O TSE é o pai dos partidos de oportunismo e de aluguel

Os nossos ministros do Tribunal Superior Eleitoral  podem fazer muito jogo de cena e muita manipulação com a história do “Ficha Limpa”, mas são os responsáveis pela imundície que estamos vendo na formação de “novos partidos”, na verdade amontoados de gente que recolhe assinaturas – ou simulacros de assinaturas – para fins eleitoreiros ou, pior, simplesmente pecuniários.

E, arruinando a ideia de partidos políticos, o TSE arruína a própria ideia da democracia representativa, que só através deles se pode fazer.

Falo isso com a tranquilidade de quem, no período democrático, militou em um único partido político e dele saiu, recentemente. Divergindo profundamente, mas mantendo, como é adequado, um período de clausura, sem o que, em geral, mudanças de partido têm mais de oportunismo que de convicção.

A decisão do TSE que deu ao PSD o direito de participar do Fundo Partidário e do horário de propaganda eleitoral destruiu a regra da fidelidade partidária que tanto custou a este país adotar.

Nada contra a criação de novos partidos, que deveria, até, ser mais livre do que é hoje, dispensando esta coleta de assinaturas ridícula, que só se presta a essa vergonheira de fraudes, indiscriminadamente, até mesmo na tal Rede da Marina Silva.

Em todas as democracias, isso é livre e requer pouca burocracia.

Os Estados Unidos têm mais 75 partidos além do Republicano e do Democrata e é, na prática, um país bipartidário.

Mais de o dobro, hoje, desta vasta fauna brasileira de 30 partidos.

Veremos, segundo os levantamentos da imprensa, 50 parlamentares – 10% da Câmara dos Deputados – mudando de partido e carregando seus segundos de televisão e suas “cotas” de fundo partidário, boa parte deles eleitos com os votos de legenda de seus partidos.

Não admira que TSE e parlamentares sejam tão contrários à proposta de reforma política por plebiscito, como propôs Dilma.

Eles se adonaram do processo político e nada lhes causa mais medo que o debate sobre o fim das coligações proporcionais, o financiamento público das campanhas e o voto em sigla partidária.

E, também, a atitude da mídia, que vilipendia os partidos, aplaude os pula-pula como Marina Silva e estimula o “udenismo coxinha”.

Afinal,  o maior partido do Brasil, a mídia, para suprir o seu “pequeno defeito” de não vencer eleições, é preciso estabelecer a geleia geral partidária, onde todos podem ser o que quiserem, desde que façam seu jogo.

Fernando Brito:

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  • Considerando o paradigmático discurso da presidenta Dilma na ONU contra o uso ilegal da internet, não consigo entender como é que blogs de esquerda, com textos de excelente qualidade e posicionamento, exigem dos seus leitores que tenham uma conta no facebook, por exemplo, para comentar estes textos. Ora o facebook, o google, a microsoft, entre outros, estão justamente sendo acusados de serem cúmplices da NSA-EUA na captação de dados privados e estes blogs estão prestigiando os fornecedores de dados ilegais ao governo estadunidense. Não consigo entender esta gritante contradição.

  • Com autorizacao dos amigos e proprietario do blog,gostaria de lancar aqui o CCSB: Comando de Caca aos Sabujos e Baba ovos. Pode?

  • Imundície do TSE é o que estão fazendo com Maringá, ao confirmarem como certo o terceiro mandato do prefeito eleito. Alias, se o jornalismo investigativo se interessasse pelo caso, descobririam coisas do arco da velha. Talvez o caso seja a senha para revelar ao Brasil mais um pouquinho das peripécias da justiça brasileira.