O presidente mecânico, enfim, acusa o golpe

Assistir à fala de Jair Bolsonaro em rede de televisão, falando sobre as queimadas da Amazônia fez-me voltar no tempo e lembrar de um de seus primeiros compromissos presidenciais, o discurso em Davos, na Suíça, no Fórum Econômico Mundial.

Ao contrário de suas entrevistas de improviso e de suas “lives” na internet, recheadas de coices, bobagens e irisadas de idiota, território no qual se sente à vontade, o Bolsonaro que faz o “papel” de chefe de Estado está, nitidamente, duro e mecânico ao ler o que lhe prepararam e que, está claro, não corresponde a seu modo de pensar.

Mas há, para além disso, algo mais significativo.

Pela primeira vez desde o tempo do início da campanha que o levou ao Planalto, Jair Bolsonaro sai da ofensiva para a defensiva.

Baixa a crista, pede ajuda, não sugere que vai resolver tudo no “peitaço”.

(e não vai mesmo, porque uma autorização para as Forças Armadas agirem de 24 de agosto a 24 de setembro mostra o grau de marquetismo da medida: é outubro o mês mais seco na Amazônia)

Bolsonaro , por falso, é inconvincente.

Agita os seus incondicionais, mas já não arrasta a classe média, como ilustram os panelaços – ainda que tímidos – que o G1 registra em várias capitais brasileiras.

O ex-capitão mostrou que está perdendo esta batalha e tenta recuar.

 

 

 

 

 

Fernando Brito:

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  • Uma experiência de transmissão em 4D - tinha som, imagem...mas também tinha cheiro e até dava para tocar no que escorria pelo aparelho de TV.

  • "O Grupo dos Sete (G7) é um grupo internacional composto por: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, embora a União Europeia também esteja representada. Esses países são as sete economias mais avançadas do mundo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), os quais representam mais de 64% da riqueza líquida global, equivalente a 263 trilhões de dólares estadunidenses. Em 1997 passou a ser G8, com a inclusão da Rússia. Mas em 2014 voltou a ser G7 com a exclusão da Rússia, em represália à anexação da Criméia ao seu território."

    "O grupo é muito criticado por um grande número de movimentos sociais, normalmente integrados no movimento antiglobalização, que o acusam de decidir uma grande parte das políticas globais, social e ecologicamente destrutivas, sem qualquer legitimidade nem transparência."

    As informações acima eu obtive no Wikipedia.

    O quase "pronunciamento" de Bolsonaro hoje surpreendeu a todos e provavelmente a si próprio. Primeiramente porque ele parecia um gato acuado por um cão, postura que não demonstrava até pelo menos ontem, a não ser aquela de cão raivoso. Parece-me que sua mudança de comportamento, ou inversão de papéis, se deveu ao "apoio" manifestado por Trump para ajudar a salvar a Amazônia do fogo, posto por seu Nero. Trump, com acento no G7 e representante da principal força alí, que são os EUA, terá que fazer um "freio de arrumação" naquele fórum. Assim como Macron e outros chefes de estado presentes no G7, Trump também precisa de votos em sua terra natal para se reeleger. A queima premeditada da Amazônia pode se transformar numa pedra no sapato para todos, quando tudo ia muito bem com a destruição e subsequente vilipêndio de uma das nações mais ricas e dóceis do mundo. Logo, Trump sabe que se deixar rolar "com pressa", como quer seu preposto tupiniquim, seus intentos podem ser prejudicados e muito. E quem levará a melhor, pode ser os seus "amigos" de convescote e não ele. E vejam bem a composição do grupo. Praticamente todos eles partícipes diretos ou indiretos do golpe no Brasil e em conivência com os EUA.

    Bolsonaro surpreendido, pois repreendido, tremeu, porque teve que engolir por um dia o "machão" e aparecer como uma Barbie.

    • Isso aí nunca foi machão. Isso aí é uma bicha enrustida - não é por outra razão que o filho mais próximo é a carluxa.
      O saudoso Paulo Nogueira, do DCM, muitas vezes escreveu que a excitação machista que os reunia era desculpa para um roça-roça de enrustidos.

      • Falou tudo, Lauri. Bicha enrustida é capaz de fazer as maiores maldades. E é coisa de família, heim?

  • Bolsonaro é como um dinossauro (um bolsossauro?). Também sente dor e também sangra.
    Mas, pior do que um dinossauro, no qual demorava uma sigificativa fração de segundo para o estímulo chegar ao cérebro, no caso de Bolsonaro, arrisca demorar o bastante para a Terra dar uma volta completa em torno do Sol.

  • Eu bati minha panela na varanda hj, e deu gosto de ver! Fora Bozo imbecil e bolsominions malucos!!!

  • Agora o Bolsonaro vem pedir que as pessoas que presenciem uma queimada na Amazônia façam o favor de denunciar ás autoridades. No fim do governo Lula, depois de um trabalho hercúleo e irrepreensível do Ministério do Meio Ambiente em conjunto com o Exército e a Força Aérea, qualquer incêndio que chegasse ao tamanho de um campo de futebol naquela região seria detetado em São Paulo com minúcias sobre o tamanho e o nome da fazenda em foco e até de seu dono, e imediatamente seriam acionadas equipes de fiscalização e de combate a incêndio próximas do local, completamente equipadas. Tudo ali estava cadastrado, levantado e fiscalizado. O que foi feito de todo este formidável equipamento e deste pessoal especializado, que faziam o Brasil ganhar elogios do mundo inteiro por seu cuidado com o meio ambiente?

  • É divertido tripudiar da falta de noção, mas ele foi eficiente em se defender junto a seus eleitores e ignorantes neutros. Falou o que eles queriam ouvir. Se é teleprompter, se é inconsistente com o resto, se não sabe reconhecer o bom trabalho da gestão anterior, ninguém se importa. É o Jair paz e amor.

  • Bolsonaro está fraco, o governo em crise, a economia destroçada.
    Falta só a esquerda sair dos gabinetes com ar condicionado e ir à luta para mobilizar o povo.
    Os vazamentos do Intercept PROVARAM que as eleições foram FRAUDADAS e têm que ser ANULADAS. É preciso lutar por eleições diretas já, com Lula livre e candidato!
    Ou isso, ou damos tempo ao capitão para recompor suas forças e continuar destruindo o Brasil.

    • A esquerda continua na rua. Falta os críticos da esquerda pararem de criticar e irem para a rua. Não precisa de convite. A praça é do povo como o céu é do condor. Fui ontem à Cinelândia e irei amanhã à Ipanema. Faço a minha parte. Não sou militante de sofá nem espero que a esquerda ou dom Sebastião me substituam.

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