Orleans e Braganças do império das finanças. Por Nilson Lage

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Em todos os países, nas guerras dos bancos, aos vencedores cabe o controle dos bancos centrais.

Com o golpe do ano passado, o Itaú-Unibanco assumiu o comando do Banco Central brasileiro, isto é, o controle da moeda nacional. Exerce esse poder obediente e integrado à banca internacional ,da qual o poderio militar do Ocidente (Estados Unidos e Otan) age como mero instrumento no quadro da globalização – por exemplo, em suas guerras coloniais, convencionais ou híbridas . O Federal Reserve americano é uma instituição privada integrada a essa rede.

Chamam isso de “independência dos bancos centrais”, da mesma forma que nomeiam como “independente” a mídia que controlam.

Para chegar a essa Olimpo bancário, o Itaú-Unibanco atravessou prolongada etapa de seleção natural na qual soçobraram dezenas de bancos privados – do Nacional, de Magalhães Pinto (Minas Gerais) ao Bamerindus, de Andrade Vieira (Paraná) – e outros tantos bancos estaduais, o maior deles, o Banespa, vendido, em 2000, por R$7 bi. Em um ano, o comprador, o espanhol Santander pagou o investimento.

Na condição de controlador efetivo do BC, o Itaú-Unibanco opera como uma espécie de “governador geral” das finanças do país, com poder de limitar a ação do governo até mesmo na utilização eventual das vultosas reservas externas. Deu um chega-prá-lá, também, em eu principal concorrente privado como banco de varejo, o Bradesco.

Eis a história das duas famílias que, após 90 anos de gestão do dinheiro alheio, chegam juntas ao topo do poder político em seu prestigiado ramo de negócios.

Só que chamar banqueiro de “empreendedor” é um baita exagero.

PS. O quadro aí em cima é a árvore genealógica do império Itaú-Unibanco (oficial, o original ampliado está aqui)

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8 respostas

  1. O que dizer mais de um país que se tornou paraíso do rentismo…..produzir conteúdo nacional que é bom nada, só matéria prima extraída da natureza…fica mais barato para a cadeia produtiva internacional, que por sua vez é “muito benevolente” com essas “famílias”, os novos donatários da capitania.

  2. Outro dia li em um site que dizia isso:
    De uma arma a uma pessoa e ela roubará um banco.
    De um banco a uma pessoa e ela roubará o pais/mundo inteiro.

  3. Acho “estranho” como os comentarista financeiros da mídia em especial da globonews, são apoiadores incondicionais do sistema financeiro. O governo do PT estava sempre errado na condução da economia e os que tinham a solução sempre eram ligados a Bancos. Acusam o brasileiro de não fazer poupança para uma futura aposentadoria , são adeptos incondicionais da aposentadoria privada. Por que será que existe esse amor incondicional, pois são tão éticos?

  4. Uma das desgraças na vida política do Dirceu, foi que quando ministro combateu ferozmente o rentismo, que como sabemos é uma das tábuas sagradas do capital especulativo no Brasil, onde milhares de endinheirados sem fazer nada, dobram o seu capital anualmente.

    1. Na mosca!!! Por isso a perseguição à Dirceu. O Judiciário é capitão do mato do rentismo brazuca.

  5. Certa vez numa palestra o publicitário Matarazzo, homem da comunicação de FHC e do PSDB, afirmou que os melhores negócios do mundo eram:1. Bancos; 2. Bancos falidos; 3. Educação. Numa palestra feita em universidade privada. Nem colocou no rol a saúde, nem laboratórios internacionais de remédio etc. Ainda disse que seus pais erraram o navio quando imigraram. Perderam o que ia para os EUA. Já tinha o DNA de Dallagnol no antigo PSDB.

  6. “Chamam isso de “independência dos bancos centrais”, da mesma forma que nomeiam como “independente” a mídia que controlam”.

    A tudo isso eles ousam qualificar de liberdade de expressão e de imprensa, livre mercado e democracia. Segundo os neoliberais, o mais alto estágio a que poderia chegar a humanidade.

    Como alertava o sociólogo alemão, Robert Kurz, que nos deixou cedo demais – tinha só 69 anos – os neoliberais creem, piamente, que, se seu sistema não der certo, nenhum outro dará. Eles irão até o fim, não importando o preço que todos teremos que pagar por tanto fanatismo; fundamentalismo, podemos dizer.

    Assim, o desafio está colocado. Ou operamos as mudanças necessárias, imprescindíveis, para que possamos viver em um mundo melhor, ou nos preparemos para a barbárie e destruição totais.

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