Vocês sabem que nós, blogueiros “sujos” já fomos apontados como uma “ameaça” pela grande imprensa e por seus bem-instalados colunistas.
Somos, na nossa vida difícil e massacrante, segundo eles, aquinhoados com fortunas em propaganda oficial petista, embora eu só tenha tido, até hoje, um anúncio público, e de uma prefeitura do PSOL, que tem o meu respeito mas jamais teve inha defesa. Teria de governos do PT, do DEM, do PSDB e não pergunto ao Google de quem serão os anúncios que colocam neste blog. Só bloqueio, mesmo com seus avisos de que aumentariam meus ganhos, os anúncios de jogos de azar.
Mas agora, parece que a maré virou.
Os “grandes” tomaram nossa defesa.
Diz Miriam Leitão que, com a nova lei de Direito de Resposta, “o maior risco é dos veículos menores, ou repórteres independentes que não tenham uma estrutura jurídica grande e rápida”.
Que risco, D. Miriam? Se o Dr. Armírio Fraga quiser se defender de ser apontado aqui como promotor de juros altos e salários baixos, mande uma carta, um e-mail, será publicado, e sem economia de espaço. Até mesmo a D. Miriam, se quiser recusar o título de “urubuzadora” da economia, será publicada e não em letra miúda, no “pé” do texto.
O nosso problema, até hoje, não tem sido o de dar o direito de resposta – que aliás não pertence a mim, nem ao que responde, pertence á sociedade, que tem direito ao contraditório – mas o de pagar indenizações.
Pergunte ao seu chefe, Ali Kamel, como ele nem cogitou de direito de resposta, mas não hesitou em cobrar algumas dezenas de milhares de reais de quem o andou ofendendo – e este blog não foi um deles.
Por favor, D. Miriam, “nos inclua fora desta”.
Quem vai recorrer ao Supremo e pressioná-lo indecorosamente a anular a nova lei – mesmo tendo sido tornada algo capenga com a proibição do exercício pessoal da defesa – são vocês, grandes veículos de comunicação e seus porta-vozes políticos e econômicos.
Não nós, pequenos veículos e jornalistas independentes, Nesse ponto, a senhora tem razão: não temos dinheiro para uma estrutura jurídica, nem pequena e lenta, que dirá grande e rápida.
Liberdade, D. Míriam, nunca é inimiga da verdade. Se a senhora diz e eu tenho o direito de desdizer, jamais poderia negar o seu direito de fazer o mesmo. Nem à senhora, nem a qualquer um.
A senhora diz que os prazos são exíguos pois, se “o juiz, dentro de 24 horas mandará citar o responsável pelo veículo de comunicação para que em igual prazo apresente as razões pelas quais não o divulgou, publicou ou transmitiu e no prazo de três dias ofereça contestação”.
“Ou seja, o juiz tem que parar o que estiver fazendo para, em 24 horas, mandar citar o órgão de imprensa, que tem apenas 24 horas para se defender e três dias para contestar. Em menos de uma semana, esse rito que a lei chama de “especial” tem que ser cumprido.”
A senhora esqueceu de mencionar que a lei dá uma semana inteira para que o jornal, rádio, site ou televisão publique a resposta solicitada. E que a “trabalheira” do juiz – que vai parar tudo o que estiver fazendo – se limita a escrever: “Cite-se”. Se quiser ser prolixo: “Cite-se, na forma da lei, com os prazos fixados pela Lei 13.188”.
E o juiz tem um mês para julgar, é pouco. Acho que não, não é, para nós, que estamos acostumados a emitir nossos conceitos em poucas horas, e sobre temas mais complexos do que ver se houve ou não ofensa, Afinal, o jornal não espera, não é?
O será que D. Miriam acha “adequado” o prazo de três anos que intermediou a ofensa da Rede Globo a Leonel Brizola e o seu histórico direito de resposta?
Sei que não é economista de sua predileção, mas a senhora deve conhecer a frase do Lord Keynes: a longo prazo, todos estaremos mortos.
Então, por favor, não tome o nome da pequena – economicamente falando – imprensa para atacar a lei que coíbe o seu poder absolutista.
E tenha a humildade de ler o seu ex-colega de CBN, Sidney Rezende (meu agora já velho contemporâneo, uma das maiores “máquinas de trabalhar que conheço), no texto em que lhe sobra a humildade que falta aos que se acham deuses, do qual transcrevo o que parece escrito sob medida:
“Reconheço a importância dos comentaristas. Tudo bem que escrevam e digam o que pensam. Mas nem por isso devem cultivar a “má vontade” e o “ódio” como princípio do seu trabalho. Tem um grupo grande que, para ser aceito, simplesmente se inscreve na “igrejinha”, ganha carteirinha da banda de música e passa a rezar na mesma cartilha. Todos iguaizinhos.
Certa vez, um homem público disse sobre a imprensa: “será que não tem uma noticiazinha de nada que seja boa? Será que ninguém neste país fez nada de bom hoje?”. Se depender da imprensa brasileira, está muito difícil achar algo positivo. A má vontade reina na pátria.”
Espero que, mesmo sem ser citada, possa pedir direito de resposta ao Sidney. Ele dá, e na hora. Nem precisa ir ao juiz, ele é um homem de bem.
Talvez por isso tenha sido demitido da Globonews, depois de tantos anos, apenas um dia depois de escrever isso.
