Não podemos ter plebiscito, não dá tempo, é caro, o povo “não vai entender”.
Mas é possível discutir e votar, a toque de caixa, o Orçamento impositivo, onde os deputados obrigam o governo a aplicar 1% das verbas públicas em emendas que vão dirigir recursos federais para programas localizados ou para programas que são executados através de organizações não-governamentais ou assemelhadas.
São, em geral, programas sem qualquer capacidade estruturante, simples arranjos para obter prestígio nas bases eleitorais ou, os exemplos não são poucos, para obter outra espécie de vantagens.
O efeito de movimentos despolitizados, embalados por uma mídia conservadora, estão aí.
Em lugar de se moralizar, como pensavam milhares de pessoas que participaram das mobilizações, enfraqueceram o poder moralizador de um governo que, até com certa imprudência, jamais foi leniente com as chamadas “malfeitorias”.
Se é para apontar um erro do Governo, esse é o de não “peitar” a mídia e se comunicar diretamente com a população, entre outros temas, sobre a urgência da reforma política em nosso país.
Porque, ao contrário do que dizem a mídia, os políticos e os analistas pretensiosos, já entendeu tudo.
Tanto que a pesquisa do Ibope sobre reforma política, encomendada pelo Movimento contra a Corrupção Eleitoral, não apenas mostrou que 84% a querem e sabem muito bem para quê.
Vejam o que diz a matéria do G1 sobre o levantamento:
“De acordo com a pesquisa, 78% são contrários ao financiamento de campanha por empresas privadas. Segundo o Ibope, 80% acreditam que deveria haver limite máximo para uso de dinheiro público nas campanhas e 12% disseram que não. A ampla maioria (90%) quer punição mais rigorosa à prática do caixa dois.
O Ibope também questionou os entrevistados sobre a proposta do MCCE de que eleitores possam votar primeiro em partidos e propostas e depois, em candidatos – 56% disseram que apoiam a ideia, 36% disseram preferir manter o sistema atual, 2% se disseram indiferentes e 5% não souberam ou não responderam.”
O povo, portanto, mesmo sem campanha nos meios de comunicação, entendeu muito bem o que o Brasil precisa.
Enquanto os parlamentares lhes viram as costas e cuidam que que eles precisam para se reeleger.
Ainda é tempo de impedir o estrago do tal Orçamento impositivo montado à base de retalhos de ambições.
O Governo precisa demonstrar que, ao contrário de desprezar as reivindicações justas dos parlamentares e de fazer o “toma-lá-dá-cá” com as emendas individuais, aceita as mudanças que não cheirem a picaretagem.
A forma pode ser, como informou a este blog um deputado responsável, tornar impositivas as chamadas emendas de bancada, apenas.
Ou seja, só as obras, programas e investimentos aprovados pela maioria dos parlamentares de cada estado, num valor máximo estipulado previamente terão sua execução orçamentária garantida.
As emendas “queromeu” ficariam abolidas.