O Governador Geraldo Alckmin acha que vai fazer as pessoas de bobas.
Está falando do pedido de transposição das águas do Paraíba do Sul como se fosse esta a solução para a crise de abastecimento de São Paulo.
E que isto dependeria de a Presidenta Dilma “autorizar”.
E, claro, se ela não “autorizar”, fica com a culpa da seca.
Sem meias palavras, isto é uma empulhação.
Primeiro porque, como já expliquei em post anterior, isso só pode ser feito depois de mais estudos e demanda obras demoradas.
Não vai trazer uma gota sequer para o Cantareira de hoje, secando e secando.
Segundo, porque o projeto é, de fato, antigo, mas ficou abandonado por anos e só no final do ano passado foi retomado, quando a crise já se desenhava.
Mas o que as águas do Paraíba do Sul vão trazer para o Cantareira, pelo próprio projeto da Sabesp é nada diante da perda de água dos reservatórios.
Os 6 mil litros por segundo (iniciais, depois, sabe como é o poder de São Paulo…) seriam captados assim: 1,45 mil litros no reservatório de Jacareí, que seriam destinados ao Cantareira, e 4,5 mil litros por segundos em Guararema, que seriam transferidos, por uma ligação de aproximadamente 10 km, para o Rio Tietê.
A história de que o sistema só será acionado se o Cantareira ficar abaixo de 35% e o Paraíba tiver água em abundância é contraditória: as bacias que alimentam a ambos e mais o Alto Tietê são muito próximas e, portanto, sujeitas a regimes de chuva semelhantes, tanto que as águas do Rio Paraíba do Sul estão baixas para o verão, assim como o Sistema Tietê da Sabesp está ruim das pernas, embora não tão gravemente.
Não se trata de bairrismo carioca – até porque o pessoal do Vale do Paraíba paulista é contra isso – mas de não tomar decisões como essa assim, com a faca no pescoço da seca. Isso é sério e tem repercussões que não podem ser tratadas de forma irresponsável e em cima da perna.
A seca de hoje não será resolvida com uma água para o futuro e, muito menos, com demagogia e politicagem. As captações no Ribeira e no São Lourenço, que levarão quase o dobro de água para São Paulo têm projetos prontos faz anos e só agora licitaram suas obras, que levarão de tr~es a quatro anos.
Espero que os auxiliares da Presidenta Dilma não a tentem levar para essa “furada”, porque ela é muito esperta para cair nessa.
O Alckmin que agora diz que “terá água se a Dilma aprovar” é o mesmo que está mentindo à população sobre a gravidade da crise e que, por razões eleitorais, não adotou as restrições de consumo na data e no volume em que eram necessárias.
E que, como São Paulo tem uma imprensa que, por cumplicidade, não está ao nível da grandeza desta metrópole, só convence a quem não estuda e analisa as questões.
Ontem, o promotor do Meio Ambiente de São Paulo, José Eduardo Ismael Lutti, disse na Fiesp, diante de toda imprensa, que Geraldo Alckmin só não fez o racionamento porque este é um ano eleitoral.
E pediu que o povo se rebelasse.
Saiu nos jornais?
A cumplicidade da imprensa paulista com o PSDB é pior do que qualquer estiagem.
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Não posso deixar, de novo, de parabenizar o Fernando Brito.
Se o Governo Federal (a ANA tem uns caras de "bico comprido" lá dentro...) não assumir uma posição estrategicamente correta, o plano urdido pelo Alckmin pode "pegar". Isso tem de ser feito antes que a mídia crie o "clima" de a "culpa é da Dilma".
Fernando, pelo que entendi o São Lourenço e o Vale do Ribeira são o mesmo projeto... no texto anterior, tem se a noção que são dois projetos....
Lamentável é que eu como morador de Carapicuíba, na maior bacia hidrográfica do mundo, vou ser obrigado a ficar sem água, porque nossos governantes não fazem planejamento de longo prazo, vale a próxima eleição, problemas pontuais e solução paliativas...mas fazer o que né, planejamento no governo tucano é somente nas licitações do metrô, u melhor, de como fraudá-las segundo alguns dirigentes da Siemens...
Quem sabe - eu não sei se realmente acontecerá - pelo menos o Tio Alckim não se reelege, devido ao incomparável choque de "jestão" dos mais preparados .. precisamos de sangue novo, o povo do estado já num guenta mais....
São dois projetos. O São Lourenço parte de Ibiúna
Dilma NÃO AUTORIZA!
Paulista tem mais que morrer de sede!
De forma alguma é isso que está sendo advogado ou sequer sugerido. O que se quer é seriedade, não se pode sangrar os rios ao bel prazer de ocasiões. Paulista(no) nem ninguém tem de morrer de sede e água não é para ser manipulada politicamente. É exatamente isso o que se está criticando.
O povo do Rio de Janeiro tem que ser no mínimo consultado sobre a doação da água do rio paraíba do sul que abastece o estado do Rio.
