No período final do governo Dilma Rousseff, não se passava uma semana sem reportagens sobre consumidores revoltados com o preço da gasolina, caminhoneiros protestavam todo o tempo contra os preços do diesel, pelo que acabariam paralisando o país durante dias, já no governo Michel Temer.
Hoje, com os gráficos publicados pela Folha, com a evolução do preço dos combustíveis agora e antes, ao longo do tempo, em valores corrigidos pela inflação, dá para ver a situação real dos preços (em relação ao poder de compra) de lá para cá.
Dê só uma olhada na gasolina, com 50% de aumento, em valores reais:
O percentual praticamente se repete, em relação ao diesel:
E é ainda maior (acima de 60%) quando se avalia o preço do botijão de 13 kg do gás de cozinha:
Não, não é a variação dos preços do petróleo que explica a diferença: o preço médio do petróleo em 2014 e a média deste ano são muito aproximadas.
Dizer que administrar os preços dos combustíveis é “subsidiar” os mais ricos é uma simplificação demagógica.
O que os “himalaias” que os gráficos nos mostram é que estes custos serão todos transferidos para a população, porque encher o tanque do SUV é muito mais simples que ter a chama de um fogão para cozinhar.
E nem ter o que cozinhar é a realidade para ao menos 20 milhões de brasileiros, antes mesmo dos aumentos já perceptíveis nas gôndolas dos supermercados e nas feiras-livres.
Neste caso, a solução do Governo, nas palavras do diretor de Comercialização e Abastecimento do ministério da Agricultura, Sílvio Farnese, é esperar que, com preços mais elevados, as safras aumentem e, daí a um ano, os preços baixem.
“Temos como baixar os preços dos alimentos? Não. Aumentar os estoques nesse momento também só traria mais pressão de alta. Os preços estão elevados e a tendência é de alta. Mas o melhor remédio para preço alto é preço alto. É isso que incentiva a produção.”
Mas nada disso provoca a indignação da “gasolina a quatro reais”, mesmo que ela agora seja a “gasolina de 8 reais”.