Nada é mais importante para a função judicial do que o juiz ser respeitado pelos cidadãos.
Sem que isso aconteça, suas decisões e sentenças perdem, completamente, o acatamento social e passam a ser, apenas, a vontade de um poderoso.
As notícias em torno da iminente proposição de uma lei organizadora da magistratura colocam nossos juízes na posição de deboche que se atribui a Maria Antonieta sobre o “se não têm pão, que comam brioches”
Não há dúvidas de que um juiz deva ganhar bem, mas ganhar bem dentro do quadro de limites e carências do serviço público.
Não se discutem os vencimentos.
Mas os gordíssimos privilégios que se auto-concedem, que chegam, segundo o que alguns ministros propõem, às raias da odiosidade.
As gratificações por tempo de serviço já somariam 60%, até.
Sobre elas e vencimentos, que vão a R$ 43 mil,no mínimo, ao menos ainda incide Imposto de Renda.
Mas começam aí os casuísmos, que colocam Suas Excelências no papel de uma “nobreza” funcional que é um tapa na cara dos demais servidores e da população.
Para “auxílio-moradia” já levaram mais R$ 5 mil quase, mesmo que morem em suas próprias casas. Mas o projeto quer engordar a gratificação para um adicional de 20% do salário.
A guisa de cobertura à saúde, 10% para o casal – se houver um cônjuge – e mais 5% para cada filho, vão aí outros 20%, no caso de dois infantes.
Como educação é prioridade, mais 5% para cada filho estudar, até os 24 anos, da creche à universidade. Os dois delfins, portanto, fariam “pingar” mais 10% no contracheque.
Se o Meritíssimo for pós-graduar-se – e assim, faz-se uma década quase de mestrado, doutorado e pós-doutorado – são mais 20% em caixa.
Não havendo uma carruagem oficial para levá-lo ao Forum, ganha-se mais 5%, o que pode ser traduzido como comprar um carro médio por ano.
Sobre toda esta imensa lista, por se tratarem de verbas “indenizatórias”, nem IR incide. É “limpo” (perdão pela palavra), cash.
Diz a Folha que, além do mais, “os magistrados poderão receber até 17 salários por ano: os doze, o 13º, um integral para cada um dos dois períodos de férias no ano e ainda um salário extra à guisa de prêmio de produtividade a cada semestre, se o juiz julgar mais processos do que os que chegarem”.
Não faço a soma por ter o que parece faltar a alguns doutores: vergonha.
É em gente capaz de propor para si mesma estes privilégios absurdos que o país deve depositar suas esperanças de moralização?
Teremos, além do “Rei dos Camarotes” os “Reis do Tribunal”?
Tomara que as semelhanças desta situação com a de Maria Antonieta não continuem até o final daquela história.
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É uma provocação. Um deboche à cidadania da grande maioria dos brasileiros, cuja renda é baixa. Isso só pode ser concebível numa sociedade de castas.
Os percussionistas de panela farão seu batuque na janela por conta disso?
De jeito nenhum estão doidos para entrar nessa mamata, mamar nas testas gordas do Judiciário. O desembargador Pedro Cauby Pires de Araujo de SP recebe mensalmente mais de R$104 mil reais. Entrou na justiça para conseguir a extensão da PEC da bengala.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/05/1632210-stf-freia-extensao-de-aposentadoria-de-juizes.shtml
Os paneleiro ou agressores de petiscos em restaurantes não irão se indignar?
Isso é uma avacalhação, perdão pela redundância, explico: o Judiciário se avacalhou desde a posse do Gilmar Dantas, e o cume da avacalhação se deu com o Capitão do Mato e a sua teoria do fato.
Ah Brasil!!!! O Judiciário é classe A. O Legislativo é classe média e o Executivo é a pobreza do serviço público.
Porque então, ou juiz gilmar mendes não tira o Rabo de cima do processo de compra de voto?.
Não se resume a só isso, há auxilio taxa de aeroporto ( carro a disposição para transporte), auxílio natalidade (nascimento do filho) além de auxílio funeral ( despesa no momento da morte).Agora entendo o que a Dilma quis dizer quando se referiu se referiu que a elite brasileira é PATRIMONIALISTA, ou seja transfere os recursos do estado,fruto do trabalho do operariado, para sua família. Vamos ter vergonha na cara e honestidade.
Vamos separar as coisas, os servidores da justiça tiveram o seu ultimo plano aprovado em 2006, de lá pra cá nenhum outro plano de carreira foi aprovado, tem indenização paga para servidor que está há dez anos sem nenhum reajuste, e quando se pede para reajustar o conselho diz que não tem verba, ai é que está o problema: o orçamento é um só, de onde sairá o dinheiro para pagar esses beneficios?
Fernando, isso só muda à força, muita paulada.
Lembram da elite colonial, que via o trabalho como indigno, coisa de escravo. Essa elite esta viva, seus filhos, na sua maioria são funcionários públicos federais. Não exploram mais o escravo. Passaram a explorar o estado. Brasil mostra tua cara.
Percebe-se que a elite brasileira perdeu - definitivamente - a vergonha, se é que algum dia a teve. Ressalvadas as muitas e honrosas exceções.
Não tem o mínimo pudor para exigir sempre mais benesses, não importando o tanto de privilégios que já possua.
No entanto, quando alguma melhoria de vida é estendida às camadas mais pobres da população, a gritaria é geral. É mesmo muita hipocrisia: "não têm pão? que comam brioches".
Juízes não são deuses, embora alguns deles pensem o contrário. Então, cuidado com seus pescoços...