O que o mercado soube que nós não soubemos?

Uma análise linear sobre o comportamento do mercado financeiro indicaria, para hoje, uma alta da bolsa e perda de força do dólar.

Afinal, consumada a prisão de Lula, objeto de desejo de “O Mercado”, a forte alta de quase 2% da semana anterior e o bom desempenho da Bolsa de Nova York durante todo o dia, embora fechando apenas com uma leve alta de 0,2%, o “lógico” não era o que aconteceu: queda forte da Bovespa e uma vigorosa alta de 1,6% do dólar.

Especulação? Claro que sim, porque este jogo é de especulação, sempre. E, por isso, sujeito a baixar um pouco amanhã, por contada realização de ganhos.

Mas o que é que o mercado tem de informação que nós, meros mortais não temos?

A resposta é informação: monitoramentos, “trackings”, pesquisas privadas quase “real-time”.

Afinal, de que outra forma seria possível a Míriam Leitão ouvir de seus amigos mercadistas o que a fez escrever em sua coluna de hoje?

 O mercado financeiro parece que começou a cair na real sobre a disputa presidencial. Até a semana passada, a expectativa era pela prisão do ex-presidente Lula, com sua saída da corrida eleitoral. Era como se isso acabasse com a incerteza que é muito mais ampla e profunda. Agora que Lula já está em Curitiba, as atenção se voltam para os números das pesquisas eleitorais, e as notícias não são boas.

Ela diz que os candidatos “preferidos” da turma da bufunfa – Alckmin e Meirelles –  não decolam.

Mas isso, francamente, não é novidade há muito tempo e, portanto, não é “notícia”.

Ao que parece, seu “sonho de consumo”, ansiosamente perseguido há anos, o “Lula preso” saiu, como se vem dizendo aqui, pela culatra.

A eleição, ao menos neste momento, está entre o ex-capitão e Lula, ou quem seja por ele.

Alguém por aí lembra o que foi o “Efeito Lula” em 2002? É evidente ser cedo para prever algo desta magnitude, mas é forçoso dizer que Miriam Leitão tem razão em dizer que “as notícias não são boas”

Para eles, naturalmente.

 

 

 

 

 

Fernando Brito:

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  • Em geral é preciso considerar a velha máxima de que "o mercado sobe no boato e desce no fato", seja, aproveitaram a maré de "vamos prender o Lula" pra subir o quanto puderam até a véspera e hoje, com o feito completo, venderam para realizar uma parte dos ganhos. Mas não estamos em tempos de rotina e os especuladores sabem faz tempo que o cenário é de altíssimo risco político, desde que o impeachment desestabilizou o processo. Talvez apostem em outro golpe, cancelando eleições e mantendo Meirelles, Ilan & Cia na marra. A verdade é que ninguém gosta de brincar a sério no mercado quando não sabe por quanto tempo vão valer as regras do jogo. Com os milicos falando merda o tempo todo, o governo inexistente e o Judiciário transformado em terra de ninguém, o risco vai ficando maior do que vale a pena.

    • Pois o que acho é que a carne boa já foi comida e agora só os mais famintos é que permanecerão para roer os ossos. A tendência é que o frenesi alimentar, que já foi intenso, se reduza à metade do que já foi, ficando de acordo com a nova realidade, onde metade da economia foi para o saco.

  • Os jogadores do mercado erraram feio. Ainda bem. Lula livre já!!!

    • Logo no início de 2017, conheci um "homem do mercado" que quis brindar o ano novo, dizendo que sem o PT, o Brasil descolaria. Simplesmente lhe perguntei: como? Afinal, o Brasil que já perdeu seu ouro, seu pau-brasil, acabara de perder o seu petróleo. Ele não soube responder. Lhe perguntei se ele tinha notado que o Brasil foi simplesmente tomado, e ele não soube responder. Em suma, o pessoal do mercado acompanha questões de conjuntura de olho no curto (curtíssimo) prazo, mas é incapaz de entender consequências políticas e econômicas para além de duas semanas.

      • Não era um verdadeiro tubarão, mas uma sardinha. Não era golpista, apenas mais um midiota. É que tem paneleiro que, de tão alienado, não conhece a própria condição e pensa que é peixe grande. Logo será devorado por um peixe maior.

      • Esse povo é retardado mental, até eu que sou um mero leigo em economia consigo ver melhor do que eles o que acontece quando você faz isso ou aquilo na economia. O seu conhecido "travou" ao responder porque ele só tinha respostas prontas na cabeça, ele não é capaz de raciocinar e de portanto deduzir as consequências dos atos dele e de outras pessoas.

