O “pai do pré-sal” e o crime contra o Brasil

No dia em que a Petrobras é entregue ao Ministro do Apagão do Governo Fernando Henrique Cardoso, faço questão de publicar as declarações de um homem que, embora tenha dado ao Brasil a sua maior riqueza em décadas ou num século , encontrando as jazidas do pré-sal, pude encontrar, algum tempo atrás, prosaicamente sentado numa estação de barcas em Niterói.

Guilherme Estrella, no dia em que este país for justo, será venerado como um herói nacional, aquele que liderou o esforço de centenas de brasileiros, que fizeram da ciência e da ousadia, sua forma de defender este país. É por isso que, mais do que ninguém, ele tem moral para falar do que está sendo feito com nossa grande ferramenta de libertação nacional.

40 anos de Petrobras, nove como o o diretor de Exploração e Produção nos quais se descobriram as imensas reservas brasileiras de petróleo e gás em águas profundas, o “pai do pré-sal” sabe falar com linguagem simples do que está criminosamente feito com o petróleo, a Petrobras e o Brasil.

Transformar o que ele chama de grande oportunidade num “grande problema” é legitimar – ou tentar fazê-lo – o grande caminho do Brasil numa grande fonte de problemas é a capa de uma recolonização do país, na qual nos acreditamos incapazes ou indignos de construir nosso próprio destino.

Leia o texto, publicado originalmente, hoje, no GGN:

A Petrobras como instrumento de desenvolvimento do Brasil…

Nesse ano e meio de nova gestão o governo tem se mostrado muito ausente, mesmo sendo o acionista majoritário da Petrobras. Isso passa uma imagem de descontrole. A empresa, na sua história, sempre refletiu o pensamento, a política e a ideologia do acionista controlador. E tem que ser assim mesmo. A Petrobras sempre foi uma ferramenta do governo brasileiro, dada a sua importância social, econômica, política, tecnológica e cultural para o país. É inaceitável a ausência de controle do governo, principalmente, porque sugere para o corpo de empregados falta de controle. A Petrobras tem que ser uma empresa de governo com políticas de governo.

Um olhar sobre a dívida da Petrobras…

Temos uma dívida elevada, mas porque tivemos que investir muito nos últimos 12 anos. O Brasil de 2002 era um país energeticamente dependente. Não tínhamos soberania. Hoje, com a descoberta do pré-sal, nós temos a possibilidade de projetar o Brasil que queremos. Antes não era possível. Para isso foram necessários grandes investimentos. O pré-sal foi descoberto e iniciou-se a operações em tempo recorde. O setor petrolífero internacional fica surpreso quando vê essa capacidade e competência para explorar em águas profundas, com tecnologia nossa. A experiência profissional da Petrobras é ímpar. Estamos produzindo no pré-sal e não tem um acidente. Há um ou outro problema, mas grandes acidentes não há. Exploração e Produção nos faz lidar com riscos, imprevisibilidade. Furam-se 10 poços para achar um com óleo. Os banqueiros jamais financiariam isso. Também criamos uma infraestrutura de gás ligando o sul e sudeste ao nordeste. Então, o governo tem que retomar a gestão da companhia e participar diretamente, como acionista majoritário, da solução da dívida da empresa, afinal o Brasil recebeu de sua companhia de petróleo a soberania no século 21. Somos uma das colunas mestras da economia nacional.

Defender a Petrobras é dar oportunidade ao futuro que queremos…

A Petrobras tem um poder indutor do desenvolvimento nacional que é incrível. Por exemplo, o agronegócio brasileiro é outra coluna mestra da nossa economia, seja no consumo interno ou para exportação. Mas extremamente dependente de fertilizantes importados. O pré-sal vem com muito gás, não só pra gerar energia elétrica, energia para indústria e consumo doméstico, mas vem também com uma riqueza de nutrientes nitrogenados que resolve o problema de fertilizantes brasileiros. Mas esse potencial precisa ser aproveitado, para termos independência nesse segmento também. Tudo isso foi o governo que fez através da Petrobras, uma empresa feita por brasileiros, que descobriu petróleo no Brasil, não em lugares distantes como Indonésia, Austrália ou no golfo arábico, como acontece com as grandes empresas petrolíferas. O nosso petróleo está em Copacabana (Rio de Janeiro), está de frente com São Paulo (Santos). É uma dádiva da natureza, uma riqueza natural estratégica. Isso tudo é de um valor inimaginável na geração de empregos e no desenvolvimento de tecnologia.

