Muitos devem recordar quando, em 2010, a então presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito, disse que os meios de comunicação “estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo.”
Cinco anos depois, esta concepção partidária – ou melhor, totalitária – da mídia atingiu o paroxismo.
O pluralismo remanescente na imprensa raro e só mesmo decorativo.
Com o PSDB transformado numa sombra pobre do que foi – fenômeno, reconheça-se, que ocorre também com o PT e a generalidade dos partidos – a busca da imprensa por personagens que corporifiquem “a oposição” desceu ao lixo.
Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa, disseca hoje a gênese de personagens impensáveis como porta-vozes de um país e, mesmo, como porta-vozes de uma oposição minimamente qualificada a pretender dirigir a vida de 200 milhões de pessoas, num dos maiores países do mundo.
São os filhos da profecia de Judith e também da de Joseph Pulitzer, que previa a formação de uma legião de leitores imbecilizados como fruto inevitável de uma imprensa imbecilizada.
Foi duro partejar esta gente: somaram-se os fórceps brutos de Jabores, Mainardis, Mervais e Reinaldos e aos óleos mais suaves (veja o que se tornou passível de ser chamado de sua vidade no Brasil!) das Mirians e Cantanhêdes, que, afinal, fizeram trazer a luz dos refletores os nossos bebês de Rosemary.
Os novos ídolos da imprensa
Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa (trecho)
(…)Se já não havia uma diversidade aceitável em cada um deles, agora fica ainda mais patente que os principais meios de comunicação do país atuam como uma só redação, um só corpo editorial orientado por uma visão de mundo dominante e conservadora. Essa característica fica escancarada na forma como os conteúdos de um jornal são complementados e referendados pelos demais, em sequências nas quais uma declaração, um boato ou uma anedota percorre todo o campo midiático, acabando por se afirmar como verdade incontestável.
Seguindo esse roteiro, é possível identificar claramente na narrativa comum e mutuamente referente dos três diários de circulação nacional uma agenda política que tem como eixo central a manutenção de um quadro de crise em torno da presidente Dilma Rousseff, ao mesmo tempo em que se procura minar a reputação do ex-presidente Lula da Silva.
Faz sentido: não é conveniente dar guarida aos manifestantes que pedem o impeachment da atual presidente, se Lula continuar com chances de voltar ao Planalto em 2018. Por isso, a imprensa busca dar consistência ao discurso desses atores recentemente inseridos na cena pública após os protestos do dia 15 de março passado. Repórteres, editores e âncoras de programas de entrevistas procuram tornar compreensíveis e palatáveis as ideias politicamente toscas expressas por tais protagonistas, apresentando-os como exemplos da razão nacional.
Essa ação tem sido mais intensa na Folha de S.Paulo e na TV Cultura de São Paulo – e, por extensão desta, na revista Veja –, mas se repete em entrevistas e artigos nos outros jornais, nos quais se procura apresentar um engenheiro, um adolescente de traços orientais e um jovem negro como representantes da “voz das ruas”.
Lidos no original, os discursos dos personagens que a imprensa selecionou para representar esse movimento exemplificam com clareza o que a filósofa Marilena Chauí chamou, há três anos, de “abominações” (ver aqui).
É difícil analisar diretamente as visões de mundo expressadas por esses novos ídolos da mídia, porque, como verdadeiras aberrações do pensamento político, escapam aos paradigmas clássicos. Mas pode-se ler a versão revista e palatável de suas ideias, que a imprensa procura apresentar ao público.
Na edição de quinta-feira (2/4), o Estado de S.Paulo assume, em editorial, a crença de tais personagens, de que há uma orientação “bolivariana” no poder Executivo – o que soa quase como achincalhe à inteligência do leitor mais exigente. Na Folha de S.Paulo, um articulista recomenda que os movimentos que organizam os protestos simplifiquem e unifiquem suas bandeiras, e afirma que eles representam “o que a rua quer”.
Esses personagens não representam as ruas. São a expressão da pobreza intelectual que caracteriza a lumpenburguesia, essa extração das classes médias urbanas composta pelos abastados abestados, analfabetos políticos que desprezam a democracia e repudiam a mobilidade social, da qual são beneficiários.
É com essas excrescências que a imprensa produz diariamente seus quitutes.
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A grande Mídia que diz que o País está quebrado,esconde que a soma da poupança dos Brasileiros em bancos hoje ultrapassa R$ 1 trilhão,somando-se aí apenas aplicações em poupança e renda fixa.Em 2003 não chegava a R$ 250 milhões.Dados do Banco Central...
Imprensa golpista, entreguista e subjugada por interesses anti-brasileiros
Abastados abestados!
É isso!
Realmente o sentido de patriotismo e incipiente em nosso neo pais ,colonia por meio milênio.estamos acordando de um longo marasmo em que fomos imbuídos desde a exploração européia.como o modelo europeu esta falindo vamos ter que botar a cabeça pra funcionar e descascar esse abacaxi.
Mas, é triste ver que até hoje o Fernando Pimentel continua retransmitindo o Jornal do psdb de São Paulo, e não o da TV Brasil que é bastante isento. Quando vai assumir, aquilo que BRIZOLA nunca conseguiu ter, uma TV para o Governo Dêle.
E não é só a Mídia da Mão Grande que faz papel de oposição, não !! Junto dela nesse papel ridículo estão grandes setores senão todo o STF, a PGR, a PF e o TCU. Temos um Estado bandido tomado por coxinhas saudosos da DITADURA e das facilidades que desfrutaram por toda a sua vida criminosa.
"O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES - O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS"
seria pauta do Congresso a legitimidade do acesso a informação verdadeira de todo o povo brasileiro.
seria...é constitucional
que fazemos?
FALA DILMA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Imprensa nocíva e inconsequente.
O partido da Judith Brito é uma excrescência vil e perigosa para a sociedade brasileira.
“Não há nada mais parecido a um fascista do que um burguês assustado.”
(Bertold Brecht)
Hoje o Obama chegou ao acordo com o Irã que Lula já havia conseguido em 2010 , mas que foi boicotado pelo presidente americano. Nada como um dia após o outro. E Obama teve de fazer concessões ao Irã, mas vai ficar com os créditos.
Vi parte de um filme mexicano em que uma rede de Televisão de grande alcance passa da função de denúncia da corrupção de um governador de província a assessoria de comunicação para recuperar a imagem do mesmo corrupto por uma dinheirama respeitável. Quando começa o trabalho de assessoria, surge um fato novo envolvendo a oposição liderada por um político idealista que sofre um atentado cometido pelos capangas do governador-cliente. Para não abordar o fato, ela passa para a cobertura de crimes violentos para desviar a atenção de seu novo cliente. Ainda não assisti o resto, mas pela história da imprensa, sabemos que não são poucos os casos em que ela enriquece por meio de chantagem, subornos e demonstração de poder. Não sei se o título refere-se ao poder da imprensa em sua relação com a política e o crime, é bem provável que seja. O filme é Dictadura Perfecta.