basta olhar para o panorama do Congresso de então para saber que não havia nenhuma possibilidade de que ele referendasse o decreto de exceção.
Depois, fala de “três pilares” que definiu para a ação do Exército: legalidade (intervir apenas para a garantia da lei e da ordem quando solicitado por um dos três poderes”), estabilidade e legitimidade na ação.
Como, dos três, apenas o primeiro existe na Constituição, o general começa a mostrar que lançou-se ao perigoso terreno de fazer a Força Armada ir além de seu papel constitucional, decidindo o que é estabilidade e o que seria legitimidade. Estável e legítimo é a constitucionalidade, não o arbítrio de comandantes militares e o de seu chefe.
É daí que parte o pensamento mais esdrúxulo do general, ao atribuir seu heterodoxo twitter com uma ameaça velada aos ministros do STF quando do julgamento do habeas corpus em favor de Lula. Diz que sua intenção foi evitar a “impunidade” – “O Exército compartilha o anseio de repúdio à impunidade” – e prevenir o que, segundo ele, seriam manifestações enfurecidas contra uma decisão que libertasse o ex-presidente.
Aí, há uma usurpação: cabe ao comandante do Exército definir o que seja impunidade ou decidir que deve ou não ser punido e como perante a lei civil?
Que não parou aí, porque ele diz que estava interpretando o “pensamento do Exército” – que não tem de pensar sobre decisões do Poder Judiciário, mas acatá-las, como todo servidor público tem de fazer – e agindo em “conformidade com a vontade da população”.
Ótimo, general, então agora temos o Comandante Ibope, que direciona as Forças Armadas ao que supõe ser “a vontade da população”!
O final da entrevista segue o mesmo tom patético.
Finge não saber a razão de Jair Bolsonaro ter-lhe dito em discurso que ele, Villas Boas” era “o motivo de estar ali”, na Presidência.
Diz que , apesar do grande número de militares no Governo Bolsonaro, a presença militar “não resulta influência direta sobre o presidente”. Quer dizer, então, que oito militares entre 22 ministros e centenas deles em cargos elevados da administração civil não exercem influência?
Então, o que fazem lá? Cuidam apenas de engordar o contracheque, elevar os soldos e serem lenientes do processo de entrega do patrimônio e da soberania nacional?
Isso vale ver o comando do país ser tomado por um bando de lunáticos, fascistoides e insanos, que detonam qualquer um – inclusive generais – que ainda tenta se portar com alguma lucidez ou dignidade?
Uma pena que alguém dissipe tão rapidamente a confiança em quem a Nação tinha como um militar moderno, apolítico e estritamente profissional.
View Comments (43)
A primeira indagação,é o que quer dizer,NAÇÃO?Pra essa gente,a MILICAMA TODA,que durante TODA A HISTÓRIA ,DELES,sempre estiveram prontos,PRA DAR GOLPES,em favor de seus senhores.OS RICOS,e que não lhes dão,nem "BOLAS",no propósito de todos eles,um dia FICAREM RICOS,PERMISSÃO QUE OS burgueses lhes concedem,DESDE QUE ENTREM SEMPRE,PELA PORTA DE SERVIÇOS.A outra indagação,´são os preparos que essa gente tem,particularmente os mais graduados,que se metem nas escolas militares,que além de MATEMÁTICA,somente aprendem a MARCHAR ,e cantar o HINO NACIONAL,assim mesmo DEITADOS ETERNAMENTE,EM BERÇO EXPLÊNDIDO,que é a única coisa que guardam,pra o resto das MISERÁVEIS VIDAS.
Simpatia por essa criatura asquerosa? Se pudesse arrancava esse tubo das ventas desse maldito e enfiava num buraco mais abaixo.
Patética essa entrevista. O Exército não é e nunca será dono do Brasil.
Eu tenho maus sentimentos;desejo que esse pústula apodreça em vida.
Tô chateado. Pensei que ele já estivesse mais podre.
ELA tá demorando...
Podre está. Só que o Inferno continua se recusando a recebê-lo!
Parece que o subconsciente dele próprio também deseja isso, tanto é que está apodrecendo.
Segundo o general “O Exército compartilha o anseio de repúdio à impunidade”.
Não há limite para um cara de pau, ou seja, tem repúdio à impunidade desde que não revoguem a Lei de Anistia aos bandidos militares assassinos e torturadores do período da ditadura. O Brasil realmente é o país das excentricidades!
é uma pena que o general não lerá esse artigo. realmente é uma pena, pois ele poderia se inspirar nele e, já que ele não conseguirá mudar o seu deplorável passado recente, pelo menos poderia construir um futuro mais decente, mais honesto, ter um fim de vida mais digno.
não será fácil pros netos dele carregarem nas costas a pecha de terem um avô traidor (sim pois foi isso que ele fez com a presidenta Dilma) e, pior, conspirador.
ainda há tempo, alguém poderia encaminhar esse texto a ele.
Uma análise perfeita da atuação política do General, feita com rara propriedade crítica. O General não sabe o que estará perdendo, se não tiver a oportunidade de passar os olhos neste artigo do Brito. Poderia então ter mais elementos para fazer um julgamento mais preciso de seus próprios atos, de seus equívocos e das consequências deles , o que talvez o ajudasse a redimir sua atribulada biografia.
Lamentavel.
Ele deve estar preoculpadíssimo com a impunidade do Queroz, do Ônix, do Flávio, dos laranjas, etc, etc que na verdade são crias dele. Mas reforço no soldo alivia qualquer dignidade. Quem matou Mariela, quemmmmm?... kkkkklllll
O General disse que recebeu dois deputados do PT que o sondaram sobre o Estado de Exceção. Não se deve duvidar que tenha recebido mesmo duas pessoas. Mas, eram mesmo deputados? E se eram deputados, eram mesmo do PT? Os generais e militares em geral são vitimados permanentemente por propaganda de direita, e costumam elastificar bastante o conceito de "petista". É preciso esclarecer esta questão, já que se trata de um detalhe importante da História.