O povo brasileiro é decente, apesar de suas elites obscenas.

No post abaixo, trato dos efeitos da enxurrada de mídia mórbida expressa na pesquisa Datafolha.

Quero, agora, tratar dessa morbidez.

Espalham-se, por aí, as imagens do clima de comício, quase de festejo, de muitas cenas do velório e sepultamento de Eduardo Campos.

Já enterrei meus líderes políticos: Prestes, Darcy Ribeiro, Brizola.

E, há pouco, minha própria mãe.

Havia dor, saudade, tristeza, comoção.

E recato.

Somos humanos e a morte de outro ser humano não é nunca motivo de alegria e a todos nos obriga ao decoro, mesmo quando se trata de um adversário.

Ontem, cheguei a postar aqui o esdrúxulo “já vai tarde” que um grupo “blaquibloquista” havia publicado a propósito da morte de Eduardo Campos.

Em minutos, arrependi-me, porque, mesmo para criticar a estupidez desta idiotice, achei que era desrespeitoso colocar isso no ar quando se sepultava o corpo do ex-governador. E retirei a publicação.

Hoje, me deparo com a infinidade de imagens que mostram o clima de “quase satisfação” de muita gente no dia de ontem, na cena fúnebre.

Igualmente não as publico, por nojo.

Os que negam a política e os partidos, ao que parece pelas imagens, entregam-se com gosto à politicagem e ao eleitoralismo.

Aprendi, com meu avô e com Leonel Brizola a ter respeito pelos seres humanos, sem abrir mão de ter princípios ou ideias.

E aprendi, sobretudo, a ter confiança nos sentimentos profundos da população, por mais que a tentem bestializar e banalizar.

A vida segue, apesar das mortes – próximas ou distantes – de pessoas, mesmo as mais famosas.

É dela que tratamos e trataremos na campanha eleitoral.

Não é uma disputa para ver quem sente, sofre ou chora mais. Ou menos ainda sobre quem mal disfarça o sorriso diante da morte que vira sorte.

Por mais avalanches de mídia que façam, por mais glamour mórbido que se possa procurar transferir a alguém, as decisões do povo brasileiro são tomadas com lucidez e profundidade, porque se trata de decidir sobre sua própria vida e seu país.

Decidir se continuaremos a ter elevação dos salários ou arrocho; se teremos energia elétrica ou apagões, se teremos portos, ferrovias e estradas ou sucatearemos, de novo, os investimentos públicos; se seremos donos do mar de petróleo do pré-sal ou se ele será saqueado como foram o ouro, o ferro, os frutos desta terra; se vamos ter mais médicos, mais educação, mais inclusão e defesa de nossa terra ou se nos conformaremos em ser uma simples reserva florestal de países que estão ricos e devastados.

Numa palavra, se seremos uma Nação ou uma colônia.

Esta é a decisão que tomaremos e é ela que não se quer que o povo brasileiro perceba que está em jogo.

Mas ele o percebe e o perceberá mais ainda quanto mais avance o debate sobre a realidade e os desejos deste país, que tem o nome de campanha eleitoral.

O resto é “reality show”, onde há gente que se dispõe a aparentar amor e ódio e a exibir-se em intimidades em busca de um prêmio.

 

 

 

Fernando Brito:

View Comments (20)

  • Sempre aprendendo boas maneiras, Bom saber dessas lindas palavras que soam como bálsamo em nossas mentes ansiosas pelo bem.

  • Fernando, o silencio é cauteloso, não faz alarde e aguarda!
    Assim o é com a consciência coletiva..
    Nestes momentos, formar a consciência coletiva de honradez,
    enlutamento, respeito, gratidão..esta é a missão.
    No mais aguardar..
    Continue o bom trabalho..

  • Parabéns pelo post, Fernando!
    O importante agora é que Dilma aproveite cada segundo de exposição para falar dela mesma. Nada de perder tempo com os candidatos do PIG.

  • Mais uma vez meia dúzia de oportunistas vaiaram a maior autoridade civil desta Nação, lembremos sempre, livremente escolhida pelo povo.
    Um ex-adversário de Campos, um certo Jarbas vasconcelos, devidamente aboletado na cerimônia, perdeu o decoro e afirmou que a Presidente da República nada deveria fazer por lá.
    Lembremos, Campos fora Ministro de Governo de Lula juntamente com uma mulher chamada Dilma e Jarbas nesta época como em todas, vendido aos interesses dos que espoliam e humilham a classe trabalhadora no Brasil e no Mundo, tecia sua rede de intrigas contra o legado deixado pelo sertanejo Miguel Arraes em Pernambuco de braços dados com Fhc, Serra e outros emplumados tucanos.
    Neo-adesista , orbitava agora o PSB uma vez que nenhuma migalha lhe sobrava caída do ninho tucano, dada sua flagrante derrocada junto ao eleitorado pernambucano, em síntese, um fantasma da ditadura.
    Então, quem afinal não deveria ter ido a dolorosa cerimônia fúnebre de Campos ?

