Sucedem-se, na insuspeita imprensa ocidental, matérias que mostram que o sentimento das ruas na Criméia é majoritariamente pró-russo.
Dúvidas sobre isso serão esclarecidas no plebiscito de domingo, quando se saberá – e com amplo acesso de centenas de jornalistas ocidentais para verificar a lisura do voto – se isso corresponde ao desejo de uma significativa maioria local.
É certo que a maioria local não seria razão suficiente para legitimar uma separação, se houvesse uma tradição histórica e uma unidade nacional bem estabelecida.
Mas não há, há uma associação parcial da Criméia à Ucrania, de 20 anos, e nenhuma identidade histórica.
E vem o presidente Barack Obama dizer que a votação, no referendo, viola a lei internacional e não será reconhecido.
Que lei internacional ele viola, Presidente?
A que permite, desde a Iugoslávia, ao seu país invadir outros sem autorização da ONU?
A que permite ao seu país espionar governantes, empresas e pessoas comuns em qualquer parte do mundo?
A que exige que i Irã não tenha reatores atômicos, mas permite que Israel tenha bombas nucleares.
Mas um bem, presidente Obama, um bem o seu argumento esdrúxulo me fez.
Recordei de um filme do passado, que assisti adolescente e que o senhor deve ter assistido também imberbe.
Nele, o comandante das Forças Americanas no Vietnã, General William Westmoreland, dizendo que temos de entender que os orientais são…diferentes, que não dão tanto valor à vida humana quanto nós.
Enquanto uma mãe vietnamita se atira. louca de desespero, à cova de seu filho morto.
Os seres humanos são iguais, Presidente Obama. Negros como o senhor, amarelos e magrinhos como os vietnamitas, louros e rechonchudos como aqueles – cmo direi – russos da Criméia.
Porque a gente nem chama eles de crimeianos, criméicos, crimelitas, não é?
O povo americano, que tem a virtude de reconhecer seus erros e proclamar suas vergonhas, como a Guerra do Vietnã, não terá evoluído em nada se não tiver aprendido as lições do Vietnã.
Lembro de que diziam – uma destas frases que nem precisavam sair da boca de alguém para serem ditas – que os vietnamitas iam ser livres mesmo que não o quisessem…
Será que é o que aguarda os criméicos, ou os crimelitas, ou os crimeianos, ou, que diabos, os russos da Criméia?
Achei este velho filme e trago para vocês.
Separem, assistam na hora em que der tempo de chamar seus filhos, seus sobrinhos, seus netos.
Deixe que vejam, apesar do horror, porque é uma vacina.
E não se preocupem em conter uma lágrima se eles perguntarem se aquilo foi mesmo verdade…
View Comments (15)
Meu caro Fernando Brito,
Há muitos anos venho dizendo, a meus filhos e a todos a quem posso, que, assim como se repetem sempre, na semana santa, os filmes sobre a paixão de Cristo,há três filmes que deveriam ser repetidos todos os anos, em todos os cinemas e canais de TV, para mostrar o que a humanidade não pode deixar que se repita:
1 – Corações e Mentes –Sobre o massacre do povo vietnamita, a pretexto de livrá-lo do comunismo;
2 – O Julgamento de Nuremberg – Sobre os horrores do nazismo.
3 – Hiroshima, meu amor – Sobre os efeitos de uma eventual guerra com armas atômicas.
Acrescente à sua lista, Waldir, A Servidão Moderna.
Referendo pode.
Se em Puerto Rico, que se toma em 1898 pode, porque na Crimeia que se ocupa em 1700 e nada nao pode?
Na Criméia vai acontecer o que PUTIN quer.
Não adianta se estrebuchar...
Mas nao foi solicitado para respeitar a vontande dos moradores das Ilhas Malvinas quando fizeram o referendo em 2013?
Fernando,
Penso que vale replicar o texto do Mauro Santayana. Conclui-se que os EUA está apoiando neofacistas na Ucrânia.
http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/O-ninho-da-serpente/30428
Vai ai um recado para os Americanos e Europeus que nos espionam.
Eles devem ter uma peneira...
Então vai aí umas palavras....A FAVOR DA RUSSIA, contra os NAZISTAS.
e não tem meio termo...tem que bater no figado, baço e queixo.
O horror da guerra e a lição não aprendida. Vietnam, Afganistão, Iraque, Síria... Isto não tem fim! E lá onde nunca caiu nenhuma bomba se fala em eixo do mal.
EUA são vão sossegar após todos os países socialistas se converterem ao capitalismo.
Desde a Guerra do Vietnâ nunca vi um nome tão imperialista e adequado como o do General Westmoreland: MAIS TERRA PARA O OCIDENTE (EUA)
Lugar de tomar poder e nas urnas. Tomar poder pelas armas, e o mesmo que fazem os traficantes nas favelas.