A corrupção aos olhos do cidadão comum…

A corrupção está sendo investigada e tratada pela justiça. Mas o funcionário da companhia deve sempre se sentir orgulhoso de fazer parte dessa história vitoriosa, de uma empresa que, com 63 anos, dá ao Brasil a sustentação energética, a segurança alimentar por todo o século 21. Os Estados Unidos importa hoje cerca de 5 milhões de barris por dia. Por isso tem que manter a OTAN, que na prática serve para garantir o suprimento energético da Europa e dos EUA. Iraque, Líbia e Síria estão aí para provar isso, ou estão destruídos ou sem governo, instáveis, por ações da OTAN. A equipe técnica da Petrobras é de longe a melhor do mundo.

Inovação e desenvolvimento tecnológico…

Para se desenvolver tecnologia e investir em inovação e preciso um motivo. Ninguém faz isso sem objetivo, e tudo por conta do acaso. O motivo é a necessidade e quando você supera essa necessidade você transforma isso num processo de causa e efeito extremamente virtuoso. Quando se supera uma etapa já se abre o olhar para novos desafios e isso dá uma robustez. A Petrobras hoje desenvolve tecnologia todos os dias nas suas frentes operacionais. Isso já foi incorporado no processo produtivo do sistema. Antigamente nós tínhamos o “do poço ao posto”, depois o “do poço ao poste” e agora estamos no “do poço ao campo”, com os fertilizantes, e depois “do poço ao plástico”, com a petroquímica. Todo esse sistema é integrado a partir de um importante olhar do que seria uma empresa estratégica e complexa dentro de um país em desenvolvimento. Para tudo isso, a presença do Estado é fundamental. Os diferentes elos desse sistema estão submetidos a variações de mercado diferentes. Por isso, é importante manter essa integração porque você mantem uma “vacina” anticíclica, que compensa perdas e ganhos. Por exemplo, quando você tem o preço dos combustíveis remunerando bem, às vezes o preço de prospecção não está bom. Então a integração é condição para o equilíbrio e para manter o sistema estável. Quando você fragiliza um dos elos interfere em todos os demais.

A política de conteúdo nacional e um Estado soberano…

A estratégia do conteúdo nacional não pode ser acéfalo. Temos hoje dois modelos de desenvolvimento disputando o Estado brasileiro: um com enfoque na soberania e independência; e um outro extremamente dependente, privatista. A principal diferença entre eles é o “cérebro”. Falamos aqui da competência tecnológica, de conhecimento, de engenharia. Quando se coloca isso no exterior, mata-se a inteligência brasileira. O verdadeiro desenvolvimento de um país acontece quando o país possui instrumentos para resolver seus próprios problemas. Essa é a verdadeira soberania. A experiência nacional é fundamental e a indústria petrolífera tem um espectro de tecnologia e cadeia produtiva extremamente largos. Passa pela informática, mecânica, eletrônica. E manter esses sistemas de avanços científicos e tecnológicos em 20 anos nós seremos outro país.

A Petrobras e o golpe…

Estão querendo transforma o pré-sal de uma grande oportunidade em uma grande ameaça. Não é querer se isolar do mundo, mas estamos diante de uma perspectiva de desenvolvimento importante para o Brasil, os brasileiros, a engenharia nacional, a indústria de defesa, para a ciência e tecnologia, agricultura e a economia como um todo. Ter empresas estrangeiras participando da exploração do pré-sal é uma coisa, mas nos mantermos como controladores únicos é importante. Ter um estrangeiro operador é irreversível. É uma oportunidade que se deixa passar para o conhecimento e o desenvolvimento nacional. Afinal, essas empresas tem seus centros de pesquisas no exterior.

O plano de demissões apresentado pela gestão atual…

Voltando ao que falei sobre nosso modelo de sistema integrado, ele depende de um corpo técnico, administrativo e legal em longo prazo. É fundamental não apenas para fazer acompanhamento dos avanços tecnológico e operacional, mas para ir qualificando profissionais para as novas gerações. Para isso é fundamental um misto de experiência e conhecimento que nos dá confiança para tocar a imprevisibilidade cotidiana nas operações de prospecção, logística, refino entre outras da cadeia de petróleo. Por isso, dispensar gente experiente, que sabe lidar com as dificuldades de cada dia, é um contrassenso. Além disso, façam as contas, não apenas preocupados com enxugar gastos em período de crise. Mas é imensamente mais valioso o que está na cabeça das pessoas, que adquiriram experiência de como funciona o coração dos negócios. É uma riqueza insubstituível. Estão liberando o bem mais precioso. Demissões não podem sem uma ferramenta de gestão numa empresa petrolífera como a Petrobras. A empresa de hoje é resultado da transmissão entre gerações de competências, responsabilidades e de compromisso com o Brasil.