  • Não dá mesmo para esperar mais do que sordidez da parte do datafalha e, aliás, do PiG em geral. Como a Copa das Copas provou e a cobertura parcialíssima da velha mídia comprovou, não existe mais a chamada mídia tradicional no Brasil (jornais e tv), só há vida midiática na internet. Pela rede mundial podemos consultar jornais online de vários países e conferir as repetidas mentiras que o PiG divulga sob encomenda de seus grandes anunciantes.

  • Quando nos referimos a elite é porque justamente o que compõe o que chamamos de elite, quem dá peso, impacto e aceitação para o restante da sociedade, daquilo que se deseja fazer nos diversos segmentos de nossa sociedade. É ela quem expressa, de certa forma, os valores, transformações, rumos que se queira dar ao País. Nas suas atitudes e comportamento está um extrato que se propaga para toda a sociedade. O topo da piramide influenciando o restante da piramide.
    Por essa razão, que uma elite consciente do seu papel é importante na construção de um país. A soberania do Estado lhe dá o papel norteador nas esferas em que ele se expressa : Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Sem a aceitação da legitimidade da ação norteadora do Estado por parte da elite, ninguém terá respeito por aquilo que essa ação expressa. Na aplicação dos impostos e políticas públicas; na aprovação de leis e projetos; na aplicação das leis e suas sanções, nada disso terá efeito sem a participação da elite. É ela quem detém o poder da produção econômica, social, cultural, etc.
    A elite de um país é decisiva para designar os rumos desse país. Temos um povo cheio de desejo de continuar melhorando de vida, de continuar prosperando esse País. De continuar fazendo parte dele. E será a nossa elite que vai decidir se quer este ou aquele caminho, com a consequência que cada caminho vai trazer ao Brasil.

  • Em funerais de chefes de Estado ou autoridades públicas, salvo desejo do defunto, o que se vê são honras militares, geralmente com saraivadas de tiros de festim, para homenagear e "proteger" hipotéticamente, a subida aos "céus".
    No do Dudu Traira, com excessão de Lula, Dilma, o povão, e algumas raras autoridades mais humanas, o que se viu foi uma festa, com meia hora de fogos de artifícios, celebrando a passagem do defunto, e as oportunidades que se abrem para que o PSBsinhho, criado à sombra de Lula,Brizola e Miguel Arraes, assuma algum papel de destaque na política Brasileira, mesmo que para isso seja preciso entregar o maior cargo eleitoral do partido, à uma pessoa nefasta que está à serviço da maior imprensa golpista do mundo, dos banqueiros nacionais e internacionais, e dos laboratórios estrangeiros! Sugiro trocar o "S"de Socialista do PSB, pelo "C" de Capitalista, ficaria mais coerente. Se bem que cobrar coerência em festa fúnebre...é uma incoerência minha, peço desculpas.

  • Bom Dia!

    Fernando,

    Da mídia sórdida que temos, nada diferente disto podíamos esperar.
    O Kiko, do DCM fez um artigo pedindo cautela ao julgar os sorrisos da Marina (não foi em apenas um momento e uma foto), como alguns vão querer dizer, mas como conversei com minha esposa ontem, gostaria de compartilhar aqui minha opinião.
    Já perdi meu pai e uma irmã, por isso sei o quanto dói, e no sepultamento do meu pai não tive coragem de chegar perto do caixão, preferi guardar na memória outras imagens, mas que ao final, descobri ser um erro, pois a morte também é uma imagem da vida, o que me levou a fazer questão de olhar minha irmã pela última vez e bem de perto.
    Nestes velórios eu não sorri, definitivamente.
    Mas, após estes, com o passar do tempo, estive em outros e como a Marina, também sorri, em alguns deles estava ali não pelo morto, que pouco conhecia, mas pelos seus parentes, que eram meus amigos, isso é até normal.
    Julgar os outros, para os cristãos, nunca deve ser feito, no meu mode de pensar no sentido de condenar sem misericórdia, mas não devemos por esse motivo ser condescendente com suas atitudes muitas vezes inadequadas, como penso terem sido as da Marina.
    Em todo velório que sorri, jamais fiz isso com o cotovelo no caixão do morto, ali, tão próximo, eu sempre rezo e peço a Deus por sua alma e seus familiares, procurando o máximo de discrição.
    A Marina pode falar o que quiser, mas ela sabia que iriam usar essa morte para tirar proveito político, se deu oportunidade para isso acontecer a seu favor, sobrou oportunismo mórbido, com certeza.
    Quanto a família, esposa e filhos, neste momento é difícil raciocinar, pois qualquer ato proposto, soa como homenagem, mas o tempo passa, as imagens serão vistas e no final os oportunistas podem colher mais prejuízos que benefícios.
    "Deixe que os mortos enterrem seus mortos." Jesus Cristo
    Os vivos possuem coisas importantes por fazer.

    • Caro João, bom dia também. Marina não colocou os cotovelos e sorriu sobre um caixão...ela debruçou-se sobre um BALCÃO DE NEGOCIAÇÕES...atitude típica de fadas!

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