O que o esperneio de Trump ensina sobre Bolsonaro

A gravação em que Donald Trump pressiona o secretário de Estado da Geórgia, o republicano Brad Raffensperger, a “encontrar 11.780 votos” para reverter o resultado eleitoral daquele Estado e a carta de todos os 11 secretários de Defesa norte-americanos vivos afirmando que o quase ex-presidente tenta envolver as Forças Armadas do país em seus planos continuístas dereiam acender os óbvios alertas no Brasil sobre o que nos aguarda ao fim de 2022.

Tal como ocorreu com seu “modelo” do Norte, não bastará que Jair Bolsonaro seja vencido, será preciso que não se permita que ele ache nas instituições públicas suporte para o que se está vendo – felizmente como caricatura – nos Estados Unidos.

E não é isso o que parece estar acontecendo.

Até agora, políticos, juízes e militares estão, quando não cúmplices, vacilantes e omissos diante das loucuras e crimes cometidos pelo presidente da República.

Nem mesmo emitem sinais de que lhe imporiam limites se fosse além das bravatas e ameaças que faz, aliás trilhando previamente o caminho da desconfiança da lisura do processo eleitoral.

Está escancarado que Bolsonaro é contra a vacinação e que joga um jogo de aparências, forçando situações apenas para que isso não se explicite, mas sabotando, na prática, as ações que deveriam estar acontecendo para que ela ocorra.

Ministério da Saúde, Anvisa e o que mais houver no governo federal são simples passageiros da nau dos insensatos que o tem como capitão.

A parcela da direita que o apoiou ainda acha que pode se livrar dele com candidaturas de R$ 1,99, como as de Luciano Huck, Sergio Moro e assemelhados.

Ainda que o conseguisse – o que é improvável ao oferecer outra aventura ao povo brasileiro – isto não resistiria aos métodos e disposições golpistas do atual presidente.

Nos Estados Unidos, há uma tradição de 224 anos de respeito militar ao comendo civil do país e uma Suprema Corte que, se é formada ao sabor das inclinações políticas dos presidentes que indicam seus integrantes, sabe manter sua coluna ereta diante de situações absurdas.

Quem pode dizer algo semelhante do Brasil?

 

 

Fernando Brito:
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