O cadáver insepulto de Gustavo Bebbiano não é, neste final de semana, o tema principal da festa fúnebre instalada no governismo.
O morto está silente, arranjando para si epitáfios pseudofilosóficos de internet que, ainda que perfumados de fragrâncias baratas sobre lealdade, não despertam a curiosidade mórbida das emanações que prometeu.
O mais significativo é o espanto e o choque com a dinâmica desta crise e o comportamento de Jair Bolsonaro nela.
Daquelas situações tão constrangedoras em que mil vezes importante é aquilo que se murmura entre poucos, com grande temor, do que os lamentos públicos do “que pena que teve de ser assim”.
É óbvio que não tinha de ser assim e, se foi, além de revelar a total falta de escrúpulos presidenciais, mostra que foi a execução infamante (ou o tiro na nuca do soldado, para usar as palavras do cadáver ministerial) de alguém que transitou em pouquíssimo tempo de braço-direito para inimigo figadal.
E um esparramar-se de ódio destes pode mesmo ter um pequeno gatilho que o dispare, mas certamente tem atrás de si uma barragem de rejeitos que se acumulou e fez algo que de outra forma seria pouco relevante tornar-se o estopim de um desastre de vastas proporções.
Os senhores generais – são muitos e foram chamados à junta médica que tentava evitar o desfecho do caso – talvez tenham podido escapar, ontem, já tarde da noite, da incômoda pergunta ouvida ao chegarem em casa: “o que é que está acontecendo, fulano?”. Pode haver um “agora não, estou cansado”, seguido de um banho e um uísque silencioso.
Hoje, porém, as conversas se multiplicarão e se exponenciarão as dúvidas sobre a capacidade de comando presidencial, porque o velório termina no sepultamento e o enterro já há dois dias não sai.
Nos quartéis da política será pior. A paúra de entregar seu destino cegamente ao “Mito” e sua prole é agora um monstro real. Se as adesões, entre os políticos, têm grandes proporções de cumplicidades, como confiar num cúmplice que, sem razões explicadas, executa seu parceiro em praça pública ao primeiro sinal de dificuldades?
Jair Bolsonaro começa uma semana, a da reforma previdenciária, em que terá de pedir apoio e fazer concessões e promessas.
Terá de fazê-lo com as roupas ainda salpicadas do sangue destes três dias de “massacre do twitter elétrico”.
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e a novela pastelão terá proximos capítulos eletrizantes
Só não chamo de dramalhão mexicano porque hoje eles têm o Obrador.
Só não chamo de dramalhão mexicano porque hoje eles têm o Obrador.
Aqui, o Oblador, ou seja, o fazedor de .........
Antigamente, em família, chamava-se o ato de defecar de "obrar".
Foi nisso que deu obrigar um povo ignorante e atrasado a tirar título e votar.
Foi nisso que deu Dilma sugerir usar o "controle remoto", e parecer uma pessoa de 120 anos na habilidade em usar as redes sociais desde 2013.
É nisso que dá superestimar a inteligência e capacidade intelectual do povo. Qualquer pai ou mãe sabe que até uma determinada idade um criança deve ver TV supervisionada por um adulto capaz.
Nem em puteiro se consegue armar tanta confusão.
Quanto ao rapaz negro que foi estrangulado pelo segurança bolsonariano, é óbvio que o tal segurança foi influenciado pelo vídeo que rodou o mundo, no qual um policial estrangula até à morte um homem negro chamado Eric Garner em New York. Imitam dos Estados Unidos a maldade desentranhada. https://pt.wikipedia.org/wiki/Morte_de_Eric_Garner
E não vai sair tiro de verdade, com uma Taurus do Moro?
Em outras palavras, foi o que disse Rodrigo Maia.
Sérgio Moro está montando uma mega biblioteca eletrônica com todos os telefonemas e todas as mensagens de mídia eletrônica do Boçalnaro, seu clã miliciano e seus laranjas, com tudo diligentemente compartilhado com seus superiores lá dos "isteites".
Alguém duvida?
Não.
Não fiquemos adormecidos, porém, com essa hipótese de dificuldades de negociação nas reformas.
Boçal Nato é filho das fake news, da informação e contra-informação, que são logo desmentidas para depois serem ratificadas num moto contínuo.
Esse sujeito é uma víbora, e a reforma da previdência, em particular, atende a muitos intere$$e$. Cuidado com as nuvens de poeira e fumaça.
É o segundo cadáver. Não esqueçamos do Magno Malta.
Tudo realmente é relativo, ora, achávamos que Damares seria um peso para esse fraco governo, e não é que ficou uma pluma perto do problema Bebiano? Aliás vemos que janeiro foi o mês do peculato, fevereiro o mês das laranjas, Pior que o ano tem 12 meses,. Vai dar para fazer uma folinha com as lambanças do Bolsonaro. Kkkkkk Irrisório, não general.