O Rio Paraiba do sul ele não está todinho no Rio de Janeiro, não pertence ao Rio de Janeiro." A bacia do rio Paraíba do Sul está situada no sudeste do Brasil. Tem uma área total de 55400 km². Inclui territórios dos estados de São Paulo (13500 km²), Rio de Janeiro (21000 km²) e Minas Gerais (20900 km²), caracterizando-se por ocupar um bioma marcado pela Mata Atlântica. Está inserida na região hidrográfica do Atlântico Sudeste."
Fernando, essa questão tem que ser vista com muito cuidado. No momento em que Alckmin tiver uma resposta negativa, vai jogar ao colo de Dilma a questão do racionamento. Que se permita, sim, com condicionantes ambientais tais e quais a todas as outras outorgas. Ficará claro que quem ajudou, ou melhor, salvou São Paulo do racionamento foi o governo federal. Obrigado por nos informar.
Porque paulista tem que morrer de sede? Não entendo a sua falta de cristandade.
Com isso, o Geraldo ajuda a validar o sistema de transposição desenvolvido pelo PT, que se iniciou com o Lula, no Rio São Francisco, visando uma grande população do nordeste. Essa sim é visão de longo prazo. Por outro lado, com o capacitadíssimo Roberto Freire de assessor da SABESP e regiamente pago por São Paulo, porque Geraldo teve que ir até Brasília falar com a Dilma do PT para ajudar a resolver o problema da SABESP? Não é de São Paulo, não!É da SABESP mesmo, porque ela alardeia aos quatro ventos, com imensa verba publicitária, que tem tecnologia para levar água a qualquer Estado da Federação. Parece que, menos para são Paulo!
Dilma deve ficar Putin e segui-lo, como fez com Obama na Crimeia, dando xeque-mate no Alckmin. Passa a batata quente para o Rio de Janeiro, estado que é abastecido pelo rio Paraíba do Sul Já o governador do Rio diz que proporá um plebiscito consultando o povo do Rio sobre a doação.
Alckmin está atrás de mãe para botar o SECADÃO PAULISTA no seu colo. Cristalino como a falta d'água no sistema Cantareira.
Tucano malandrão. Vai se dar mal se o coxinha paulista ficar sem água e fedendo.
Imagina na Copa?!
Da citação do Dr. José Eduardo Ismael Lutti, 1º Promotor de Justiça do Meio Ambiente na sua exposição na Fiesp ontem:
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/risco-de-falta-d-agua-e-velho-conhecido-da-sabesp
"Risco de falta d´água é velho conhecido da Sabesp
Estudo apresentado em 2009 já alertava para vulnerabilidade do sistema Cantareira
Sistema de captação de água do sistema de abastecimento Cantareira na represa de Jaguari
São Paulo – Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana. Em dezembro de 2009, um estudo não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água.
Conforme destaca reportagem do jornal Folha de S. Paulo, desta quinta-feira (13), o aviso veio do relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP.
Nesta quarta, o nível do reservatório caiu para 15,7%, o menor volume em quatro décadas. O sistema Cantareira abastece mais de 8 milhões de pessoas das zonas norte, leste, oeste e central de São Paulo, Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul, além de parte dos municípios de Guarulhos, Barueri, Taboão da Serra e Santo André.
O estudo de 2009 afirmava que o sistema da Cantareira tinha "déficits de grande magnitude". Entre as recomendações feitas pelo relatório, estavam a instauração de processos de monitoramento de chuvas e vazões do reservatório e implementação de postos pluviométricos.
A reportagem sublinha ainda que o relatório apontava a necessidade de regras de operação do sistema "que evitem o colapso de abastecimento das regiões envolvidas e minimizem a influência política nas decisões".
Em entrevista ao jornal, o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, afirmou que a Sabesp já tinha conhecimento sobre a necessidade de melhorias há mais tempo.
"Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento", contou.
Procurada pelo jornal, a Sabesp disse que cumpre as determinações da Agência Nacional de Águas, órgão regulador federal."
ALERTO PARA A ÚLTIMA FRASE: estão seguindo "ordens" da ANA ...
Acho que a Dilma deveria autorizar com as condicionantes da aprovação ambiental e do aproveitamento apenas da água excedente, para não prejudicar a população já abasteccida pela bacia do Paraíba. quebraria a cara dos tucanos e do PIG, que teriam que inventar outra desculpa!
Consulta por plebiscito a população que será atingida e aprovação ambiental com estudos técnicos e laudos.
A cidade de São Paulo é cheia de rios por baixo, só que há anos que estão jogando merdas neles. Nínguém nunca ligou para tratamento de esgoto, agora eles querem destruir a Cantareira que serve o interior do estado.
Fazer do limão uma limonada. Convocar uma reunião para tratar da CRISE de água na terra da garoa. Chamar o governador de SP, prefeitos paulistas e governador do Rio de Janeiro.
Ou seja, todos os que serão atingidos pela captação da água do Rio Paraíba do Sul.
É expor a todo o Brasil a incompetência dos governadores tucanos.