Os sonhos que teimam. Por Fernando Molica

Por nossa fragilíssima democracia, desautorizada e irreversivelmente,  roubo o texto do facebook do amigo jornalista Fernando Molica, da cena que vi porque também estava lá.

Há muitos anos, uns 20 ou 30, fui parar no velório e no enterro do Glauber Rocha. Fazia então uns frilas pra um jornal de cinema (que nunca me pagou) e era, com sempre serei, amigo-irmão do Sérgio Costa, filho da Ieda, prima do maior dos nossos cineastas, um dos nossos grandes intérpretes e profetas.

E aí, no enterro, Darcy Ribeiro, que escrevia certo por linhas alucinadas e tortas, desandou a falar de Glauber e do Jango. Falou que Jango tinha sido derrubado por suas qualidades, e não por seus defeitos. E passou a bola para a Maria Lúcia Godoy cantar a ária das Bachianas Brasileiras No. 5, obra de Villa-Lobos, um de nossos hinos nacionais.

Hoje – ontem -, lembrei de Darcy, de Villa-Lobos (tão criticado por meu bisavô Julio Reis), de Glauber, do Sérgio (como você faz falta, irmão querido). Lembrei do Brasil que sempre desejei e que nunca consegui ter. Lembrei dos sonhos de um país melhor, mais carinhoso, fraterno, tolerante e, principalmente, mais justo.

Hoje, ontem, lembrei de todos os sonhos que teimam.

 

Fernando Brito:

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