Viva a liberdade de imprensa, não é, D.Miriam?
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Prezado Fernando
Sou sua fã, aprecio seus textos e os comento com meus alunos na pós-graduação. É inquestionável a sua capacidade de síntese e a precisão de análise. É claro que juntamente com a competência me encanta a sua referencia maior: o Brizola. Sou de Passo Fundo e lembro bem da coragem e altivez desse grande político em especial nos acontecimentos dos idos de 1962... Também me refiro à força dos argumentos inspiradores em favor da educação, desde as "Brizoletas", escolas espalhadas pelo Rio Grande, até as escolas de tempo integral no Rio de Janeiro. Voce e o Brizola são e serão sempre lembrados como homens que não sucumbiram ao discurso fácil e à prática interesseira de nadar conforme a corrente. Abraços e obrigada por toda a beleza e a coerência das suas análises, sempre educativas.
Esse articulistas globais pensam que todo mundo é idiota e que não percebe a segunda intenção no que afirmam. Isto é feito de forma proposital pois são desonesto de corpo e alma. Ao afirmar que o "blogueiros independentes correm o maior risco", ela induz o leitor a acreditar que ali reside a fonte da mentira e da falsidade. Ora nos poupe dona Miriam leitão vai dar conselho ao Merval, Sademberg, aos alucinados da Veja. Pois você sabe muito bem quem manipula, e tanto é verdade que a Mída brasileira useira e veseira na chantagem esta recorrendo ao STF, p/ impedir a lei de resposta ( respostas as calunias e mentiras, um direito do cidadão que inexplicavelmente nesse pais não se podia usar).
Outra vez,senhor Fernando Britto,me utilizo de seu BLOG,para comentar matéria doutro blog,o Conversa Afiada,pois não o faço ali,em virtude de duas coisas:a primeira é a minha dificuldade em acessos através da internet,dessa parafernalha que são,os acessos,todos eles com instruções em INGLÊS,coisa com a qual não tenho nenhuma familiaridade,e a outra reside na desconfiança que tenho de que, alguns blogs,não gostam de posições muito críticas às matérias ali publicadas e mudam seus antigos métodos de acessos,com esse propósito. Então,faço-o aqui,pois até hoje os acessos são simples e " Democráticos ",no acolhimento das opiniões dos internautas,sejam eles,quem sejam. Mas voltando à Vaca Fria,quero portar ao respeito da matéria crítica à demissão de um jornalista da Globo,por ter feito críticas à emissora e seus " Colegas " até então,com relação ao JORNALISMO MENTIROSO ao qual se dedicam a quase totalidade dos aludidos " PROFISSIONAIS " em acolher ordem patronais ao emitir suas " OPINIÕES " sobre fatos.Quero afirmar que todos aqueles,que durante suas vidas profissionais trabalharam,assistiram,ouviram e até foram vizinhos de tais " VEÍCULOS DE SUPOSTAS INFORMAÇÕES E OU NOTÍCIAS QUE VEICULAM " ,são também responsáveis por tais comportamentos.Percebo que hoje,com as facilidades que a internet colocou ao alcance de qualquer um,a quase totalidade dos " JORNALISTAS ", essa profissão que facilita aos seus " TODOS " componentes, terem O GRANDE PRIVILÉGIOS de EDITAR O QUE BEM ENTENDEM,muitos deles hoje,arrependidos do que fizeram no passado,ou cinicamente querendo a ANISTIA DE SEUS ATOS PASSADOS,tentam nos passar,às suas vítimas,que sempre foram críticos e somente não o podiam expressar,pois dependiam do " EMPREGO " ,para nutrir seus dependentes.A conclusão que chego,é que todos são responsáveis por seus atos,mesmo aqueles hoje,vitimados pelos seus ALGOZES,seus patrões do passado.Resumindo,todos querem hoje,que entendamos as razões das suas " OBEDIÊNCIAS DEVIDAS "!
Fernando Brito,
Que você tenha muita saúde e uma longa vida.
É sempre enriquecedor ler seus textos.
Detesto essa turma de vira-latas, sou excessivamente, e acho ótimo, nacionalista.
Parabéns
O antigo empregador do Sidney considera tão "normal" mentir que falar a verdade virou uma verdadeira "justa causa" para os globais.
Sr.C.Paoliello.Cabe então,uma pergunta.O que o Sr.Sidney estava lá fazendo,há tanto tempo? Não sabia das mentiras? E por que somente agora,se deu conta? Vou insistir.Será a OBEDIÊNCIA DEVIDA?
Fernando, esse texto da Miriam não foi pra você, mas pros blogs que, como a grande imprensa, vivem se caluniar os progressistas. É com eles q ela está preocupada.
O que, de fato, é um "progressista"?
Os veículos de comunicação já se retrataram no caso da escola Base? Houve a indenização pelos males causados?
Não, jamais. Os proprietários já faleceram, mas ainda vivem outras vítimas. Vinte anos depois, parece que nem sequer terminou o processo que garante a indenização. É essa a justiça pretendida pela D. Leitoa.
Quer dizer que, para a Leitoa, a justiça poder ser rápida em vazamentos, mas não conseguirá ser rápida para, finalmente, fazer justiça? Então é melhor fechar a bodega.
O amor vemcendo o odio. Fimalmente!! Eu pemsei que nao veria iiso! Lindo! Obrigado
Se até eles não conseguem sobreviver com o "óbvio", imaginem nozes.