“Ombud” da Folha diz “ai, ai, ai” para mentira do jornal

A jornalista Suzana Singer, ombudswoman da Folha, critica neste domingo a matéria de pura propaganda do jornal ao anunciar em manchete, sexta-feira,  que “Prefeitos demitirão médicos locais para receber os de Dilma”.

Ela reconhece que “embora uma das regras básicas da Folha seja sempre ouvir o outro lado, o Ministério da Saúde não foi procurado e que se a reportagem tivesse ouvido antes o Ministério da Saúde, o jornal teria registrado que há um cadastro on-line que permite ao governo “monitorar mudanças de equipe e punir os municípios que fizerem trocas”.

Mais, D. Suzana: teria sabido que o convênio que as prefeituras assinaram proíbe clara e expressamente que isso aconteça, sob pena de anulação.

Ela diz que a chefia justificou-se por não ouvir o Ministério porque o “outro lado” seriam os prefeitos. Os médicos são “da Dilma” para a manchete, mas para a apuração do jornal são “do prefeito do interior”.

Ah, bom…

Quer ver como uma apuração de estagiário, com a simples preocupação de perguntar à Assessoria de Comunicação do Ministério – ou passar alguns minutos no Google, como fez este blog, “derruba” a matéria de manchete para notinha?

“Embora isso seja proibido pelo convênio que assinaram com o Ministério da Saúde, alguns prefeitos pretendem substituir profissionais de suas unidades de Saúde por aqueles que receberão no programa “Mais Médicos”…

Pronto, o escândalo nacional teria se reduzido ao que é, uma pretensão de esperteza de meia dúzia de prefeitos interioranos.

A Folha sequer se deu ao trabalho de perguntar às supostas “vítimas” dos médicos cubanos onde trabalhavam, para saber se eram plausíveis as alegações de que faltavam sistematicamente ao serviço. A Dra. Junice Moreira, que Suzana reconhece ter recebido “grande destaque” do jornal, tem, segundo o cadastro do SUS, até primeiro de agosto deste ano, quatro empregos em prefeituras, distantes 442 quilômetros entre si, perfazendo uma carga horária de incríveis 128 horas semanais -18 horas e 15 minutos diários, se trabalhar de domingo a domingo, sem folga – , sem contar as viagens entre os seus plantões.

Isso é irrelevante, também? Basta dizer que saiu para dar lugar a um cubano e ajudar na histeria.

A ombusdwoman da Folha, como se previu aqui, diz “ai, ai, ai, pessoal” para os repórteres, mas se omite de dizer que a definição de que essa má apuração passou por toda a cadeia de comando do jornal até ser definida como manchete. E que essa cadeia de comando não é composta de correspondentes no interior, mas de gente com capacidade mais que sobrante para avaliar o rigor da apuração.

Para eles, nem “ai, ai, ai”.

Com esse nível de jornalismo, é estranho que ela se limite a afirmar que o jornal “errou um pouco a mão”.

Levou ao leitores – e aos muito mais não-leitores, porque manchetes funcionam como cartazes afixados em dezenas de milhares de bancas de jornais – um não-fato.

E divulgar não-fatos como verdades é desastroso, como a Folha deveria ter aprendido no malsinado caso da Escola-Parque.

Mesmo que alguns prefeitos pretendessem tentar fraudar o programa, isso não poderia acontecer sem consequências.

Pior, generalizou uma eventual intenção de um ou dois secretários de saúde (uma delas ex-vereadora tucana) para torná-la um fenômeno nacional:”Prefeitos demitirão médicos locais para receber os de Dilma”!

Nestes tempos em que a Folha pretende discutir ética médica, tomara que não seja com os parâmetros de sua ética jornalística.

Mas quem somos nós para criticar, não é? O Tijolaço é apenas um “guerrilheiro cibernético”, segundo a ombudswoman.

Que seja, mas não age assim: “criando”  informação para sustentar opinião.