  • Não existe “eleições sem risco” a prova disso é o dia de hoje que depois da "última e definitiva(?) entrega" tinha tudo para ser um dia de clímax no ninho golpista, porém mais uma vez algo parece não estar funcionando a contento. Os golpista para usar a linguagem dos bufunfeiros pagaram e continuaram a pagar qualquer preço para comprar esse "hedge", o problema é que não existe nenhum "instrumento" que zere esse "risco", a não ser o preço proibitivo da não realização de eleições este ano. Mesmo depois de uma caça implacável e de haver conseguido o grande troféu a conclusão que chegaram hoje os golpistas é que o resultado das eleições é algo completamente em aberto. Os golpistas já projetaram muitos cenários políticos rosas e muitos céus de brigadeiro econômicos, nenhum deles se confirmou até agora para eles. Por isso continuam a pagar qualquer preço pelo hedge apesar de todas as entregas que os market friends na Midia e na Magistratura façam. O primeiro desses cenários rosa-azulados foi construído logo após o "processo" farsa do impeachment contra Dilma e após o resultado das eleições municipais. Aquela altura os golpistas diziam que só a deposição dela traria como num passe de mágica o retorno da "confiança", despertaria o espírito animal dos empresários que recuperaria o investimento e os empregos acabando com a recessão. A derrota do PT nas eleições municipais principalmente em São Paulo era uma amostra que o partido estava morto e enterrado e que "novas lideranças políticas" alinhada com a agenda de reformas econômicas estavam surgindo. Temer também se apresentava como um governo dedicado a implementar a agenda reformista do mercado e com o apoio do Congresso "amigo" aprovou a PEC 55, que impõe limites a gastos futuros do governo federal, uma reforma trabalhista com a liberação da terceirização para atividades-fim e se propôs a levar adiante a polêmica reforma da previdência, com o que passou a ser o queridinho do mercado (que muitas vezes não só sai em defesa do presidente golpista como ameaça cortar as asinhas dos tucanos quando estes se empoleiram em algum muro ou querem fazer algum voo solo, os tucanos não sabem mas são só papagaios de pirata do mercado - mesmo na manobra Globo-Supremo o mercado não comprou a ideia de rifar Temer). Mas nada saiu como planejado: na esfera econômica os sinais de recuperação não aparecem, o investimento não se recupera e tampouco o desemprego diminui, na esfera política o governo Temer não consegue dar nem estabilidade e nem nenhuma garantia de que o candidato do golpe emplaca. Muito pelo contrário, dos candidatos golpistas só a excrecência Bolsonaro (que os golpistas mantém como um curinga a ser usado só no caso de não ter nenhuma outra carta à mão) conseguiu alguma força eleitoral significativa (lembrem-se a eleição deste ano era vista como um barbada em 2016 e Lula como uma figura que caminhava para o ostracismo e o esquecimento). Tem sido patética desde então a situação dos meninos do mercado tentando garimpar qualquer sinal que não viesse grafado com o sinal de menos ou tintas vermelhas, nada de rosa e muito menos de azul. O mercado está tendo que engolir a seco a reduções da taxa de juros básica (é como uma crise de abstinência entre os viciados) entre a cruz e a espada perde seu papel de gigolô já que suas meninas estão muito magras (já que caiu a diferença entre o juros fora e dentro do Brasil) e não pode deixar de reduzir ou sinalizar a queda do juros pelo fato que a economia não reage. A eleição é a única barreira para o golpe finalizar sua transição (já nem tão assim) lenta, gradual e (certamente) segura a ditadura aberta.
    O único plano político dos golpistas que passava pela urnas era "um Itamar, um plano real e um príncipe político". Temer seria o Itamar, o Plano Real seria o Dream Team do Meirelles e o príncipe seria preparado pela imprensa (e do resultado natural da autofagia entre os candidatos a candidato do Golpe, que não os faltam). O Temer não foi um Itamar, o Dream Team congelou a economia, e nenhum candidato a candidato do Golpe emplacou, a não ser Bolsonaro que é preciso dizer não estava nos planos dos Golpistas. Sim desde 1994 nossas oligarquias não conseguem pensar ou desenvolver nenhuma outra ideia, nada diferente disso, a não ser a recente recaída no velho mal da política nacional, o golpismo histérico udenista.
    O golpe é um consórcio de muitos interesses entre o Mercado (Financeiro e as Grandes Corporações), a Grande Imprensa e as Máfias Políticas demo-tucanodebista, com as pinças "jurídicas" que o processo de judicialização política (que vem destruindo o pouco que resta da Política democrática) e politicalização juridica (que permite destruir de vez o Judiciário) foi afinando desde o mensalão e que se consolidou com a Lava Jato. Sem a formação de uma frente ampla em torno do PT vamos facilitar muito o último ato da Grande Farsa Brasileira. Esses meses agora vão definir a reação dos golpistas e aqui também eles não tem muito para onde correr: agora vão descobrir se pagaram caro também por mais esse hedge (a prisão de Lula) tanto em termos de desgaste político com a prisão e toda a batalha que vai continuar em torno dos recursos e da repercussão mesmo da prisão para o regime arbitrário do golpe como qual será o impacto nas pesquisas de opinião e os cenários possíveis dela (acho que aqui poca coisa vai mudar). Vivo ou morto, preso ou solto, candidato ou não o nome dessa eleição é Lula. Só perdemos essa eleição para presidente se quisermos e se não formos inteligentes. Precisamos não deixar de focar na eleição da Câmara e de renovação de parte do Senado, além dos Governadores. Esses são os nossos verdadeiros campos de batalhas. Sabemos a força e o papel que a militância e principalmente os milhões de eleitores e simpatizantes do PT e dos outros partidos de esquerda sempre desempenharam em todos os momentos decisivos de nossa história. Precisamos primeiro salvar a democracia brasileira que está por um triz e depois aprofundar o processo que foi duramente construído ao londo de 4 mandatos e desde o principio dos anos 80. Reivindico uma abordagem realista e institucional da política sem que isso implique conformismo ou acomodação e sem que isso represente uma desvalorização dos movimentos sociais. O próprio PT é a prova que existe sinergia entre a ação politica institucional e a consolidação dos movimentos sociais como por exemplo o sindicalismo (que criou a maior Central Sindical e um dos maiores movimentos sociais como o MST). O único ponto que falta é aproximar e se aproximar dos grandes maioria sociais nas periferias e favelas de nossas grandes cidades, mesmo porque muitos desses movimentos que surgem nas favelas e periferias reclamam não só participação mas também autonomia no sentido de ter a sua voz representada dentro dos partidos políticos (não querem ser só eleitores mas militantes e agentes de transformação social).

