O que pode vir da derrota da “apuração à mão” dos votos

O Globo publica hoje o mapa do posicionamento dos partidos diante da possível votação da proposta de apuração manual das eleições – “voto impresso” auditável é conversa fiada – e o resultado é avassalador: salvo pelas traições às orientações partidárias contrárias, seria visível uma derrota acachapante, de 329 a 183, nos 512 votos totais, pois o presidente da Casa não vota.

Pode ser até de menos, porque haverá deputados que, para “mostrar serviço” a Jair Bolsonaro, votem a favor, à esperado suposto prêmio que receberiam por isso, mas o fato é que, salvo por uma imensa surpresa, pode-se tratar como certa não só a derrota, como a derrota por uma maioria dos votos e não só pela frustração do número de 308 votos necessários à mudança da Constituição.

E também não haverá surpresa na reação de Jair Bolsonaro acusando a Câmara de estar a favor da fraude eleitoral.

É o ponto central de sua defesa de seu governo indefensável: a de dizer que não o deixam trabalhar. O trabalho do presidente, claro, é o de passear de moto com apoiadores e e o de distribuir ofensas.

Não é possível imaginar que, desta maneira, esta situação não vá contaminar a votação dos projetos governistas para fazer seu “pacote de bondades” eleitorais.

Até por demonstrar que há maioria para ampliar bondades e deixar Bolsonaro emparedado em ter de vetar o que não tem como pagar. Até porque tudo é feito contando com a aprovação do “calote” nos precatórios, o que pode não passar e, pior, passar e cair num questionamento judicial onde o placar pró-Bolsonaro seria ainda pior.

Fernando Brito:
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