Odebrecht: os laços de família são o dinheiro

Estarrecedora a reportagem da Folha sobre o clima de apreensão no império Odebrecht com a iminente soltura do delfim Marcelo, preso há dois anos.

Ao contrário do que deveria ser um momento de alegria, com a volta ao convívio com o filho do patriarca Emílio, “o ambiente, de acordo com executivos e delatores ouvidos pela Folha, é de preocupação”.

De acordo com pessoas com acesso ao empresário na prisão, ele se mostra insatisfeito com um acordo cujo resultado considera extremamente injusto, principalmente no que se refere à sua participação no pagamento de propina. Há o temor de que aponte omissões e imprecisões no acordo, tema frequente de conversas de quem o visita em Curitiba.

Ou seja, de que comece a evidenciar que as dezenas de delações de executivos da empresa – todos devidamente recompensados com prêmios em dinheiro do “patrão” – foram, na verdade, uma “conta de chegar” ao que deles exigia a Procuradoria Geral da República, no que até então – antes da JBS – era a “jóia da coroa” do jusdedurismo implantado no Brasil.

Porque, como registra o jornal,  a delação “foi arquitetada por Emílio, que via nesse instrumento a única maneira de salvar os negócios da falência” e causou o rompimento entre  pai e filho. Se um filho não importa à construção de uma narrativa que renda frutos nos negócios do império, o que importaria a verdade?

Tanto é assim que o jornal diz, já no título que o medo é que ele “aponte mentiras” no que foi delatado ou, é possível imaginar, que construa as suas próprias inverdades, para melhorar ou manter os termos de sua condenação.

Além do pai, Marcel, diz a Folha, estaria “rompido” com a irmã, Mônica, com o cunhado, Maurício Ferro, que também é diretor no grupo, e com a mãe, a quem era muito ligado, além do diretor jurídico do grupo, Adriano Maia, operador do acordo de  delação.

Não admira que, para um clã que se confunde com um império de negócios, os laços de família sejam mais fracos que as correntes do dinheiro.

O que admira é que a Procuradoria da República não dê a mínima importância ao que pode haver de mentiras num acordo de delação que – sem tirar nem pôr de forma idêntica ao da JBS – é apenas uma operação de salvação comercial, ainda que isso custe a honra e a liberdade de terceiros.

 

 

Fernando Brito:

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  • A soltura de Marcelo Odebrecht neste momento deve ser contextualizada com o que disse Rodrigo Tacla Durán, no depoimento à CPMI da JBS, na última quinta-feira. Eu NUNCA tive dúvidas de que Marcelo Odebrecht foi coagido, chantageado, ameaçado, humilhado e torturado psicològicamente, para dizer aquilo que dele esperavam os criminosos lavajateiros. As toscas delações que ele e outros fizeram em relação ao Ex-Presidente Lula, à Presidenta Dilma Rousseff e a outros líderes ou ex-ministros de Estado que serviram aos governos petistas - NENHUMA DELAS PROVADA - são indicativos claros das extorsões que a ORCRIM lavajateira fez com executivos e empresários das grandes construtoras brasileiras.

    É preciso ficar de olho no que acontecerá com MO; não será surpresa se ele aparecer morto, cometer suicídio ou'sofrer algum "acidente" inexplicável, como aquele em que morreu Teori Zavascki.

    • Ou podem até inventar que o gajo está perturbado psicologicamente para justificar sua internação em um hospício ou coisa do gênero. Dessa família pode se esperar tudo.

  • A ÁGUA COMEÇA A BATER NA CINTURA DA TURMA DE CURITIBA. ESTÁ FICANDO MUITO INTERESSANTE VER ONDE ISSO VAI PARAR. NINGUÉM CONSEGUIR ENGANAR A TODOS O TEMPO INTEIRO.

  • A preocupação e seguir a rota da CIA. O importante é que as pessoas controladas pela CIA DESTRUAM O BRASIL, e afunde a ENGENHARIA brasileira, e o Brasil.

    Todos esses canhalha serão um dia colocados em um tribunal para JULGA-LOS, por TRAIÇÃO à Pátria brasileira.

  • Cada vez mais sórdida as relações da lavajato com mundo financeiro das empreiteiras e a aliança do tribunal de Curitiba com a Mídia. Esse império da mentira, da coação, da chantagem só se mantem devido ao stf apodrecido e acovardado. Isto mereceria muito mais do que uma CPI, esse escândalo não tem paralelo entre as nações ocidentais. O que esta sendo sendo dito por Tecla Duran, empreiteiros chantageados e juristas de renome ilibado sobre o Covil de Curitiba, só permanece de pé graças ao acumpliciamento da mídia.

  • Tutti buona gente . Soldi , soldi , soldi . Ou seria pela origem dos personagens , Geld , Geld.

  • Canalhas, canalhas e canalhas. E todos contra o pt e o Lula.
    De uns, nojo. De outros, nosso orgulho de serem as vítimas preferidos destes canalhas, canalhas e canalhas.
    Depois do golpe, o caos.

  • Devemos ficar atentos ao que ocorre em Honduras hoje, pode ser um plano a ser replicado aqui em 2018 , esse ano que nunca chega...

  • Lamentavel, unica palavra que me vem a mente, para definir o meu querido Brasil, entregue a um bando de togados e politicos inescrupulosos e porque nao dizer um bando de crapulas golpistas.

  • O último parágrafo do post do Britto,com todo respeito -é muito ingênuo---.
    Atribuir a PGR e aos bandidos do mpf a intenção da busca da verdade é ingenuidade.Eles sabiam muito bem o que precisavam fazer para levar o Brasil ao fundo do poço.
    Já em relação aos Odebrecht ,quero é que se explodam !!!
    A situação familiar deles é só consequência de que eles como todos OS EMPRESÁRIOS,TEM O DINHEIRO COMO SEU DEUS E TODO O QUE SE OPÕE A ESSE PROPÓSITO ---ACUMULAR RIQUEZAS---- É DEIXADO DE LADO.

  • Bom dia,

    A verdade ainda não tá a tona, se é que existe verdades quando se fala em dinheiro, digo muito dinheiro!

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