Não se sabe qual é a ironia presidencial, pois ao dizer que ate cegos poderão entender o que dirá, este poderiam entender ouvindo, embora sempre se possa esperar uma falta inintelegível do presidente da República.
Mas, mesmo que se possa entender o seu português gutural, ele tem pouco ou nada a dizer ao mundo que possa angariar simpatia e tornar nosso país atrativo a pessoas e capitais.
600 mil mortos pela pandemia, desmatamento e queimadas igualando os recordes dos anos passados, economia em frangalhos, miséria a galope, ameaças golpistas, o que há para falar.
Da cena mundial, nada tem a dizer. Destilar seu ódio à China? Da entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), inviabilizada pela péssima imagem do país no exterior? Defender o marco temporal que, além de estar em definição no Supremo Tribunal Federal, desperta ojeriza na comunidade internacional?
O fato é que Bolsonaro – seguindo a trajetória de seu protetor, Michel Temer – ampliou o desgaste do país no exterior e sua nos levou, no máximo, a sermos vistos como uma espécie perigosa de clown, palhaços tragicamente divertidos.
A menos de um ano de completarmos dois séculos de independência, regredimos à condição de nos oferecer ao mundo como neocolônia, ideal apenas para a plantation do agronegócio e para o extrativismo mais predatório, avançando sobre a floresta e repetindo o banimento ou o genocídio dos povos originais.
Um presidente que, a isso, responde mandando o povo comprar fuzis é, certamente, um cego.
E analfabeto em braille.