  • A prisão de Lula criou um problema terrível para o golpe. Não conseguiram o intento de destroçar a imagem de Lula com o ritual da prisão, graças à resistência heróica. E agora, caso Lula seja solto, aí acontecerá o inverso, seus perseguidores é que serão humilhados e Lula sairá do cárcere como um herói, um vencedor.

  • Tiro pela culatra .Lula ou seu candidato. Ele virou mártir..

  • Aumentar a pressão em Curitiba, Aumentar a denúncia Internacional. Nem um minuto de descanso aos golpistas. A prisão de Lula confirmará o grande erro tático da quadrilha . Só lhes restarão duas saídas : Bolsonazi ou cancelamento das eleições, com o risco do zumbi Vampirão sair do Planalto com dois pés na bunda suja !

  • Já pensou se a pesquisa foi algo assim:
    Boulos já aparecendo próximo de Alckmin.
    Manuela na frente de Meirelles e de todos os nanicos de direita.
    Bolsonaro empacado em segundo, por enquanto.
    E "Lula ou quem ele indicar" muito próximo de vencer no primeiro turno.

  • Jornalistas das grandes midias reclamam que não podem trabalhar no entorno do acampamento pró Lula em Curitiba....essas pessoas fazem o serviço sujo do patrão....um desserviço à democracia numa perseguição desumana à um homem ....sua família e um partido e ainda querem posar de vítima?

    • É emocionante ver a dedicação simples, calada, sisuda, de homens rudes do acampamento que vieram do interior, lá "de fora", como se diz no Sul, ao Lula. O que os move é um sentimento profundo de gratidão que um ser urbano de princípios normalmente corrompidos da cidade jamais poderia compreender. Eles sentiram na alma que Lula veio quebrar seu abandono e dar-lhes a mão para que eles, seus filhos e netos crescessem e fossem alguém na vida. E agora eles estão demonstrando essa gratidão, porque julgam com tranquilidade que esse é o seu dever de pessoa humana. Quando alguém se aproxima com câmara e microfone, eles sabem que ali está um provável inimigo, que vai precisar provar que é amigo para permanecer ali.

    • Até eu que sou um mero passante nesses casos iria surrar jornalista da Globo se eu ver um pela frente.

    • O problema é que nem jornalista honesto de empresa golpista se salva, porque tudo o que ele colhe de informação será editado com tendenciosidade pela empresa. Então queira ou não estão fazendo um serviço sujo para o golpe. São soldados de inimigos na guerra híbrida que sofremos.

