O que Bendini vai fazer na Petrobras

Embora o “mercado” tenha feito muxoxo, porque achou que podia levar, do ponto de vista político, a direção da Petrobras, a escolha de Ademir Bendini, faz todo o sentido – que é, claro, ainda bem diferente de fazer todo o sucesso.

Sua primeira tarefa é obvia: chamar os auditores, discutir  critérios sólidos e prudentes para o alinhamento do balanço da empresa (ou dos balanços, porque entrará aí o do 4° trimestre e, por conseguinte, o anual) e resolver o problema criado pelas contas de papel de pão feitas na empresa na semana passada, que não têm pé nem cabeça.

A “baixa” dos valores eventualmente saqueados da empresa por Paulo Roberto Costa e companhia é, agora, de natureza meramente contábil e, do ponto de vista de caixa, é até  uma expectativa de entrada de recursos recuperados – por exemplo, os US$ 67 milhões das  contas de Pedro Barusco – que se dará à medida em que as ações judiciais tenham conclusão e sentença obrigando à devolução.

A segunda missão, ao que parece, seré a renegociação dos valores contratuais das obras em execução. As empresas, como se sabe, estão com a corda no pescoço, na iminência de parar seus trabalhos não apenas nos contratados com a Petrobras, mas em outras esferas, como anunciou hoje a Folha no caso do Rodoanel, do governo paulista.

Bendini vai determinar reexame nas contas e deixar claro que pagamentos ocorrerão de acordo com esta reavaliação ou com descontos oferecidos pelas contratadas.

Tenho também a impressão que Bendini vai interferir, no médio prazo, na área de distribuição da Petrobras, que tem um imenso potencial de geração de sinergias e receitas, com quase oito mil pontos de presença no país, mais até que as 5,5 mil agências do Banco do Brasil. É varejo, dinheiro rápido, cash, e com baixo investimento.

No campo de exploração, os desafios para Bendini são os de viabilizar a produção de equipamentos para o campo de Beija-Flor (ex-Franco) para viabilizar que o primeiro óleo, previsto para 2018, não sofra muitos atrasos. E o de encontrar um esquema que viabilize o prosseguimento dos investimentos para Libra com os chineses, menos “varejistas” com o petróleo (que ensaia uma leve recuperação, batendo à porta dos US$ 59 por barril do tipo Brent, depois da queda vertiginosa que o levou a US$ 45 em meados de janeiro) do que o restante do mundo.

Mas aí, novamente, a engenharia que se requererá dele não é a de poços, mas a financeira.

Porque, operacionalmente, a Petrobras provou sempre – e prova agora, com os melhores resultados operacionais de décadas – que não precisa de ninguém “de fora”.

Fernando Brito:

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  • Não sei se a nomeação de um "cara" que já esta a tanto tempo no governo foi a mais indicada,pela vulnerabilidade que isto significa. .

    E aí nem discuto o fato dele não ser do "ramo" e nem funcionário de carreira técnico.

    Neste momento já estão levantando a gestão dele inteira no BB,via "fontes" amigas inclusive pra estampar alguma merd@ caluniosa no jornal de amanhã.

    Se bobear ja toma posse debaixo de suspeitas e ataque.

    O Ideal seria alguem que fosse somente um nacionalista articulado de fora do governo, capaz de defender e responder a altura os ataques que a empresa vem sofrendo.

    Tá cheirando a problema novo,só pra variar.

  • Espero que ele não resolva pagar as empreiteiras com dinheiro vivo, como fez com seu apartamento... Pelo menos lá ele pagou um valor bem abaixo do preço de mercado! Talvez seja até bom pra Petrobrás...

  • Fernando, estou em Lisboa e assisti hoje à BBC Internacional. Um quadro inteiro do programa foi direcionado à Petrobras. A jornalista brasileira representante da BBC parecia tão triste quanto o mercado, ao explicar a escolha de Dilma para a estatal. Achei a abordagem bem sensacionalista. Tá complicado...

  • Compro gasolina diariamente.O posto as vezes é de uma bandeira ou de outra.
    A origem é sempre a mesma.

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