A gente às vezes tem de voltar atrás e ir buscar no passado situações que a galera de 20, 25 anos não tem nem como recordar, porque era bem criança.
Mas a frase aí de cima não é piada: foi dita pelo senhor Fernando Henrique Cardoso, em 19 de fevereiro de 2002, há 11 anos atrás, para marcar o fim de nove meses de racionamento de energia elétrica.
O país havia privatizado – praticamente doado – as suas empresas de energia elétrica a partir de 1997 e o resultado foi um corte completo nos investimentos em transmissão e geração de energia.
Com a crise, FHC saiu correndo atrás do prejuízo e ofereceu mundos e fundos a quem viesse montar termoelétricas no Brasil. Mundos e fundos que, claro, eram os do povo brasileiro.
A Petrobrás foi obrigada a fazer contratos ruinosos, se obrigando a comprar energia gerada pelas térmicas pelos olhos da cara, tão caro que, adiante, a empresa acabou comprando as próprias térmicas, para, pelo menos, ter prejuízo “consigo mesma”.
Agora julgue se a situação é parecida, apesar da mais severa estiagem vivida – ao menos aqui no Rio de Janeiro – desde 1967.
Quando a Presidenta Dilma Rousseff duvida publicamente de que tenha sido algum “raio” que causou a interrupção desta semana, ela está, na verdade, mandando um recado para as operadoras – que agora são privadas – de energia elétrica.
– Não armem “caos” para conseguir mais dinheiro do Governo.
É claro que a situação energética, longe de ser a oitava maravilha do mundo depois de um ano de seca, como foi 2013, e de um início de 2014 de calor infernal e recordes diários de consumo.
Mas tem caroço debaixo desse angu, porque as elétricas não estão nada contentes com a política de mocidade tarifária que o Governo adotou, tanto que já estão arranjando “especialistas” para condenar o modelo.
Tem gente doida por um “apagranas”.
Vá aos balanços e veja se elas estão tendo prejuízos.
O sucesso do leilão, hoje, do linhão que vai trazer a energia de Belo Monte – que estamos tentando há anos e anos construir, sob a mais pesada oposição dos que reclamam da escassez de energia – prova que as tarifas não são baixas e que poderiam até ainda cair.
Ou você acha que os chineses da State Grid, que opera o consórcio vencedor com a Eletrobras veio para cá para fazer caridade?
Assim que vierem as chuvas atrasadas, a enxurrada leva essas armações que usam a seca real para ver se os bolsos enchem mais ainda.
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Hummm... deixa ver se entendi. 11 anos de governo do PT, a atual presidente era a ministra das minas e energia, e quando dá apagão, depois de 11 anos para arrumar a casa que dizem que estava tão mal, jogam a culpa no antecessor? tiveram uma década para corrigir (e não me digam que foi pouco tempo, porque ganharam a eleição prometendo corrigir estes "erros") e agora isso? sei, sei...
E os critérios de racionamento eram tão injustos que pobres que já faziam economia antes da medida, tinham menos direito do que os que esbanjavam em gastos de luz. Muita gente tomou muito banho frio, costurou menos e usou menos os eletrônicos domésticos por conta dessa loucura fhciana. O racionamento se fazia em cima de percentagem das médias de gastos nos meses anteriores ao apagão. Lembro de um comentário publicado em algum jornal da sempre exibida Narcisa Tamboridégui que dizia quase não ter sentido o apagão, de tantas festas que dava no seu iluminado recanto particular.
Um parágrafo de doer:
"Todavia, o que marcou a população foram as medidas do governo federal para forçar os brasileiros a racionar energia. A partir de 1º de julho de 2001, os consumidores tiveram que cortar voluntariamente 20% do consumo de eletricidade, caso contrário, teriam um aumento no valor da energia. Segundo o plano, quem consumisse até 100 quilowatts/hora por mês (30% dos lares brasileiros) não precisaria economizar nada. Acima dessa faixa, a redução era obrigatória e os que não aderissem ao pacote corriam o risco de ter a luz cortada - por três dias na primeira infração, e seis dias em caso de reincidência. O governo ainda impôs uma sobretaxa às contas de energia que fossem superiores a 200 quilowatts/hora por mês, pagando 50% a mais sobre o que excedesse a este patamar. Haveria uma segunda sobretaxa, de 200%, para as contas acima de 500 quilowatts."
http://www.brasilescola.com/historiab/apagao.htm
"2001. Racionamento de energia: A imprevidência do governo Cardoso, completamente submisso às exigências do FMI, suspendeu os investimentos na produção de energia e o resultado foi o apagão no setor elétrico. O povo atendeu a campanha de economizar energia e, como "prêmio", teve as tarifas aumentadas para compensar as perdas de faturamento das multinacionais que compraram as distribuidoras de energia nos leilões de desnacionalização do setor. Uma medida provisória do governo Cardoso transferiu o prejuízo das distribuidoras para os consumidores, que lhes repassaram R$ 22,5 bilhões."
Fonte: O ITINERÁRIO DE UM DESASTRE - 45 ESCÂNDALOS DA ERA FHC
http://www.psdbnuncamais.blogspot.com.br/
E o PT faz Há dez anos no poder o quê?
Plano de Governo PSDB-FHC:
"Privatiza-se lucros. Socializa-se prejuízos."
como sempre se diz na hora que a sensatez se faz presente:
SIGA O DINHEIRO!!!!!!!!!!!!!!!!!
O Fernandinho é antológico.
Pra mim essa anta nao tem logica nenhuma.
Meus parabéns, Fernando, por essa sua matéria sobre a infelicidade que seria ainda viver sob o domínio dessa gente.
E,mesmo assim,este vigarista,foi reeleito,com os votos dos mesmos eleitores vigaristas,tão comuns entre nós!
Na época a Internet não tinha a força que tem e o PiG fez um intenso terror psicológico, repetindo diuturnamente que, se o FHC não se reelegesse, o dólar iria explodir. E explodiu mesmo com a reeleição de FHC. Se não fosse a Internet, o Lula só teria ficado 4 anos e olhe lá. Estaríamos num segundo mandato tucano atualmente.
Vale lembrar que apagões criminosos, para encarecer a prestação de serviço, foram praticados pela Enron na Califórnia, a qual foi liquidada pelo governo dos EUA pouco tempo depois, deixando na rua mais de 20 mil funcionários. O crime foi flagrado em grampos do NSA que revelaram conversas tramando a conspiração.