Presidenta Dilma, sei que o exercício do Governo exige ponderação, regras, estudos de viabilidade, arcabouço legal, etc, etc, etc…
Mas exige, também, que o governante seja ousado, visionário, até um pouco delirante…
Se não fosse assim, não teríamos JK, Brizola, Darcy. Os mineiros não teriam tido Israel Pinheiro.
E os americanos não teriam tido o Roosevelt. Ali em cima estão as fotos do WPA, o Works Progress Administration, com Eleanor, sua mulher, à testa. Precisavam dar trabalho aos veteranos da Primeira Gerra e às vítimas do crash de 1929. E criaram os Civilian Conservation Corps,que estão ali, n foto,assentando blocos de calçamento. E também estão na imagem os desabrigados do Vale do Tennessee, onde o governo fez barragens. Lembram o pessoal do Vale do Rio Doce, rio que a Vale, privatizada, renegou até no seu nome, não é? Pois é, eles já foram assim, e não são mais.
Por isso, modestamente, quero dar um pitaco, destes de velho brizolista, que pensa fora da caixinha.
A essa altura, Presidenta, tem um monte de ONGs com as boquinhas mais abertas que os peixes sem ar do Rio Doce.
Mesmo como o acordo “camarada” com o Ministério Público, a Samarco – leia-se aí a Vale e os australianos da BHP Billiton – terão de pagar bilhões de indenização, uma parte deles que ficará na mão de gente bacana, consultores, homens do blá-blá-blá e burocratas. Vai ter um monte de “responsabilidade social”, que é aquele negócio em que a Samarco ganhava prêmios e publicações elogiosas da Fiesp, mas que não deu para instalar uma mísera sirenezinha para o pessoal de Bento Rodrigues poder fugir da lama.
Presidente, chame ao Palácio um cidadão chamado Ricardo Fiorotti Peixoto.
Ricardo é professor da Universidade Federal de Ouro Preto e chefia o Laboratório de Materiais da Construção Civil da Universidade Federal de Ouro Preto, ali pertinho do desastre, e o Reciclos, que é um grupo de pesquisa do CNPq-Capes que desenvolve conhecimento para transformar a lama de mineração em tijolos e argamassa.
Não são marqueteiros atrás de promoção, trabalham nisso faz tempo e tem muitos trabalhos e experiências publicados (aqui, aqui, aqui e aqui estão alguns) sobre a utilização de rejeitos de mineração (e de siderurgia em geral) na produção de blocos de alvenaria, de pavimentação, de argamassa e até de concreto para habitação e urbanização.
Eles têm sonhos e conhecimentos, mas não têm dinheiro nem meios de levá-los além de seu pequeno laboratório de experimentação.
Chame o Ricardo e sua turma e os desafie: vocês topam montar isso em escala industrial para um programa habitacional ali na região e na Grande BH, que estão a uma distância viável para o transporte do que produzirem?
Se ele vacilar, pergunte-lhe como é o lema da Escola de Minas, que ele integra. Eu já sopro para a senhora: “Cum Mente et Malleo“, com a mente e o martelo, conhecimento e ação.
Depois chame o Murilo Ferreira, da Vale, e algum Crocodilo Dundee da BHP e diga: “ó, cês vão pagar isso…” Não adianta chamar o presidente da Samarco, que é gravatinha contratado e daqui a pouco vai rodar, com um monte de indenizações.
E vão pagar também para fazer uma faixa de desapropriação em todas as margens devastadas do Rio Doce, de onde vai sair a lama e vai entrar o reflorestamento.
Vai ser trabalho por toda parte, Presidenta. Para tirar a lama, para transformar em tijolos, para assentar os tijolos em ruas e em casas, vendidos quase de graça, para produzir dezenas de milhões de mudas, para plantá-las. E se um dia a lama acabar, tem mais, vinda da mineração, que eles têm aos milhões de toneladas pendurada lá no alto dos morros.
Ah, e não esqueça de chamar o Levy, o Nelson Barbosa, a presidente da Caixa, o Ministro das Cidades e dizer-lhes: “olha, este pessoal é meu, não é docês”
Rompa a barragem da burocracia, Presidenta, a dos “técnicos” que fazem relatórios e pareceres que não levam a lugar nenhum.
Chame uns doidos, Presidenta, que ficam horas, dias, meses e anos estudando como fazer algo de útil do lixo da mineração e deixe os “sabidos” que têm sempre uma “placa de resistência” quando se trata de fazer alguma coisa.
O que eles nos deram foram um rastro de destruição e milhões de toneladas de lama. Então, Presidenta, pegue o pessoal que delira e que quer fazer o barro se tornar vida.
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Espetacular sugestão. Grande, muito grandiosa preocupação. São forças que somam ao desenvolvimento do país e garantem a soberania de um povo. O futuro não ser comprometido pelo descaso dos grandes empresários. Eles têm que saber que tudo tem um preço quando aqueles diretamente atingidos se chamam Brasil e seus cidadãos brasileiros.
Genial. Faremos movimento para,que isso ocorra.
Simplesmente perfeito. Depois Presidenta, venha em cadeia nacional falar para todos nós sobre esta ação positiva do governo.
E a dona Marina? Não vai defender os pobres bagres?
Ah, tá, entendí...ela defende só os graudos.
Brito, faça isto chegar até a Presidenta Dilma. Como? Seja ousado, visionário, até um pouco delirante…é o único jeito de passar pelos "bunda-mole"que a cercam.
Brito, faça isto chegar até a Presidenta Dilma. Como? Seja ousado, visionário, até um pouco delirante…é o único jeito de passar pelos "bunda-mole"que a cercam!
Meu Deus como eu queria que Dilma fizesse algo assim pra nos encher de orgulho dela.
Excelente ideia! Jornalismo nota 10!
Desse limão que seja feita uma bela limonada, que gere casas, empregos e atividade para a economia!
Brito, simplesmente genial!!!
D U V I D E O D Ó - Votei nela, é descente e honesta, mas já demonstrou que não tem peito para iniciativas ousadas. Faz o trivial, o feijão com arroz, o administrativo. E outra, tem dois ministérios fundamentais para tal ousadia, sem titulares na pasta, o da Justiça e o da Comunicação. É meio teleguiada pela mídia (PIG). Jamais seguiria sugestão de "blogueiro sujo." No entanto, torço fervorosamente para que eu me engane e beba -sem lama- minhas palavras...tomara, aí sim mereceria uma estátua em Minas Gerais...mesmo que de barro!