O que diria hoje Brizola, ao completar 96 anos? Assista

O tempo é impiedoso com o artista, como nos lindos versos de Chico Buarque: “o velho cantor subindo ao palco/ Apenas abre a voz, e o tempo canta”.

Como sempre faço, não me aventuro a dizer o que Brizola faria de forma peremptória, pois fui companheiro e não dono de suas vontades, como ele não era das minhas e nos entendíamos, porque elas comungavam princípios e utopias.

Sempre tive ciência de que estava ao lado de um gigante e só numa coisa creio que lhe chegava perto: a teimosia, tanto que sempre inverto a questão de ter estado a seu lado durante mais de 20 anos todos os dias: não é como eu o suportava, mas ele a mim.

Então, confesso que não sei o tom exato com que ele estaria falando, embora saiba que ele estaria, como sempre esteve, ao lado da legalidade e do direito de que o povo brasileiro pudesse escolher livremente o seu destino.

Mas sei perfeitamente o que ele diria além dos fatos, na estratégia.

Diria – e disse – numa das suas últimas gravações diante de uma platéia, numa gravação que fiz e editei, quando quase nem tínhamos mais meios de fazê-la, e a fizemos com uma “vaquinha” ajudada pelo Seu Antonio, dono de um restaurante de bacalhau aqui em Niterói.

Ali reunimos o dinheiro para as câmaras e para a edição desta gravação, que eu próprio dirigi e editei, no DCE da Universidade Federal Fluminense.

23 anos depois, sinto como minhas cada uma das palavras ditas ali.

E sim, sei que é isto que Leonel Brizola estaria dizendo hoje, nesta hora grave de nosso país. Hoje, no dia em que  se completariam 96 anos, quase um século, de seu nascimento.

Creiam-me os mais jovens, envelhecer, se não for acanalhar-se, é preocupar-se cada vez menos consigo mesmo. Ou  apodrecemos, ou sublimamo-nos.

Fique com que acho que eu, Lula, e uma ou duas gerações que combatemos como a de Brizola, queremos dizer, nesta hora.

Tomem o destino em suas próprias mãos, do contrário o futuro será tomado de vocês.

 

 

Fernando Brito:

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