    • O cara não vai lá para fazer jornalismo, vai lá cumprir tabela para uma matéria que já tem a pauta pronta que será falar mal dos manifestantes. Então estão reclamando do quê?

  • A direita golpista, oligárquica, plutocrata, escravocrata, cleptocrata, privatista e entreguista continua em busca de candidato viável eleitoralmente. Como há mais de um ano afirmo aqui, não seria outro senão o picolé-de-chuchu o candidato do "mercado", do "establishment". As capivaras e esqueletos que o apresentador global, Luciano Huck, possui em frágeis armários se mostraram suficientes não apenas para demovê-lo da idéia delirante de se lançar candidato, mas para escancarar de vez o que os patrões dele são e representam. A globo continua tendo poder econômico, político e manipulatório capaz de desestabilizar e derrubar governos; mas esse cartel midiático não consegue mais fabricar candidatos e eleger presidente, como fez há 29 anos, com Collor de Mello.

    João Dória, o político corrupto e almofadinha que consegui se eleger prefeito de São Paulo no pico da onda do anti-petismo patológico (hoje involuído para o nazifascismo aberto), alavancado pela ORCRIM Fraude a Jato, na figura do Kojak, então no ministério da justiça, esvaziou-se como um pastel de vento, antes mesmo do término do primeiro ano de mandato; o agora ex-prefake paulistano teve as as asas cortadas até mesmo por veículos da máfia globo, como a CBN, o que o demoveu das pretensões presidenciais, que chegou a sustentar em pública traição ao criador. João Dória terá agora de defender o feudo paulista, há 24 anos nas mãos do tucanato; a estratégia da oligarquia que domina SP todos esses anos é se dividir em dois candidatos que representem a continuidade do mesmo grupo no Palácio dos Bandeirantes. Com a máquina na mão nesses meses que antecedem a eleição, Márcio França tentará alavancar não Dória, mas outro candidato afinado com ele e com Geraldo Alckmin. O partido da rapina, que juntamente com o sistema judiciário aceitou ser cooptado pela finança internacional e pelo Deep state estadunidense, para dar um golpe de Estado, derrubar o governo da Presidenta Dilma, criminalizar e aniquilar o PT e a Esquerda, condenar e transformar em presos políticos o Ex-Presidente Lula e lideranças do PT, desmontar o Estado Social Brasileiro, entregar os setores e riquezas estratégicas aos estrangeiros, destruindo qualquer possibilidade de desenvolvimento soberano e inclusivo de nosso País no curto prazo... esse partido é hoje o mais rejeitado pelos eleitores e disputará a eleição não para crescer e eleger maior número de governadores e parlamentares, mas para tentar manter os domínios que hoje controla. Nem mesmo o apoio e blindagem do PIG/PPV e absoluto controle do sistema judiciário garantem a sobrevivência do PSDB.

    O assassinato político do Ex-Presidente Lula não garante à Direita a cadeira presidencial. O que o golpismo e ódio conseguiram fomentar foi o nazifascismo, hoje encarnado por Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Alimentados pelo ódio disseminado pelo PIG/PPV e pelas hostes judiciárias, os demônios do nazifascismo saíram das garrafas, se multiplicaram e se infiltraram na burocracia do sistema judiciário; é daí que decorrem os grandes perigos. Sem um sistema judiciário fascistizado, Bolsonaro e seus seguidores na extrema direita, nas milícias e facções para-militares não teriam toda essa força e não representariam essa ameaça real, cujos sinais mais claros são as recentes execuções no RJ, a matança de líderes de movimentos sociais e atentados ou ameaças/tentativas de atentado como os que se viram contra a Caravana de Lula pelo sul ou contra a aeronave que levava o Ex-Presidente para a solitária curitibana.

    • Bela análise. Concordo plenamente que a mídia ainda tem força pra desestabilizar governos, mas sozinhas não elegem ou dão sustentação a mais nem. Por isso a crise...
      Se fosse em outros tempos, entrava Temer e a mídia se calcária pro governo do velho ladrão. Ainda bem que agora tem internet

  • Eu estava me perguntando a mesma coisa. O meu palpite é que eles receberam de alguma fonte privilegiada que o país vai entrar em colapso, seja pelo cancelamento das eleições ou por ter finalmente caído a ficha da incapacidade dos golpistas de fazer a economia melhorar (e como eles conseguiriam isso quando toda medida que eles tomam é para SABOTAR a economia ao invés de consertar?)

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