Vera Guimarães Martins, ombudsman da Folha, acusa o jornal de ter manipulado as falas do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para fazer “intriguinha e fofoquinha”.
Me pareceu uma síntese perfeita do que fez a Folha.
Martins criticou ainda a falta de destaque que a Operação Zelotes, da Polícia Federal, recebeu do jornal: “Há um novo escândalo na praça e, caso se confirme a avaliação dos investigadores, ele desponta com pinta de campeão. Trata-se da Operação Zelotes, que, segundo a Polícia Federal, já provocou prejuízos de ao menos R$ 6 bilhões, podendo chegar a R$ 19 bilhões. Em termos monetários, sua magnitude pode deixar para trás o butim da Lava Jato, que, por sua vez, já havia superado os valores malversados no mensalão. Pois, mesmo com essas promissoras credenciais, o assunto não tem merecido da Folha o mesmo destaque dado aos seus predecessores.”
Por que será, hein?
Será porque os próprios donos da Folha foram pegos num outro escândalo de sonegação, o Suiçalão, onde se encontrou contas secretas dos irmãos Frias no HSBC suíço?
Ou será porque a Operação Zelotes muda completamente a narrativa da mídia para o problema da corrupção no país, repondo o governo no papel de mocinho, e mostrando Dilma como a presidenta em cujo governo mais se deu autonomia para se investigar corrupção em nossa história?
Ou será porque a mídia não se sente confortável em noticiar casos de sonegação, porque aí os protagonistas quase nunca são políticos e sim grandes empresários, com ligações de amizade, família ou comerciais com os barões da mídia?
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Zelotes e Levy
Por Vera Guimarães Martins, ombudsman da Folha.
Há um novo escândalo na praça e, caso se confirme a avaliação dos investigadores, ele desponta com pinta de campeão. Trata-se da Operação Zelotes, que, segundo a Polícia Federal, já provocou prejuízos de ao menos R$ 6 bilhões, podendo chegar a R$ 19 bilhões. Em termos monetários, sua magnitude pode deixar para trás o butim da Lava Jato, que, por sua vez, já havia superado os valores malversados no mensalão. Pois, mesmo com essas promissoras credenciais, o assunto não tem merecido da Folha o mesmo destaque dado aos seus predecessores.
Deflagrada pela Polícia Federal no último dia 26, a Zelotes investiga um esquema de sonegação de impostos incrustado na própria Receita Federal. Aliados a quadrilhas, integrantes do conselho responsável pela avaliação dos recursos de contribuintes multados pelo fisco cobravam suborno para reduzir ou anular multas milionárias. Na lista de casos investigados há bancos, empreiteiras, montadoras e grupos empresariais parrudos, incluindo um de comunicação do sul do país.
Só na última quinta (2), uma semana depois do início, a operação galgou a manchete deste jornal (“Mensagem liga lobista a caso que fraudou Receita”). Um dia após ser deflagrada (27), a Zelotes foi o título principal dos concorrentes, mas mereceu na Folha uma chamada modesta. O tema ficou sumido da capa por três dias e voltou ainda menor na terça (31) e na quarta (1º). O furo mais importante até agora, a lista de grandes empresas investigadas, foi obra da concorrência.
Ainda que movimente enormes somas, um esquema de sonegação fiscal como esse pode não ter o apelo midiático explosivo do escândalo da Lava Jato, que se espraia por partidos e políticos do primeiro escalão da República. É um erro, contudo, menosprezar sua importância. Um dos aspectos mais celebrados do caso Petrobras é que a investigação está atingindo corruptos e corruptores (embora seja difícil saber quem é quem nesse jogo). A punição de quem paga suborno para levar vantagem não é só questão de Justiça, é aspiração de qualquer sociedade que se quer desenvolvida.
ASSIM FALOU LEVY (DE NOVO)
A manchete de domingo passado (29) –”Dilma é genuína, mas nem sempre efetiva, diz Levy”– despertou a ira de alguns leitores. O título foi tirado de um encontro do ministro da Fazenda com ex-alunos da Universidade de Chicago. A frase inteira: “Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes não da maneira mais fácil… Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno”.
Pode-se começar arguindo que o enunciado não foi exatamente fiel à fala: dizer que Dilma tem “desejo genuíno de acertar as coisas” é diferente de declarar que ela própria é genuína, mas acho essa uma questão menor. Títulos são sujeitos a regras e limites estreitos e, às vezes, na tentativa de encaixar a ideia, toma-se alguma liberdade com o enunciado. No caso, chamar Dilma de genuína não chega a ser problema.
