A fotografia do “almoço de desagravo” ao ministro Ricardo Salles, com todo o primeiro escalão do governo Bolsonaro formado, como patetas, para “prestigiar” um sujeito que é uma vergonha nacional e internacional acende uma curiosidade.
Porque não mereceram um réquiem assim prestigiado os recém-demitidos Eduardo Pazuello, da saúde, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores?
Será por Jair Bolsonaro dar, à saúde e à diplomacia, muito pouca importância frente à lucrativa devastação ambiental que Salles patrocina?
É verdade que a cada um dos três coube o desmonte de áreas em que o Brasil tinha construído, com todas as deficiências que são mister registrar, políticas que nos ofereciam algum rumo e ordem nas políticas de saúde, inserção mundial e preservação ambiental. Como desmontar é a o projeto deste governo, foram defendidos ferozmente pelo ocupante do Planalto, enquanto isso foi possível.
A defesa de Salles, faz tempo, é tão impossível quanto se tornou a dos outros dois, mas ele resiste porque, para Bolsonaro, trocá-lo antes de testar a oportunidade de conseguir acordos que lhe permitam, com um aparente alinhamento com a questão ambiental, manter sob sua liderança dos milhares de aventureiros que se espalham, em busca de madeira e ouro e abrir caminho para que, sob a desculpa de “desenvolvimento sustentável”, sejam articulados negócios, sobretudo os de mineração, com grandes empresas estrangeiras.
Salles é personagem essencial nas maracutaias necessárias à preservação do estupro ambiental do país e à terraplenagem de grandes negócios que precisam de terra desmatada de leis. E, ainda, ao agronegócio, cuidando de não haver problemas do front interno, enquanto a ministra Teresa Cristina faz o papel de moderada com nossos compradores.
E é um trunfo nas mãos de Jair Bolsonaro, que pensa – e não totalmente sem razão – que quanto mais ameaçador seu governo for, mais terá vantagens nas relações com o mundo.
E que maior ameaça ambiental que Ricardo Salles?