Combater a corrupção sem paralisar a atividade econômica…

É fundamental aplicar as leis contra os crimes. As empresas precisam ser investigas e penalizadas, mas não podem ser tiradas do grupo de fornecedores de bens e serviços da Petrobras. Porque na empresa esta a inteligência da engenharia brasileira e você não pode penalizar um corpo de profissionais porque os altos dirigentes foram envolvidos em corrupção. É preciso preservar essas companhias de capital privado nacional. E isso não é invenção nossa. Em 2008, quando dezenas de empresas americanas estavam sendo destruídas, em diversos setores, o que fez o governo dos EUA? Salvou aquelas empresas. Por quê? Elas são estratégicas para o país. Assim como a Petrobras as empresas de engenharia são estratégicas para o Brasil. Alí está uma parte importante da inteligência nacional e do que diz respeito ao desenvolvimento autônomo e soberano do Brasil.

Fernando Brito:

View Comments (13)

  • O petróleo enterrado no pré sal é público. E como bem público deve ser administrado com o maior zelo. Portanto, deve a exportação ser estritamente para a troca de bases para o refino (óleo leve com óleo pesado). E deve ser de consumo estritamente interno, do brasileiro. Qualquer pensamento ou projeto em contrário eu viro bicho de bravo.

    • Vão exportar toda a produção e agente ainda vai importar petróleo depois é só combinar com a Globo e BAND e colocar a culpa no PT.

  • É a turma que acha absurdo dar uma bolsa familia e reclama de investimentos em educação e saúde que se propõe a entregar trilhões de dolares das reservas do pré-sal para uma potência estrangeira. É um viralatismo estarrecedor e ofensivo. A única saida é a população reagir violentamente. Esses caras tem que ter medo.

  • Ei pessoal da FUP, grandes sindicatos, nobres funcionarios da Petrobras! Parem o funcionamento do Brasil. Por uma semana. Acho que a populaçao vai sentir a importancia dessa empresa. Nada de grevinha de aviso... Os lesa-patrias e golpistas nao estao nem ai pra voces.
    Honrem o lema e missao dessa nobre empresa que mesmo severamente massacrada pode mudar o futuro desse Pais. Nao ha outro jeito. Ou eles batem o martelo e o Brasil todo pagara o pato... Resistir sempre!

  • Crime contra o Brasil é o que o PT, juntamente com o PMDB e com o PP, fez à Petrobras.

  • PFL ninguém mais queria votar e com isso eles malandros que são mudaram o nome do partido para engabelar o povo para DEM, muitos foram para o PSD de Kassab e agora o traidor nos apunhala pelas cotas e coloca a camarilha no 1º escalão da república.
    É um insulto este partido que sempre foi golpista usar a denominação de democratas.

  • Pedro Parente, o incapacitado responsável pelo APAGÃO, é o mais indicado para promover outro desastre nacional.

  • Existe armações em curso já há bastante tempo para privatizar nossas ESTATAIS,infiltram pessoas nas diretorias para enfraquecer e inviabilizar criam-se leis pois isto faz parte
    do plano diabólico a quem interessar possa.Por isto somos motivos de piada no Mundo todo,pois a corrupção mostra isto.Sem muitos detalhes todos nós estamos
    acompanhando este cenário e sendo contra esta esculhanbação,que começa com os politicos em sua maioria por serem ganaciosos, mas reagiremos a altura com as nossas mobilizações e manisfetações e quiça teremos que utilizar a força se necessário.Eles tem que sentir medo,eles tem que sentir que as nossas riquezas são de maior importancia para o nosso POVO e nossa soberania.

  • Os partidos de esquerda e a sociedade tem que se contrapor com urgência e tentar levar isso pra mídia. Tem que fazer o que fazer discurso do rato Cerra só de forma pública "se privatizarem a Petrobrás assim que nós voltarmos ao poder vamos retomá-la imediatamente".

  • E URGENTE: TEMOS QUE MATAR ESTES CANALHAS. CHEGA DE CONVERSA. ESSES FILHOS DE PUTA TAO LOUCOS PRA ENTREGAREM NOSSO PETROLEO E SUMIREM. ENTAO ANTES VAMOS SUMIR COM ELES ANTES

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