PS. Peço  desculpas por ter grafado incorretamente – já corrigido –  o nome da jornalista Suzana Singer, por quem tenho respeito pessoal, embora critique as análises. Não houve intenção, mas foi erro do mesmo jeito e a gente corrige assim, francamente.

Fernando Brito:

View Comments (31)

  • tá mais do que na hora de jogar bosta lá no prédio da FSP, como foi feito na Globo.

  • Politicos e medicos fora da lei e ruim mesmo, politicos sem vergonha e medicos vagabundos e sem etica, me perdoem os raros politicos honestos e raros medicos eticos e abnegados .
    Que HORROR! como se nao bastasse jornal sem etica, se bem que nao e novidade, vejam as televisoes, apresentadoras de programa feminino falando de politica sem conhecimento defendendo histericamente seu candidato e atacando o governo e estimulando o povo a manifestacao, de graca que nao e (Gazeta). Apresentadores de programa de crime e policia, falam mais de politica que nao entendem nada e risivel estimulando o povo a manifestacao por qualquer coisa e um absurdo, querem aparecer chegam a sugerir que manifestacao tem que ser com milhares de pessoas nas ruas, pedindo que pessoas das favelas saiam as ruas e subliminar. e gravissimo concessao de TV nao e para estimular manifestacoes que muitas vezes se transformam em quebra quebra, ainda mais sem ideais, sao apresentadores que querem aparecer, desequilibrados, histericos (Infelizmente da Record tambem da Band) querendo audiencia a qualquer custo, arrivistas . O ministerio publico precisa ser acionado com urgencia.

  • Provevelmente a dra Junice passa o dia andando pra la e pra ca, tem que assinar quando entra e quando sai, deve ficar cansada de dirigir, mas recebe, nao tem pudor nao merece rspeito. Ministerio publico nela.

  • Esses jornais so querem causar tumulto contra o governo, para se dar credito voce precisa confirma em varias fontes, cada dia se da menos creditos aos jornais que era a fonte de informacoes seguras.

  • Se mandassem a policia lá, com um mandato, daria para ficar como a foto, mas atras das grades,
    quantos incômodos isto ocasionou, que vai catar as penas da galinha.
    Cade o direito de resposta, que o Requião já pediu a dez anos atras.
    Neste caso cada cidadão teria a obrigação de responder..

  • Ela não pediu desculpas, ela apenas minimizou o erro do jornal. E ainda mandou essa:

    ``A manchete de anteontem -"Governo paulista deu aval a cartel do metrô, diz Siemens"- silenciou boa parte dos críticos. Pela primeira vez, o nome de um tucano (Mário Covas) apareceu em destaque no jornal.''

    Puxa, a folha citou o nome de um tucano? Pena que ele não pode mais declarar nada neste mundo.

  • Quando é que vamos arrancar uma LEI de responsabilidade nos meios de comunicação, quando vamos sair do império aristocrático dos atuais meios de com.

  • Caro Fernando, queria adicionar algumas informações relevantes sobre esta sra.

    Esta Dra Junice seria a Junice Maria Moreira, se for então esta senhora hoje acumula uma carga horária de 128h semanais, pasmem! Isto incluindo o o vínculo de 40h do qual pediu desligamento no município de queimadas.

    Quanto tempo esta sra passou nesta situação não posso afirmar, que posso afirmar é que ninguém em boas condições de saúde física ou mental consegue trabalhar 128 semanais.

    Além do mais os locais de trabalho distam a 389km de distância, cidades de Jiquiriçá, Ubaíra, Queimadas e Murici, vide Google Maps.

    Informações podem ser encontradas no CNES cujo número de cadastro para esta dra é 980016279829206.

  • Eu já afirmei vária vezes, mas vou tornar a dizer: Suzana Singer escreve receitas de bolos para dondocas desocupadas.

    Ganha para isso. Fazer críticas à Folha não é sua praia.

  • Prezado Fernando Brito, o caso que você citou é o da Escola Base, e não Escola Parque. No mais, excelente post, como sempre. A carcomídia continua destruindo seu patrimônio mais importante: a credibilidade.