O que leitores (e a ombudsman) contestaram é o mérito de transformar em manchete uma frase dessa. Mais uma, por sinal. Informal, falante e pouco habituado aos holofotes, Levy comete deslizes frequentes, mas sua última tirada nada tinha de novo ou grave, como apontou a leitora Marina Freitas: “Com o país fervendo, não havia nada mais relevante? Qual a novidade na fala do ministro? Não há dúvida de que ele entrou para fazer o ajuste e acha que algumas medidas da presidente não foram efetivas”. Outro leitor, Carlos Dranger, verbalizou um incômodo que também compartilho: “Sinto engulhos quando vejo uma manchete com a expressão ‘diz’. Viramos um jornal de fofocas? É falta de assunto?”.
Com frequência é isso mesmo, falta de material melhor. Sem outra opção de boa cepa, qualquer bobagem dita por figura pública pode ganhar dimensão imerecida nos diários.
É obrigatório acompanhar os passos dos ministros da Fazenda, porque o que falam tem impacto na economia, mas buscar antagonismo em tudo o que diz Levy virou artifício batido. Seria bom levar isso em consideração, para não passar a imagem descrita por outro leitor, Wilson de Souza: “Para mim, parece intriguinha e fofoquinha”.
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Nao adianta amenizar com o discurso da Ombdusman.
Quem acredita nesse jornaleco?
E nessa figura de Ombdusman??
Esse jornal já se enterrou em manipulaçoes faz tempo e nao tem credibilidade nenhuma. Quem nao sabe que os jornaloes combinam as manchetes que serao tratadas em cada ediçao?
Sim, fizeram fofoquinha e nao estao nem ai para informar o seu leitor sobre nada do que é de seu interesse. Qual a novidade nisso?? É só veneno dia após dia.
Nao atoa que os jornaloes estao com os dias contados.
Que venham a falir e sumam do país.
Tem muita gente boa praticando jornalismo de verdade na blogosfera, e eles sao chamados, inclusive pelos seus colegas dos jornaloes, de "blogueiros sujos".
Sujos sao eles e o jornal para qual trabalham, isso sim..
Se vc se deixar levar pela chamada grande imprensa, tá morto.
Nem a data estampada na FSP é confiável. É sempre bom confrontar com o calendário. A Folha de há muito tempo perdeu completamente a vergonha e pratica esse antijornalismo porque confia na falta de senso crítico dos seus, cada vez mais reduzidos, leitores.
Dia 12 está aí para o pessoal paneleiro mostrar se apenas que derrubar um governo trabalhista ou é contra a corrupção venha de onde vier.
No dia 1º de abril, tradicional dia da mentira, eu comentei na sala de espera de um consultório que dia da mentira são todos os dias, basta ler algum jornal. Infelizmente a "grande" mídia caíram em desgraça desde o momento em que se partidarizaram. Ou seja, a partir do momento que viraram "partidos políticos" e partiram p/ a oposição perderam a sua credibilidade. Como se brinca por aqui "quem acredita em jornal acredita em qualquer coisa"...
A classe merdia acredita no globo. O nivel de infantilidade deles faz com que achem que repetindo a argumentacao canalha da rede golpe se tornam legitimos membros da classe dominante. Monte de otarios idiotas.
Falta computar a sonegação da Relis globo.
To achando que há uma tentativa de encobrir crime dos amigos e associados.
Ainda falta o helicóptero com 460kg de pasta de coca. PF, espero realmente que ainda haja homens sérios nessa instituição.
Engraçado...a cada dia que passa São Paulo fica mais parecido com o sertão nordestino: convive com a escassez de água e agora é massa de manobra. Graças a Deus,o meu querido nordeste, a cada dia que passa, se livra desse estigma. Abraços
Folha, PIG, etc, é jornalismo de péssima qualidade.
Uma vergonha para a atividade jornalistica brasileira.
Incompetência pura, incobrindo espertalhões anti-brasil.Desde os tempos da ditadura.
Depois do endeusamento dos procuradores do MP paranaense, que atuam na operação Lava Jato, publicado hoje na Folha fica mais que evidente que a atuação do ombudsman é daquelas notícias que o jornal usa para tentar manter a abalada credibilidade. Dar destaque a este assunto é perder tempo com a falta de ética do jornal. Um assunto bom é a possível indicação de Luiz Moreira para o STF. Será mais um erro do governo?
http://www.brasil247.com/pt/247/brasilia247/175899/Manifesto-de-intelectuais-pede-Luiz-Moreira-no-STF.htm
"...Na lista de casos investigados há bancos, empreiteiras, montadoras e grupos empresariais parrudos, incluindo um de comunicação do sul do país..." Por que não diz o nome de ninguém e, principalmente, o da RBS?